Delfim Netto recebeu propina por Belo Monte diz executivo da Andrade
Foto: Divulgação
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Flávio Barra, alto executivo da Andrade Gutierrez disse em acordo de delação premiada que a empreiteira pagou propina de R$ 15 milhões ao ex-ministro Delfim Netto, 87, na fase final das negociações para a construção da usina de Belo Monte, em 2010. Teria sido uma "gratificação" por ele ter ajudado a montar consórcios que disputaram a obra, segundo Barra, que presidiu a AG Energia, braço da Andrade para esse mercado.
Não teria havido, porém, prestação de serviços, segundo o executivo da AG, o que pode caracterizar corrupção.Os contratos fictícios foram entregues aos procuradores pelo executivo como prova de seu relato.
PROJETO COMPLEXO
Belo Monte, a terceira maior usina hidrelétrica do mundo, teve um processo de licitação tumultuado.
Odebrecht, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa gastaram milhões de reais e anos de pesquisa para fazer o projeto, mas o governo resolveu dar uma lição nas três gigantes, consideradas por ele "arrogantes demais", e permitiu que um grupo de empresas menores vencesse a concorrência das obras civis.
A ideia de criar o consórcio com empresas menores era uma estratégia do governo para fazer as grandes empreiteiras baixarem o preço que planejavam cobrar. O senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) teria sido encarregado pelo governo de procurar Delfim e Bumlai para que colocassem o plano em prática.
Novamente, Delfim foi chamado para ajudar no arranjo neste novo grupo, com 11 empreiteiras, segundo Barra.
PENA MENOR
O executivo da AG foi preso em julho do ano passado pela Lava Jato sob acusação de pagar propina nas obras da usina nuclear Angra 3 e, em novembro, decidiu contar o que sabe em troca de uma pena menor.
Delfim afirmou por meio de seus advogados, Ricardo Tosto e Maurício Silva Leite, que recebeu por serviços prestados à Andrade).
OUTRO LADO
O ex-ministro Delfim Netto refutou de maneira veemente, por meio de seus advogados, que tenha recebido recursos ilícitos das empresas que atuam na construção da usina de Belo Monte.
Em nota à Folha, Tosto e seu sócio, Maurício Silva Leite, disseram: "O professor Delfim Netto afirma que não forjou contratos fictícios e que os pagamentos recebidos por serviços efetivamente prestados às empresas do consórcio de Belo Monte foram feitos diretamente a ele, de forma absolutamente lícita". Segundo a nota, seu sobrinho não assinou contratos fictícios com a Andrade. O sobrinho não quis se pronunciar.
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