O deputado estadual Miguel Sena (PV), em discurso pronunciado na tribuna da Assembléia Legislativa, disse considerar “um escândalo, uma vergonha” o valor recebido do Poder Legislativo Estadual pela Rádio Rondônia FM, empresa de propriedade do chefe da Casa Civil do Governo do Estado, ex-senador Odacir Soares.
Segundo o parlamentar, a empresa de Odacir recebe, sozinha, R$ 41 mil por mês da Assembléia Legislativa. “Nós não sabemos quanto essa empresa recebe do Governo do Estado. Só tivemos acesso aos números da Assembléia”, disse Sena.
O parlamentar afirmou ainda que possui as informações sobre todos os veículos de comunicação do Estado que mantém contrato de publicidade com a Assembléia. Ele ameaçou divulgar essa relação (que deveria ser pública) logo após conversar com o presidente do Legislativo, Neodi Carlos de Oliveira, que estava no interior do Estado.
Quanto à Rádio de Odacir, Miguel Sena fez uma revelação no mínimo estranha. De acordo com o parlamentar, o próprio governador Ivo Cassol pediu-lhe que não divulgasse as informações sobre a empresa do chefe da Casa Civil.
Miguel Sena disse ainda considerar uma injustiça a forma como é distribuída as verbas de publicidade da Assembléia. “Oito veículos de comunicação do Estado detém 60% dessa mídia. Só a TV Rondônia recebe R$ 45 mil”, disse o parlamentar.
Entre esses seis veículos estão a Rádio de Odacir Soares, a TV Rondônia e o Jornal O Estadão do Norte, do empresário Mário Calixto, que é considerado foragido pela justiça.
A certa altura do discurso, o deputado Jair Miotto pediu um aparte e disse que estava cansado dos discursos de Miguel sem que nada de concreto seja feito pela Mesa Diretora da qual o denunciante faz parte. Aos gritos, Miguel rebateu afirmando que Miotto não tem moral para cobrar-lhe nada. Diante da agressividade do colega, Miotto ficou calado e se retirou do plenário.
O deputado Maurinho Silva, também em aparte, sugeriu que o contrato de publicidade da Assembléia seja cancelado e que o total de recursos utilizados para este fim sejam entregues ao Governo do Estado para “obras”. A sugestão foi acompanhada pelo deputado Alexandre Brito, que aproveitou para chamar a Assembléia de “casa da mãe Joana”.
A descontração ficou por conta do micro-empresário Deusdete Pego, do jornal Folha do Guaporé. Enquanto Miguel Sena denunciava o que considera um “escândalo “ envolvendo os veículos de comunicação e a Assembléia, Deudete gritou do plenário que escândalo é o valor que seu jornal recebe por mês do Poder legislativo Estadual: R$ 500 reais.