Política em Três Tempos - Por Paulo Queiroz

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Política em Três Tempos -  Por Paulo Queiroz

Foto: Divulgação

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1 – CASSOL E MULHERES Ao examinar a cena política em busca de ocorrência atípica, um observador atento será levado a concluir que um surto de misoginia passou a rondar o governador Ivo Cassol (sem partido). De fato. Razões é que não estão lhe faltando para esta súbita aversão ao sexo oposto. Antes de prosseguir, convém advertir ao leitor açodado para não tirar conclusões apressadas. Até onde se sabe, o governador permanece bem casado e não há sequer rumores indicando que essa relação possa ter sofrido algum sísmico. Não se trata disso. A misoginia que tem levado Cassol a explosões de fúria contra o sexo feminino é de ordem e de sentido literal quanto ao vocábulo de origem grega. Como ensina a etimologia, o substantivo “misos” é “ódio” e “gyne” é “mulher”. Pois bem! Pelos discursos recentes, pelos comunicados emitidos pelo Palácio Presidente Vargas e pelas entrevistas do governante a veículos de comunicação vários, a conclusão a que se chega é a de que Cassol está odiando as mulheres. Pudera! No mês em que comemoraram o dia internacional reservado ao gênero, elas parecem ter combinado para infernizar-lhe a vida. De um lado é a auditora fiscal Cléa Siqueira da Silva, presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais de Tributos Estaduais de Rondônia (Sindafisco), que no comando de uma categoria em estado de greve, conduz um movimento que ameaça comprometer as receitas estaduais, levando Cassol a momentos de pura exasperação. Do outro é a professora Claudir Mata, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Rondônia (Sintero), que não pára de acusar o governador de perseguição implacável aos órgãos de representação dos servidores públicos, em especial contra o que dirige, caracterizando-o como mentiroso sempre que ele tenta justificar suas atitudes. Atuando como caixa de ressonância de tudo e acrescentando seu próprio tempero – ou seria veneno? -, a senadora Fátima Cleide (PT) não lhe dá sossego e, de Brasília, tem ocupado a tribuna para destroçar os seus discursos. 2 – PACOTE DE LEIS Dona de uma discrição capaz de fazer inveja ao senador Marco Maciel (DEM-PE) – de quem se diz, ao contrário de José Alencar (PRB), ter passado despercebido mesmo ocupando o cargo de vice-presidente da República por duas vezes -, a presidente do Sindafisco, Cléa Siqueira da Silva, pouco - ou quase nunca - tem assumido a voz ativa no noticiário que dá conta da movimentação da categoria que comanda. A copiosa informação de que se dispõe a respeito é produto da reverberação do próprio Cassol, que em entrevista recente, ao caracterizar a greve dos auditores como ilegal e prejudicial ao Estado, acusou a dirigente de andar se esquivando da Justiça para não receber liminar assegurando a emissão de notas de entrada e saída de mercadorias. De acordo com o governador, o Estado não tem condições de atender aos auditores fiscais concedendo aumento salarial, afirmando que não vai ser irresponsável de tomar essa atitude, sob pena de comprometer o pagamento dos salários. Depois de anunciar mudanças no sistema de gratificação por produtividade – reconhecendo a recompensa somente nos casos de confirmação da infração -, Cassol disparou: “vamos repassar aos poderes o que é de direito, pagar ao funcionalismo público, aposentados e pensionistas e, se sobrar dinheiro, vamos pagar aos auditores fiscais por último. Também não pagaremos produtividade aos que estão paralisados”. Conquanto tenha tido a cautela de deixar a poeira baixar - Cassol foi ao ar na quinta-feira/20 e apenas nesta terça/25 é que os jornais publicaram a nota do Sindafisco -, Cléa Siqueira reagiu de modo para lá de altivo. Por intermédio de um texto bastante circunstanciado, a presidente do Sindafisco enumerou uma dezena de diatribes governamentais, desmontando ponto por ponto o discurso de Cassol, esclarecendo a justeza do movimento que conduz e reafirmando a independência da categoria que lidera. A professora Claudir Mata, por seu turno, não tem deixado passar em brancas nuvens uma só atitude governamental, qualquer que diga respeito não apenas aos trabalhadores na educação, mas todas que incluam algum tipo de desdém ou agressão à representação sindical no serviço público. No confronto de que se fala, o que está pegando é um “pacote de leis” de iniciativa do Palácio Presidente Vargas modificando procedimentos da administração no setor educativo, tudo aprovado recentemente pela Assembléia Legislativa. 3 – CORAGEM E AMOR Em sintonia fina com Claudir Mata, de Brasília a senadora Fátima Cleide ecoou o posicionamento da sindicalista desancando o governador ao endereçar-lhe acusações que resvalaram do autoritarismo a supostas perseguições e retaliações. Em resposta às declarações da petista, Cassol disse que a senadora “foi muito infeliz, pois defende professores que não trabalham, enquanto a população e os alunos são prejudicados nas salas de aula”. Diz respeito, leitor, a uma lei que contempla os professores com uma gratificação de 33% do salário por presença em sala de aula. Com a iniciativa do governo, esta gratificação deixa de ser paga integralmente caso o professor falte sem justificativa legal. Cassol também falou acerca dos 32 professores que ficavam à disposição do Sintero. Com uma nova lei, no máximo três servidores poderão permanecer nos sindicatos. Bate boca daqui, reclama dacolá, depois atribuir a responsabilidade pela greve do Sindafisco à Fátima Cleide pelo fato de a senadora ser irmã da presidente Cléa Siqueira, sobrou para a Universidade Federal de Rondônia (Unir), cujos campi no interior do Estado funcionam com a ajuda de 40 professores cedidos pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc). Cassol pediu o retorno de todos. “Por que é que a senadora não toma as providências para contratar mais professores para a universidade, já que a Unir é uma entidade federal?” Detalhes e méritos do imbróglio à parte, a impressão que se tem é a de que toda oposição a Cassol hoje parece estar concentrada nas atitudes destas três mulheres. Não é algo de que os oposicionistas rondonienses possam se alegrar. Num país em que a trajetória das mulheres tem sido, infelizmente, uma história de derrotas, de sofrimento e de opressão, são raros os registros de seus triunfos. Mas como é, também, uma história de perseverança, coragem e amor, resta-nos admirar as suas lutas pela equidade, pelo seu reconhecimento como líderes dignas de respeito e pelos direitos - seus e dos concidadãos.
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