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Um quarto dos eleitores acredita que os governadores aproveitam o cargo para roubar.
*Pesquisa divulgada nesta quarta-feira (7) pela ONG Transparência Brasil e pela União Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle (Unacon) aponta que mais de 8,3 milhões de eleitores foram abordados para vender o voto nas eleições de 2006.
*Na última pesquisa, em 2002, apenas 3% do eleitorado recebeu proposta de compra de votos. O número apontado pela pesquisa revela que em 2006 a quantidade de eleitores abordados foi três vezes maior.
*Esse contingente de eleitores é maior do que a soma de todos os votos depositados dos estados de Roraima, Amapá, Acre, Tocantins, Rondônia, Sergipe, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Amazonas. O levantamento foi feito em 142 municípios, incluindo regiões metropolitanas e capitais. O questionário abordou compra de votos por oferta de dinheiro ou bem material e uso da máquina.
*“Esses dados são alarmantes. Eles mostram que o eleitor foi atingido pela desintegração geral da classe política nos últimos quatro anos”, disse o diretor da Transparência Brasil, Claudio Weber Abramo.
*Os entrevistados também foram questionados a respeito da cobrança de propinas por agentes públicos estaduais durante os mandatos que se encerraram em 2006. O delito foi reportado por 4% dos eleitores. Entre as regiões, a mais afetada é a Nordeste, com 7%, seguida da Norte e Centro Oeste, com 4%, Sudoeste com 3% e Sul com 2%.
*Um quarto dos eleitores acredita que os governadores cujos mandatos se encerraram em 2006 aproveitaram o cargo para roubar e um quinto dos eleitores crê que os novos titulares farão o mesmo.
*De acordo com relatório da Transparência Brasil, caberia ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ser mais rígido na fiscalização do processo eleitoral. O tribunal é a autoridade responsável pela integridade das eleições, e segundo a ONG, nada faz para identificar as áreas e os grupos populacionais mais vulneráveis à compra de votos e também não toma medidas preventivas para evitar a situação.
*“Se limitar a fazer campanhas na véspera da eleição é pouco. Elas não atacam o problema”, disse Claudio Abramo. “O TSE tem que ser responsabilizado por não se informar sobre o assunto e não tomar medidas preventivas.”
*O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Marco Aurélio Mello, rebateu as críticas do relatório divulgado pela ONG Transparência Brasil de que o TSE não tomou providências para evitar que eleitores vendam seus votos. Segundo o relatório, mais de oito milhões de eleitores foram incitados a vender seus votos nas eleições de 2006.
*Marco Aurélio classificou o fato de "gravíssimo", mas ressaltou que a Justiça Eleitoral só pode agir mediante provocação. Ele disse que o tribunal tem atuado de forma rigorosa na defesa da legislação eleitoral e na conscientização dos eleitores.
*“Nós temos aplicado e temos aplicado de forma rigorosa a 41A, da Lei 9.504 [
dispositivo da Lei Eleitoral], que é captação ilícita de voto mediante promessa, mediante doação de alguma coisa para obter voto”, disse.
*Marco Aurélio também ressaltou que a campanha educativa feita pelo tribunal nas últimas eleições representou um grande avanço. “Isso nunca foi feito no Brasil, ressaltando e alertando o eleitor quanto à importância do voto. Agora, a Justiça Eleitoral não é tutora de quem quer que seja”, disse.
*Para tentar combater o problema, o presidente do TSE defendeu o voto facultativo. "Acho gravíssimo e esses dados revelam a quadra cultural que vivenciamos. Por isso mesmo eu sou favorável ao voto facultativo. Penso que, considerado o voto facultativo, somente comparecerão às urnas aqueles conscientizados que realmente percebam e percebem a importância do voto”, afirmou o ministro Marco Aurélio.
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