*Quando assumi o mandato de Deputado Estadual em 1º de fevereiro de 2003, entre tantos outros, trouxe comigo um sonho especial – o de pôr fim a todas as votações secretas na Assembléia Legislativa.
*Assim como foi difícil aprovar tal matéria na Câmara Municipal de Ji-Paraná, eu sabia que na Assembléia Legislativa seria mais difícil ainda, considerando que em Ji-Paraná eu presidia a Casa, fator preponderante no momento de conduzir a tramitação e votação de matérias complexas e polêmicas.
*Um complicador que encontrei no parlamento estadual foi o fato de que para sepultarmos o voto secreto era necessária a aprovação de Emenda Constitucional, ou seja, tinha que contar com o apoio de pelo menos dezesseis deputados entre os vinte e quatro.
*Nos debates de bastidores sempre deixei claro aos colegas que eu não abriria mão de apresentar tal PEC. Em alguns momentos, confesso, fui pressionado a desistir da idéia, muitas vezes fui chamado de demagogo ou acusado de “querer aparecer”, etc., contudo persisti.
*Em abril de 2005, tomei a decisão política de protocolar a Emenda a Constituição e o Projeto de Resolução que mudaria também o Regimento Interno, o meu desejo era aprovar logo, e que a partir de então as votações fossem abertas, às claras. O caminho foi longo.
*Durante dois anos, pelo menos uma vez por mês eu ia a Tribuna lembrar da PEC do voto aberto.
*O parecer favorável do Dep. Amarildo Almeida na Comissão de Constituição, a quem sou grato, era o sinal que a longa espera tinha valido a pena.
*Acabar com o voto secreto, resquício da ditadura e refúgio de detentores de mandatos avessos à transparência dos atos, era questão de tempo.
*A Emenda Constitucional, bem como o Projeto de Resolução, terminaram aprovados sem nenhum voto contrário.
*Neste dia 1º de fevereiro eu e o povo do nosso Estado assistiremos (ao vivo via Rádio e TV, inclusive) pela primeira vez na nossa história política a eleição do Presidente bem como dos membros da Mesa Diretora do nosso Parlamento Estadual de forma nominal e aberta, ou seja: o deputado ao microfone pronunciará o seu voto.
*Trata-se de uma vitória da democracia, uma vitória de quem luta e prima pela transparência e pela ética na política.
*Aqui o voto secreto, graças a Deus, é coisa do passado, um bom exemplo para o Brasil.
*(¹) Leudo Buriti deputado estadual na legislatura 2003/2007.