*Dezessete anos depois de matar três pessoas e deixar outra gravemente ferida, que mais tarde ficou paraplégica, no interior do Estado do Piauí, o empresário Elias Moraes de Aguiar, 41, proprietário da funerária Ebenezer, foi preso ontem por volta das 11 horas, dentro de sua empresa, por agentes da Polinter (Polícia Interestadual). Ele tinha mandado de prisão preventiva decretada desde 1994 e só agora foi preso.
*Os crimes ocorreram na pequena cidade de Demerval Lobão, no dia 1º de janeiro de 1989. De acordo com a denúncia do Ministério Público, Elias matou a tiros Manoel Francisco de Souza, José Pereira de Souza e José Divino Moraes. Ainda ficou baleado Antônio de Souza Batista, que, segundo informações atuais, está paraplégico devido ao tiro.
*O empresário foi incurso no artigo 121, parágrafo 2º, incisos I, II e IV e outros, acusado de matar por motivo fútil, torpe e mediante emboscada. Conforme o delegado da Polinter em Roraima, Paulo André Migliorin, o mandado de prisão contra o empresário foi renovado em fevereiro deste ano.
*Ele explicou que foi informado pelo delegado da Polinter do Piauí sobre o possível paradeiro de Elias em Boa Vista. Ontem pela manhã foi iniciada uma investigação para localizar o acusado. “Em pouco tempo nós logramos êxito em prendê-lo”, enfatizou Migliorin, lembrando que ele mesmo comandou a operação e deu voz de prisão ao empresário.
*O delegado informou ainda que Elias foi conduzido para a Penitenciária de Monte Cristo e deve permanecer até que seja transferido para um presídio no Piauí.
*LEGÍTIMA DEFESA – Elias de Aguiar foi levado para a sede da Polinter e conversou com a imprensa, dando sua versão para os fatos que levaram à sua prisão. Explicou que os crimes foram em legítima defesa. “Eu matei para não morrer”, declarou.
*De acordo com suas palavras, o fato teve motivação política. Alegou que na época seus familiares eram partidários oponentes das vítimas e, nas eleições do ano anterior, um primo dele ganhou para prefeito da cidade de Demerval Lobão, ocasião em que foram ameaçados de morte pelos derrotados. “Vocês ganharam mais não vão assumir”, assim as vítimas e outras pessoas contrárias ao grupo político ao empresário e seu primo teriam se referido após o resultado das urnas.
*No dia 1º de Janeiro de 1989, enquanto comemoravam a chegada do novo ano e a posse de seu primo, Elias disse que os quatro foram ao seu encontro e iniciou-se uma discussão generalizada. Ele então passou a se defender e alvejou as vítimas. Elias também saiu ferido do episódio e mostrou uma cicatriz que carrega no peito esquerdo. Ele lembrou que foi atingido com uma facada e acredita que só não morreu por “intervenção divina”.
*Elias destacou que nunca se escondeu e pretendia se apresentar à Justiça. Disse que desde a época dos fatos veio para Roraima, onde criou raízes e consolidou-se como empresário no ramo de funerária, abrindo inicialmente a funerária Shalon e, depois da separação, a Ebenezer.
*Ele também foi homem público e lembrou que foi funcionário da Secretária de Segurança do Estado, por mais de dez anos trabalhando como auxiliar de necropsia do Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal).
*RECAMBIADO – Elias foi conduzido para a Penitenciária de Monte Cristo e vai ficar aguardando a decisão da comarca de Demerval quanto a sua transferência. A prisão vai ser informada para as autoridades daquela comarca, que deverá providenciar sua transferência. Elias deve ser submetido a Júri Popular pelo triplo homicídio e a tentativa contra a quarta vítima.