PARA ONDE IR: Projeto que distribui comida diariamente para 180 pessoas termina em um mês

Convênio entre igreja e prefeitura já distribuiu quase 100 mil refeições

PARA ONDE IR: Projeto que distribui comida diariamente para 180 pessoas termina em um mês

Foto: Ilustrativa

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Neste sábado (31) o Rondoniaovivo apresenta a terceira e última reportagem da série 'Fome e Pandemia'. Um retrato da realidade vivida por pessoas que estão vivendo na rua. Para a maioria já em um caminho sem volta, para alguns uma válvula de escape e para outros uma alternativa temporária que, infelizmente, ás vezes acaba se tornando definitiva. 
 
Na reportagem de hoje, vamos mostrar como funciona o trabalho, a ação dos voluntários, os investimentos feitos até agora e a triste possibilidade do fim da parceria, que há mais de um ano e meio tem alimentado um batalhão de pessoas que não tem o que comer.  
 
Comum
 
Misturado entre os famintos, padre José Geraldo da Silva também parece um morador das ruas. Aliás, suas vestimentas simples são muito parecidas com o que usam os demais indigentes. Trata todos com respeito, dá atenção e orientação para quem precisa. Estávamos  conversando quando um rapaz, visivelmente embriagado, se aproximou pedindo comida.
 
 
Ele primeiro colocou a máscara no rosto do homem e depois lhe instruiu para pegar uma senha e aguardar a vez de ganhar uma marmita. De fala mansa e
ponderada, consegue acalmar até os mais afoitos que ali aparecem.
 
Minas Gerais
 
Padre José Geraldo, ou Juquinha como é conhecido em toda a comunidade católica,  é mineiro de Mariana, mora há mais de 20 anos em Rondônia, e pelas vestes já dá pra imaginar de quem ele é devoto.
 
Diz que não faz sentido andar muito bem arrumado em meio à pessoas que mal conseguem comer. Envolvido em vários projetos sociais, ajudar quem precisa é mais uma etapa de sua missão como pregador da palavra de Deus. Uma atividade que começou quando ele ainda era criança.
 
 
Juquinha conta que seus avós eram vicentinos, devotos de Vicente de Paulo, nascido Vincent de Paul ou Vincent Depaul, em Paris no ano de 1581. Vicente de Paulo era um sacerdote católico, declarado santo pelo Papa Clemente XII, em 1737.
 
 
Padre Juquinha conta que seus avós e outros religiosos faziam visitas semanais às casas de pessoas humildes, pobres, que eram identificadas e passadas a ser monitoradas recebendo doações e gêneros.
 
Necessidade
 
Juquinha diz que o trabalho que faz hoje é muito parecido com o dos avós, ele enfatiza que o sofrimento de quem passa fome é igual em qualquer lugar e qualquer tempo. O que mudou em relação há 40 anos atrás, de acordo com o padre, é o número de pessoas necessitadas que aumentou descontroladamente.
 
 
Na igreja onde atende os moradores de rua, Juquinha explica que a comida que é entregue diariamente é um complemento de um trabalho que já vinha sendo realizado. Antes da pandemia, a Paróquia Sagrada Família, na rua Buenos Aires, já oferecia banho, roupas e sopa para pessoas desassistidas.
 
Toalhas dos moradores de rua
 
Com a chegada do coronavírus, o número de desabrigados aumentou e aprefeitura pediu ajuda temporária, alegando que também precisaria auxiliar o número de pessoas nas ruas que vinha aumentando consideravelmente.
 
Padre Juquinha contando um pouco da sua história
 
O trabalho com os moradores de rua, em parceria com a prefeitura, está programado para terminar agora em agosto. As ações sociais e humanitárias na paróquia vão continuar e ao encerrar nossa conversa, padre Juquinha finaliza com uma frase do papa Francisco: “A igreja é pobre e para atender os pobres”.
 
Social
 
Pelo menos cerca de 150 pessoas estão envolvidas no projeto chamado “ Tempo de Amar”, idealizado pela Arquidiocese da capital. No caso da Paróquia Sagrada Família, no bairro Nova Porto Velho, são distribuídas 180 marmitas por dia.
 
Servidores municipais envolvidos no projeto
 
Oito pessoas são servidores da Secretaria Municipal de Assistência Social e da Família ( SEMASF ), alguns pertencem à igreja e a grande maioria é tudo voluntário. Gente solidária, que tira um tempo para ajudar como pode o andamento do projeto.
 
Servidora municipal atendendo morador de rua
 
O psicólogo e servidor público Giovany dos Santos Lima, trabalha há 10 anos com população de rua. Diz que a pandemia agravou uma crise que já vinha desde 2016 quando, segundo ele, tinha 116 pessoas nas ruas. Hoje, já são mais de 300 indigentes.
 
Refeição sendo preparada
 
Giovany Lima diz que para mudar o cenário só com trabalho de longo prazo e com entidades que tenham respaldo. Dar o alimento é muito importante, mas o auxílio social, psicológico, religioso, humano são fundamentais.
 
Giovany Lima
 
Ele explica que cada caso é peculiar, então não há como fazer um prognóstico sobre o tempo que uma pessoa pode viver como indigente. Mas é fato que quanto menos tempo uma pessoa ficar na rua, mais fácil é para superar a situação. 
 
Investimento
 
Segundo a prefeitura, em um ano e meio de projeto, já foram investidos mais de meio milhão de reais somente em alimentação.  As 180 pessoas atendidas por dia já consumiram, em 18 meses, quase 100 mil refeições.
 
 
O acordo entre a paróquia Sagrada Família e a Prefeitura de Porto Velho para atender essa demanda diária de pessoas termina no próximo dia 24 de agosto. Depois disso, o município terá que conseguir um outro local para distribuir as refeições. 
 
A coordenadoria de Comunicação da Semasf informou que a Secretaria ainda está procurando um local adequado para distribuir os alimentos aos moradores de rua. Assim que houver a definição, será feito um trabalho junto aos indigentes para que eles sejam informados onde devem ir buscar as marmitas.
 
Paróquia Sagrada Família
 
A igreja Sagrada Família informou que não tem como manter o trabalho continuamente já que precisa retornar com projetos específicos desenvolvidos pela Arquidiocese.
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