BR 429 continua fechada por movimento de produtores rurais

Pelo segundo dia consecutivo, a BR 429 é tomada por manifestantes na região de São Miguel do Guaporé, mais exatamente na cabeceira da ponte sobre o rio que leva o mesmo nome do município.

Produtores rurais e moradores de linhas e da própria rodovia, pedem as autoridades que se cumpra o mandado de reintegração de posse, já que suas terras produtivas foram invadidas e vandalizadas por integrantes da Liga dos Camponeses Pobres (LCP).

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A LCP é um grupo que age a margem da lei, e é considerado perigoso por utilizar violência e até terrorismo ao invadir terras de produtores das mais diversas camadas sociais. O modus operandis inclui cárcere privado, amordaçamento e pressão psicológica. As vítimas sempre são trabalhadores e proprietários de pequenas e grandes áreas de produção rural.

Os manifestantes relatam que os invasores da LCP já receberam o ultimato da justiça, mas se recusam de deixar o local da invasão. Dias atrás a PM esteve no local para fazer cumprir o mandado de reintegração, mas foi recebida a tiros pelos sentinelas embrenhados estrategicamente na mata, chegando a atirar com armas de fogo e utilizar também fogos de artificio no direção de helicópteros da polícia. Desde então foi instalado um clima de tensão e medo na região.

O bloqueio iniciou ontem e se estendeu durante todo o dia. Hoje, terça feira, novamente foi fechada a 429, sem previsão para liberar o tráfego, deixando assim, moradores de São Miguel e São Francisco isolados, pois não há outra estrada de ligação com o resto de estado de Rondônia.

Os produtores e agricultores pedem ao governo e as autoridades que se tome uma atitude, pois o descaso acaba sendo um incentivo a invasão de mais terras na região, já que não há presença do Estado, e isso é um dos motivos e estratégias de ação da LCP, que só atua onde há pouco policiamento. Rondônia vem sendo território de ocupação por parte da LCP, desde 2011, quando um grupo fortemente armado invadiu terras na região do Vale do Anari e do município de Buritis. Mortes, assaltos, saques e destruição de propriedades, maquinas, pasto, pomar, tudo isso acontece quando o grupo invade as localidades.

Diante de todos esses acontecimentos, os trabalhadores e produtores clamam pela presença das autoridades, e para isso, fazem essa manifestação pacifica na cabeceira do Rio São Miguel, pela Rodovia federal 429.

O produtor rural que se identifica apenas por iniciais, pois teme retaliação futura, por parte dos integrantes da LCP, desabafa: Aguardamos uma atitude do senhor Governador, para que esse mandado seja cumprido, já que a justiça já deu a ordem, agora é só a Secretaria de Segurança Pública trabalhar em cima de um plano de ação urgente, pois trabalhamos tanto para levantar um padrão elevado de produção e levar comida de qualidade a mesa dos rondonienses, que dá até um desespero ver tudo sendo destruído, um trabalho suado e de muitos anos sendo desmoronado em apenas algumas horas por gente que não está nem aí para o esforço de quem exerce sua atividade com honestidade, disse E.A., morador de uma propriedade invadida.

Até o fechamento desta matéria, os manifestantes aguardavam o deslocamento da PM e técnicos do Idaron para fiscalizar o roubo de gado, além da Policia ambiental, que iria registrar os danos causados por queimadas promovidas pelos invasores da LCP. O bloqueio permanece até que seja feito o realocamento dos invasores, que segundo o mandado judicial, exige que sejam transportados para uma distância mínima de 300 quilômetros da área invadida.