Esta semana acontece a última seletiva do elenco para o novo espetáculo do Projeto Reabilitando pela Arte, uma parceria entre a Associação Cultural e de Desenvolvimento do Apenado e Egresso (Acuda) e a Secretaria de Estado de Justiça (Sejus). A nova peça, chamada “O Topo do Mundo”, deve reunir 25 apenados, de uma seleção onde 85 participantes demonstram suas habilidades teatrais.
O projeto já entra em seu 13º ano com o espetáculo Bizarros e, neste ano inova com mais um espetáculo paralelo ao trabalho já existente. A organização de O Topo do Mundo realiza durante toda esta semana, até sexta-feira, das 14h às 22h, a pré-seleção com apenados da Penitenciária Estadual Ênio dos Santos Pinheiro. Pelo mesmo processo passaram os reeducandos selecionados da Casa de Detenção Dr. José Mário Alves (o Urso Branco) e do Centro de Ressocialização Vale do Guaporé.
Segundo Marcelo Felice os critérios para participar do espetáculo foram avaliados ainda nas unidades. “Nós passamos um questionário com perguntas criteriosas, envolvendo o psicológico dos interessados, que expuseram o motivo pelo qual gostariam de participar da peça, e algumas dinâmicas que determinaram a seleção dos que viriam para a semana de testes”, explica o diretor geral.
Após a análise feita pela equipe de profissionais envolvida na seleção dos apenados, eles passarão a ensaiar o espetáculo com previsão para entrar em cartaz, segundo Felice, em 2013 no Sest/Senat, também parceiro do projeto, disponibilizando o espaço com toda a infraestrutura do teatro, academia, entre outras necessidades.
“O nosso foco, na realidade, não é o espetáculo em si, mas trabalhar a reabilitação desses indivíduos através da arte, onde trabalhamos com canto, dança e expressão corporal, meditação e o lado psicológico com ajuda profissional de parceiros”, diz o diretor. A peça terá o roteiro baseado na análise interna do elenco. “Vamos instigá-los a analisar a si mesmos, e descobrir qual é a mola propulsora dentro de cada um, que leva o ser humano a desejar o poder a qualquer preço, a querer estar no topo do mundo”, completa Felice.
O “Bizarros”, primeiro espetáculo criado pelo projeto, que dará continuidade aos ensaios paralelamente, deve entrar em cartaz daqui a quatro meses, com uma nova roupagem, um novo roteiro. “O trabalho realizado pela organização do projeto tem gerado resultados positivos com a ressocialização de apenados, dando uma visão diferente aos integrantes do grupo para a vida em sociedade, lidando com o paradoxo dos limites em liberdade”, finaliza Marcelo Felice.