Depois dos escândalos da Ceron, do Beron e da folha de pagamento paralela, agora é a vez de o Tribunal de Contas da União mandar suspender a licitação para contratação de empresa responsável pela construção de uma ponte sobre o rio Madeira, ligando os estados de Rondônia e Acre. Motivo: superfaturamento de quase vinte milhões de reais. Isso significa que uma nova licitação só poderá ser feita daqui a seis meses.
A cada semana explode um escândalo envolvendo o desvio e a má aplicação de recursos públicos, aqui e alhures. A população parece já ficar na expectativa de que alguma marmelada acontecerá. E o pior é que os predadores do erário continuam debochando da justiça e sorrindo da cara da sociedade, do contribuinte, que paga seus impostos em dia para vê-los canalizados para os bolsos de espertalhões.
Inegavelmente, vivemos uma época em que o sucesso fácil e o dinheiro são as molas mestres da vida social. Num ambiente assim, os negócios públicos e privados são realizados sem qualquer consideração à moral e à dignidade humana. Hoje, moralidade pública virou relíquia. Antes, buscava-se separar o joio do trigo para não se cometer injustiças. Atualmente, essa tarefa é praticamente impossível, dada a existência de grande quantidade de joio em meio a uma porção minúscula de trigo.
Na é de agora que a vida pública reclama novas técnicas de comando e fiscalização, principalmente no mundo ganancioso em que vivemos, onde muitos perderam, por completo, o sentido e a medida exata dos valores morais e até espirituais, cedendo lugar ao peculato, à corrupção e o tráfico de influência.
Lamentavelmente, o nosso realismo jurídico não está à altura das múltiplas e complexas exigências dos tempos modernos, no qual a administração pública passou a ser utilizada como instrumento à satisfação de privilégios escusos ou espúrios.
Honestidade, competência, senso moral, humildade, espírito público e responsabilidade no trato dos dinheiros dos contribuintes, são requisitos absolutamente indispensáveis aos que pretendem comandar a coisa pública.
Pense nisso, eleitor, antes de apertar o botão da urna eletrônica, no dia 31 de outubro. Lembrai-vos dos escândalos da Ceron, do Beron, da folha de pagamento paralela, das passagens áreas, dentre outras bandalheiras.