Ouro Preto: Prefeito inova na administração e vira referência em Rondônia

Juan Alex Testoni, prefeito de Ouro Preto do Oeste, município distante 330 quilômetros de Porto Velho, vem conseguindo realizar uma administração no mínimo curiosa. Ouro Preto é o único município do País que não tem secretários municipais. Tem gerentes. Isso mesmo, através de um decreto publicado logo após assumir a prefeitura, Alex Testoni, como é mais conhecido, optou por centralizar totalmente a administração municipal.

Tudo que o município precisa fazer, passa pelo prefeito, “por aqui a não se compra um prego se eu não souber”, disse o prefeito que anteriormente era deputado estadual. Testoni, que também foi piloto de motocross e é empresário do ramo de combustíveis, ficava irritado com as desastrosas administrações que passaram por seu município e resolveu disputar a prefeitura, tendo sido eleito com quase 15 mil votos em 2008.

Desde que assumiu, resolveu inovar. Uma das primeiras providências foi demitir todos os servidores comissionados “políticos” e no lugar deles, nomeou 180 profissionais, como pedreiros, carpinteiros, serventes, mestre-de-obras, eletricistas e encanadores.

Este pessoal, agora funcionários contratados do município foram utilizados nas reformas das escolas e do hospital municipal, o que representou uma economia significativa para os cofres municipais, já que a prefeitura não contrata empresas para realizar essas tarefas, como ocorre nas demais cidades.

Um exemplo claro dessa economicidade foi a reforma do hospital municipal. Quando assumiu o município, o Hospital estava um lixo, com todo o prédio precisando de reformas e equipamentos novos.

Na planilha calculada com valores oficiais, tipo tabela da Caixa Econômica Federal, o custo da reforma estava estipulado em R$ 1,3 milhão, incluindo contratação de construtora.

Utilizando a mão de obra dos servidores da prefeitura, o custo despencou para R$ 380 mil e a obra agradou a população, que atualmente conta com uma moderna unidade hospitalar climatizada, uma recepção nova com direito a cafezinho e bolacha, melhor que a recepção de muitos hospitais e clínicas privados em funcionamento no Estado. Com 70 leitos, além de berçário e brinquedoteca, o hospital recebe ainda pacientes de outros 5 municípios próximos e diversos distritos.

A reforma na rede de ensino também representou uma economia singular no que diz respeito ao trato com a coisa pública. Ouro Preto do Oeste possui 21 escolas, sendo 10 na área urbana e 11 na zona rural. As unidades escolares estavam em estado deplorável, faltando carteiras, o mato tomava conta de alguns pátios e diversos ventiladores não funcionavam. Ao assumir, Testoni resolveu investir na reforma das escolas e gastou em média, R$ 65 mil em cada uma, incluindo aí, a compra de equipamentos, como carteiras e aparelhos de ar-condicionados. Todas as salas de aula do município estão climatizadas. E a reforma foi feita por servidores comissionados.

Mas essa centralização tem um preço alto. O prefeito foi alvo de diversas denúncias por parte de empresários e políticos que não estão ganhando dinheiro com o poder público e após

investigações e auditorias de órgãos como o Tribunal de Contas do Estado, as denúncias foram esvaziadas, “eu não faço nada errado, a diferença é que eu faço rápido. Como não tenho que licitar empreiteiras, trabalho com meu próprio pessoal, as únicas licitações que faço são para compra de materiais de construção e equipamentos e isso não é ilegal e todas as investigações feitas, chegaram a mesma conclusão”, disse o prefeito, que não gosta de ser comparado a seus colegas.

Gerentes

Alex Testoni preferiu nomear seus auxiliares diretos como “gerentes”. Ele tem o gerente de obras, de saúde, de educação e todos se reúnem diariamente com o prefeito para prestar contas do andamento das respectivas atividades. Devido a experiência adquirida como empresário, não está sendo difícil para Testoni “tocar” o município, “a diferença é que tenho que cuidar de tudo com muito mais atenção, já que estou lidando com dinheiro público”, disse o prefeito.

Testoni também afirmou que não recebeu nem um centavo referente a convênios ou programas do governo Federal, como o PAC, ou do Ministério das Cidades. Segundo o prefeito, o dinheiro é oriundo do Fundo de Participação dos Municípios – FPM e arrecadação própria. “A diferença é que agora a população vê resultado prático dos impostos que eles pagam”, acrescentou.

O projeto do prefeito agora é o de fazer uma urbanização em toda a frente do município, construindo uma espécie de shopping popular na avenida que margeia a BR 364, que corta a cidade. O projeto está orçado em pouco mais de R$ 1 milhão e ele garante que deve conseguir economizar neste valor.