Política em Três Tempos
1 – VOZ QUALIFICADA
“Se os rondonienses não são tão míopes assim, o que realmente causa medo e vergonha no olhar de Eliane Brum?? Ame-a ou queixe-se, se não a História a absolverá...”, arrematou o escritor Antônio Serpa do Amaral Filho num artigo terminativo publicado por uma pá de sites do pedaço, fazendo pela primeira vez justiça à autora da mais estridente reportagem já publicada sobre esse naco do “Inferno Verde”, ponto germinal da “Ferrovia do Diabo” e início do mais longo trecho fluvial navegável do planeta (algo de que se ufanar para contrabalançar, em que importe a pura acidentalidade). Aliás, recomenda-se aos jornalistas da maloca denunciar esse Serpa do Amaral aí no Sinjor antes que ele decida entrar no mercado, porque do jeito que está escrevendo vai deixar a totalidade da categoria no chinelo e pelo menos um de nós sem o emprego.
Dado que, como parece irrefutável, a repórter não mentiu, os porto-velhenses teriam mais é que agradecer à profissional de “Época”, quando nada por ela ter chamado a atenção das autoridades daqui, mas principalmente d’alhures, para o agravamento das precariedades da cidade, que está indo para o sacrifício abrigando essas usinas para saciar o apetite por energia das elites industriais do sul/sudeste e servir à gabolice da propaganda política da administração petista do país. Não bastasse o veículo ser nacional, a jornalista é das mais qualificadas, como se pode constatar na mais ligeira pesquisa a seu respeito.
Repórter especial de “Época”, Eliane Brum é autora dos livros “Coluna Prestes: o avesso da lenda” e “A vida que ninguém vê”, uma coletânea do que escreveu para o jornal “Zero Hora” de Porto Alegre. Com crônicas sobre pessoas comuns, é uma das principais representantes do “New Journalism”, gênero que mistura o jornalismo factual com literatura. Além de premiada jornalista, é também cineasta, tendo lançado em 2005 o documentário “Uma história Severina”, que já recebeu seis prêmios. Foi finalista do Prêmio Ethos de Jornalismo com a reportagem “A maldição do amianto”.
2 – EMERSON CASTRO
Feito o reparo que a coluna julgou estar devendo, passa-se ao propósito inicial desta edição, que é abrir espaço para os que por estas mal traçadas se julgam agredidos, difamados ou mesmo incompreendidos. No caso, para uma mensagem do vice-prefeito da capital Emerson Castro (PMDB), em cujo artigo “A revista que nunca esteve aqui” o articulista enxergou propósitos oportunistas na edição de domingo (05) sobre este mesmo assunto. Como é da tradição da coluna, segue-se a íntegra dos trechos que interessam;
“Caro amigo Paulo. Só envio esse e-mail para dizer-lhe do orgulho que sinto pelo fato da minha nota de repúdio ter tido o privilégio de ser lida e ‘interpretada’ por você. Sei que não lê qualquer coisa. Porém, é importante que se diga que, em nenhum momento a escrevi na condição de vice-prefeito (apesar de que sei da dificuldade que as pessoas têm de não me verem assim, atualmente). Eu a escreveria mesmo que eu fosse secretário municipal, ou vereador, ou mesmo que não estivesse na vida pública. A escrevi por desabafo, repúdio. A escrevi como um grito de quem estava incomodado com o silêncio das pessoas acerca daquela matéria da revista ÉPOCA (‘O que mais me assusta não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons...’, recorda quem escreveu?) Parece que estamos anestesiados para esse tipo de coisa.”
“Particularmente, EU não estou. Minha nota, nem nada do que escrevo (ou do que ambos escrevemos), não tem a pretensão de agradar todos, nem a maioria, nem mesmo minha família. Sempre considerei a escrita uma forma de ‘exorcismo’, das dores do dia a dia. Minha nota é, e continua sendo, uma forma de desabafo e de defesa dos pioneiros.
Pioneiros... esses sim, posso dizer que foram grandes exemplos em minha vida.
Espero que não tenha me confundido com qualquer outro político de plantão que usa desses momentos para ‘aparecer’, pois lhe asseguro, companheiro, que a vida pública não me sobe a cabeça mesmo! Nesse ponto sou mais do que vacinado contra a tal ‘mosca azul’.”
3 – DESABAFO PRIMAL
“Assim como o admiro pelo homem que é, que venceu ditaduras e mais... Vence diariamente a maior das batalhas que é contra nossos desejos negativos, espero que eu nunca venha a perder o carinho que senti outrora de sua parte para comigo... Não sou hipócrita! Não sou mais nem menos vaidoso do que qualquer pessoa, ou do que você. Não sou ‘politiqueiro’... Quisera eu não tivesse que ter escrito aquele desabafo. Rezo a Deus que eu não tenha que voltar a escrever esse tipo de nota de novo. Mas se preciso for, assim o farei, e novamente, encaminharei a todos de minha lista de e-mails, pois considero que, tanto quanto eu, são pessoas que reconhecem os problemas de nossa cidade, mas que exigem respeito pelo lugar que vivemos e que criamos nossos filhos.”
“Trabalhar para mudar, sei que todos damos nossa contribuição. Mas rogo-lhe novamente, não me confunda com o tipo de político que permeia o passado e o presente da nossa cidade. Não me confunda. O exercício da política para mim se faz no exemplo pessoal. É dessa forma que eu pretendo continuar tocando a minha vida. Seguindo o exemplo de pioneiros como meu pai (42 anos de Rondônia) como meu avô Especial (60 anos de Rondônia) como de minha avó e bisavó (que como você mesmo relembrou, são daqui)...”
“Por favor, (desculpe ser repetitivo) mas não me confunda com outros com quem, pela força de seu ofício, deve estar acostumado (e cansado) de analisar e contextualizar em sua coluna. Não me ‘contextualize’ de forma tão negativa. Tenho uma infinidade de defeitos, mas valer-me daquela matéria para aparecer não é um deles. Desabafo, meu amigo, pode ser silencioso, introspectivo ou aos GRITOS. Essa foi a minha forma de gritar.”
“No mais, me despeço deixando-lhe a mensagem de que, preservo em meu coração, em minhas memórias, o mesmo carinho que sempre tive por você. Por quem você foi e ainda mais... por quem você se tornou. Orgulho-me por você. Do seu amigo (permita-me continuar chamando-o assim), Emerson Silva Castro”. Então, tá!