As trapalhadas em que se envolveu o secretário municipal de serviços básicos, Jair Ramires, vêm causando um estrago danado na imagem da administração Roberto Sobrinho (PT).
Terça-feira (3), Jair foi à Câmara tentar convencer os vereadores de que o processo licitatório para a compra de grama pela prefeitura teria ocorrido dentro da legalidade, embora haja quem tenha farejado o odor desagradável de favorecimento no certame.
Jair ziguezagueou durante toda a sabatina. Em vez de respostas concretas, preferiu investir contra deputados estaduais e o governador Ivo Cassol. Depois, danou-se a chorar, copiosamente. Tanta emoção, por pouco a platéia não chorou com ele.
Na administração Carlinhos Camurça, Jair ficou conhecido pelo sugestivo apelido de “trator”, dado o tratamento nada amistoso dispensado aos seus desafetos. Na época, dizem que ele teria espatifado o joelho de um gari, com um chute, sem motivo aparente. Até hoje, a vítima sofreria as seqüelas da brutalidade.
Pois é. O barulho do “trator” deu lugar às lágrimas. Na reunião, Jair era o retrato do desencanto. Parecia um condenado à pena capital, a espera de seu algoz. Sobrinho deveria mandar Jair para casa, cuidar da saúde, da fazenda e da plantação de grama da família. Assim, evitaria que ele continuasse sangrando e contribuindo para jogar na vala comum a credibilidade de seu governo.
Até porque, quanto mais se mexer nos jardins e canteiros da cidade, mais aumentará a possibilidade de Jair acabar com a cabeça na guilhotina palaciana e administração petista, envolta, cada vez mais, numa nuvem de desconfiança.
Mesmo que Jair conte com as bênçãos de pessoas influentes do Partido dos Trabalhadores, como a senadora Fátima Cleide e o bem-sucedido empresário do ramo educacional Edison Silveira, o prefeito precisa agir. E rápido, antes que as labaredas acabem atingindo todas as dependências da casa.
É uma perversidade o que Sobrinho vem fazendo com Jair. Prefeito, não prolongue mais o sofrimento de seu secretário. Mande-o para casa, o mais rápido possível, antes que exploda o escândalo do cascalho.
Não adianta insiste em tapar o sol com uma peneira. O partido que, durante vinte anos, condenou o fisiologismo, o clientelismo, o favoritismo, o apadrinhamento, a corrupção e tantas outras mazelas, precisa mostrar que está sintonizado com os ventos da moralidade, que se vêm espalhando pelos quatro quadrantes do país.
Não adianta tergiversações. Já passou da hora de o PT começar a cortar na própria carne. Os clichês e as frases de efeito só convencem, mesmo, os néscios, bajuladores e pobres de espírito.