Já não se circunscreve ao circulo político que propriamente se pode chamar de oposicionista, a irritação com as repetidas denúncias envolvendo a Secretaria Municipal de Saúde.
Quando era o ex-vereador David Erse quem formulava a denúncia, restava sempre a dúvida, dada sua condição de filiado ao partido cujo candidato foi abatido nas urnas por Roberto Sobrinho, no segundo turno da eleição municipal.
Quando, porém, é o vereador Alan Queiroz que põe o dedo na ferida, não há como deixar de refletir a respeito da situação por que passa aquele importante setor da administração municipal, principalmente, pela condição de aliado do Poder Executivo.
Acaba tendo sua importância aumentada o fato de que outro aliado do prefeito também tenha cobrado medidas drásticas para retirar o sistema de saúde do caos em que se encontra, chegando, inclusive, a sugerir a exoneração do secretário Sid Orleans.
Dizer-se que os fatos apontados ocorrem à distância do chefe do Poder Executivo, soaria falsidade. Basta que se mencione a reforma e ampliação da policlínica Hamilton Gondim, cuja obra se arrasta há mais de dois anos, para verificar que o quadro é preocupante.
Na sessão de terça-feira (12), o vereador Mário Jorge voltou a criticar o caótico sistema de saúde municipal, seguido do colega Flávio Lemos.
Nos bastidores, porém, fala-se na decapitação de Sid como o remédio mais acertado para evitar que o paciente (a saúde municipal) chegue à UTI e, de lá, à cova.
Vê-se, pois, que a crise generalizada que afeta a saúde tem seu fulcro muito menos na carência de recursos, que na insistência com que a incompetência se espalha por quase todos os órgãos.
O prefeito Roberto Sobrinho não mais pode adiar a adoção de providências sérias para colocar ordem na casa, uma vez que sua campanha eleitoral fez-se vitoriosa em virtude de um discurso moderno, eficiente e moralizador.
Já passou da hora, portanto, de Sobrinho sair do discurso à prática, não somente no que concerne à área da saúde, mas em muitos outros segmentos de seu governo.
A administração municipal precisa ser conduzida pela razão e pelo tirocínio administrativo e não pelo companheirismo político, que, comprovadamente, em nada se coaduna com as aspirações sociais.
É preciso repensar os caminhos tortuosos da saúde municipal. Sobrinho pode até insistir com Sid, mas isso, certamente, custar-lhe-á um preço eleitoral muito alto.