No espetáculo, Nestor (Alexandre Lino) é um pintor cego, de personalidade forte, que, apesar da deficiência visual, domina o frágil e taciturno Lázaro (Daniel Dias da Silva), alguns anos mais jovem, com quem divide a solitária rotina em um apartamento decadente.
Entre os dois se estabelece uma dinâmica própria, eventualmente perversa, em que o cuidado fraterno cede lugar ao rancor desenfreado, mas também com momentos e situações inusitadas e divertidas. Até que a chegada de Lúcia, uma encantadora vizinha que se mudou recentemente para o prédio, ameaça desestruturar essa relação. Eles a convidam para uma visita e é nessa noite de espera que a montagem se concentra, quando os traumas do passado dos irmãos vêm à tona, embalados por delírios, sonhos e culpas, levando a um final surpreendente.
“A peça toca em temas universais, como os limites e barreiras que nos impomos durante a vida e que, muitas vezes, nos impedem de sermos felizes, de ir em busca do que acreditamos. O texto é extremamente poético, com momentos de riso e de reflexão e uma reviravolta, que provoca no espectador o desejo de ver a peça mais uma vez.”, salienta Daniel Dias da Silva, sem entrar em detalhes sobre os mistérios que une os dois personagens.
“Montar essa peça é um desejo de muitos anos. Apesar de ter apenas 16 páginas, o texto é de uma carpintaria teatral que poucas vezes vi, cada fala do espetáculo é carregada de poesia e de camadas, que o espectador vai saboreando e desvendando com prazer”, ressalta o ator e produtor, que tem planos de adaptar “O Cego e o Louco” para ser encenada em Buenos Aires (Argentina).
Daniel está com agenda cheia, na reta final dos ensaios da peça "De Perto, é Sempre Amor", com o grupo Teatro de Apartamento (Belém - PA), que estreia dia 21 de julho em versão online e os ensaios do espetáculo "Charles Aznavour - um Romance Inventado", com Sylvia Bandeira e Maurício Baduh, com estreia prevista para setembro. Ambos os textos são assinados por Saulo Sisnando. Além disso, ele também vai assinar a direção de uma montagem de "Ensaio Sobre a Perda", de Herton Gustavo Gratto, em Portugal, a peça deve estrear e circular pelo país a partir do final do segundo semestre, com um ator brasileiro e um ator português no elenco.
Alexandre Lino, que já viveu um deficiente visual no espetáculo “Asilo Paraíso” e dirigiu “Volúpia da Cegueira”, com atores cegos no elenco, tem intimidade com o tema e, para ele, a volta aos palcos é motivo de celebração. Após lotar os teatros com Valdisnei, o simples e intrometido protagonista da comédia "O Porteiro", ele decidiu levar o personagem para a Internet, em divertidas lives, mas garante que voltar com "O Cego e o Louco" tem um sabor especial.
“O público nos cobrava muito por uma nova temporada, pois tivemos todas as sessões com lotação esgotada no Sesc Copacabana. Mas, com a pandemia, tivemos que adiar nossos planos. E, finalmente, vamos voltar. Estou muito feliz porque, nessa versão híbrida, o público que está fora do Rio também poderá conferir o espetáculo ao vivo, através da plataforma Sympla Streaming”, lembra Alexandre Lino.
O diretor Gustavo Wabner também está vibrando com o retorno. Ele, que tem no currículo as montagens de “Navalha na Carne”, de Plínio Marcos - em que a atriz Luisa Thiré homenageava a avó Tonia Carrero - e da comédia “Sylvia“, de A. R. Gurney, lembra que a sessão vai respeitar o protocolo da pandemia.
“Para nós, essa volta tem um valor simbólico muito forte, de retomada, a Cultura como um bálsamo necessário e uma esperança de novos dias. São apenas 40 lugares na plateia por sessão, mas com transmissão ao vivo, simultaneamente. O espectador pode comprar um ingresso e optar por assistir ao espetáculo em casa, com a família. Não é maravilhoso?"
CURRÍCULOS
CLAUDIA BARRAL - Autora
Nascida em Salvador e radicada em São Paulo, Claudia é poetisa, roteirista e dramaturga.
Formada em Interpretação Teatral pela Universidade Federal da Bahia, com estágio de aperfeiçoamento na Academia Russa de Arte de Moscou e formação em Roteiro pela Academia Internacional de Cinema. Na sua produção em dramaturgia destacam-se "O cego e o louco" (Prêmio Copene 2000, com versão roteirizada para a TV Cultura em 2007). Por “Cordel do Amor sem Fim”, recebeu o prêmio Funarte 2004 e foi indicada ao prêmio de Melhor Texto na Festa Internacional de Teatro de Angra dos Reis em 2013).
“Hotel Jasmim”, que em 2013 recebeu o Prêmio Heleny Guariba de Dramaturgia Feminina, foi encenado sob direção de Denise Weinberg e inspirou o curta de mesmo nome.
GUSTAVO WABNER - Diretor
Gustavo Wabner é ator, diretor e produtor teatral. Dirigiu recentemente as montagens de “Sylvia”, de A.R. Gurney, “Navalha na Carne”, de Plínio Marcos, “O Cego e o Louco” de Claudia Barral. Co-dirigiu com Sergio Módena “Os Vilões de Shakespeare” (de Steven Berkoff), “Uma Revista do Ano – Politicamente Incorretos” (de Ana Velloso) “Paletó de Lamê” e “Mulheres do Brasil”.
Também trabalhou como diretor assistente ao lado de nomes como Naum Alves de Souza, Gabriel Vilella, Pedro Paulo Rangel, Pedro Brício, Guilherme Leme e Deborah Colker.
Como ator dividiu o palco com Marco Nanini na peça “Um Circo de Rins e Figados” (direção de Gerald Thomas), atuou em “Cine-Teatro Limite” com direção de Pedro Brício e Sergio Módena, “Medida por Medida” de William Shakespeare (direção de Gilberto Gawronski) , “O Doente Imaginário” (de Moliére), com direção de Jacqueline Laurance, em “A Revista do Ano” e “Bossa Novinha” (de Ana Velloso), “Como me Tornei Estúpido” (de Martin Page), no premiado “A Arte da Comédia” e “Estes Fantasmas!” (ambos de Eduardo De Filippo), todos com direção de Sergio Módena. Em 2018 fez parte do elenco de “O Princípio de Arquimedes” (de Josep Maria Miró), com direção de Daniel Dias da Silva.
SERVIÇO
"O Cego e o Louco"
Datas: 12 de agosto a 02 de setembro de 2021
Horário: Quintas-feiras às 19h
Ingressos: R$ 25,00 (meia) / R$ 50,00 (inteira)
Informações: (21) 2529-7700
Venda de ingressos: www.teatropetragold.com.br
Classificação indicativa: 12 anos
Duração: 60min
Gênero: Comédia Dramática
Exibição online ao vivo através do Sympla Streaming
FICHA TÉCNICA
Texto: Claudia Barral
Direção: Gustavo Wabner
Elenco: Alexandre Lino e Daniel Dias da Silva
Figurino: Victor Guedes
Cenografia: Sergio Marimba
Iluminação: Mantovaniluz
Trilha Sonora: Tibor Fittel
Direção de Movimento / Coreografia: Sueli Guerra
Direção de palco: Renato Rodolfo
Estagiária de Direção: Juliana Thiré
Design Gráfico: Gamba Jr.
Produção Executiva: Bruno Jahu
Assessoria de Imprensa: Bernadete Duarte
Direção de Produção: Daniel Dias da Silva
Realização: Territórios Produções Artísticas e Lunática Companhia de Teatro
FONTE: Fenacultura Comunicação