CRÍTICA/CINEMA - Nova versão de O Besouro Verde é um desastre cinematográfico - Por Humberto Oliveira

(Veja trailer)

Os produtores do longa metragem O Besouro Verde (Green Hornet) – que estreou em Porto Velho sexta-feira (18) - deveriam repensar o título e mudá-lo para Kato, no filme vivido pelo ator taiwanês Jay Chou, que rouba a cena do começo ao fim, deixando o Britt Reid de Seth Rogen no chinelo. Rogen, mas conhecido por comédias de gosto duvidoso, bem que tenta, mas não passa de uma caricatura irritante e chata. O ator (forcei a barra) até emagreceu para o papel, mas infelizmente, para o público, principalmente àqueles que conheciam as versões anteriores, a aventura, que mistura ação e comédia, é uma decepção.

O filme, que conta ainda com ótimos coadjuvantes de luxo, desperdiça atores como Tom Wilkinson (Batman Begnins), Edward James Olmos (O preço do desafio) e Christoph Waltz – ganhador do Oscar de melhor ator ano passado por sua brilhante atuação em Bastardos Inglórios, na nova versão do besouro faz um vilão nada convincente. Vale lembrar que Waltz entrou no lugar de Nicholas cage, que deve ter intutido a bomba que o filme iria se transformar e sabiamente pulou fora deixando o abacaxi para outro descasgar.

O Besouro Verde dos anos 2000 junta-se a grande galeria das péssimas adaptações de um seriado ou herói dos quadrinhos para o cinema. A produção está em ótima companhia, basta citar os infames Elektra, Motoqueiro Fantasma, Mestres do Universo, Spirit, O Fantasma (aquele com Billy Zane) e pérolas como Superman 3 e Superman 4 – Em busca da paz. James West (com Will Smith), Perdidos no espaço. A lista é extensa, mas vou parar poraqui para não torturar ainda mais o caro leitor.

Atrás das câmeras está Michel Gondry e em cena o canadense de 28 anos Seth Rogen, ator principal de “Ligeiramente Grávidos” (2007). A dupla se empenhou, mas a comédia de ação resulta em um desastre. Ai consiste pelo menos três razões para o fracasso artístico do filme. Gondry não é o diretor certo para fitas de ação e que exagera no barulho e se atropela na graça nonsense. Quanto a Rogen, seu único mérito foi ter emagrecido 15 quilos para interpretar o herói em cena é uma decepção, que não deve surpreender ninguém, nem mesmo aos fãs do comediante. Rogen escreveu, produziu e estrelou esta adaptação cujo enredo é um fiapo e tão raso quanto um pires. Igualmente decepcionante, a atuação de Christoph Waltz, como o contraventor Benjamin Chudnofsky, remete a uma caricatura de seu próprio vilão de “Bastardos Inglórios”. Também fica difícil suportar um super-herói irritantemente mimado. Tão em moda, a projeção em 3D entra na lista de fiascos. Bem feito.

Dificilmente este novo 'O Besouro Verde' se tornará um sucesso, mesmo com a boa atuação de Jay Chou, que atualiza Kato, o personagem de Bruce Lee (homenageado rapidamente), parceiro do Besouro Verde e inventor de todas as engenhocas que transformam o carro da dupla, um Chrysler Imperial (Beleza Negra), numa espécie de batmóvel, munido com as mais incríveis armas para combater o crime.

O personagem, que começou como parte de um programa radiofônico nos anos 1930, chega agora às telas de cinema, inclusive nas versões 3D e IMAX, adaptado pelo francês Michel Gondry ('Brilho eterno de uma mente sem lembranças'), mas transformado numa espécie de videoclipe com os ingredientes que sempre caem no gosto dos adolescentes: carros fantásticos, piadas infames e lutas marciais.

Histórico dos personagens

O Besouro Verde (The Green Hornet, no original) é um famoso herói fictício dorádio, cinema e televisão. criado por George W. Trendle (mesmo criador do Lone Ranger) e Fran Striker. Estreou na rádio WXYZ, Detroit, Michigan, em 31 de janeiro de 1936. Três anos depois o personagem ganhou às telas no seriado com 15 episódios O Besouro Verde, nesta primeira versão para o cinema o herói é vivido pelo ator Gordon Jones e Kaye Luke (Gremlins 1 e 2, os seriados Kung Fu e Esquadrão Classe A, entre outros) como Kato. Em 1941 uma nova série, A Volta do Besouro Verde, ainda com Luke como Kato, mas desta vez com o herói sendo interpretado por Warren Hull (Mandrake, 1939).

Britt Reid, milionário dono do jornal O Sentinela Diária que transforma-se num vingador mascarado no estilo do Sombra. Ele é ajudado por Kato, seu mordomo de origem oriental mestre em artes marciais. Ele surgiu no rádio em 1936 (interpretado pelo ator Al Hodges) e o seriado alcançou bastante sucesso. O personagem, entretanto, é mais lembrado pela série de TV de 1966, onde Bruce Lee interpretava seu ajudante Kato. Ela foi cancelada em 1967 devido à baixa audiência.

Humberto Oliveira – É jornalista, estudioso de cinema e séries televisas.