*Vinte obras recentes do cinema paraense, entre curtas, animações e documentários, serão exibidas na II Mostra de Cinema da Amazônia, que acontece no período de 1º a 20 de dezembro em cinco cidades da Alemanha: Hannover, Berlim, Colônia, Frankfurt e Munique. A mostra é uma iniciativa do Instituto Cultural Amazônia Brasil, que recentemente promoveu também uma mostra de curtas alemães em Belém.
*O projeto foi um dos 60 aprovados pelo MinC (Ministério da Cultura) dentro do Copa da Cultura. Todos os filmes serão apresentados com legendas em alemão e exibidos de forma gratuita em salas de cinema renomadas, como a PupilleKino, cinemateca da Universidade de Frankfurt; o Centro de Artes Independentes, em Berlim; e a Einewelthaus, vinculada à Casa do Brasil em Munique.
*A lista de filmes para a Mostra inclui: Chama Verequete (PA, 2002, de Luiz Arnaldo e Rogério Parreira); Chuvas E Trovoadas (PA, 1994, de Flávia Alfinito); Matinta Pereira (PA, 2004, de Jorge Vidal); O Número (RO, 2003, de Beto Bertagna); Enquanto Chove (PA, 2003, de Paulo Almeida e Alberto Bitar); Mármore (RO, 2003, de Joéser Alvarez); Paciência De Joelma (AM, 2004, de Homero Flávio); No Hollywood (AM, 2004, de Allan Gomes); Açaí Com Jabá (PA, 2002, de Alan Rodrigues, Marcus Daibes e Walério Duarte); Ver-O-Peso (PA, 1984, de Januário Guedes); Dias (PA, 2000, de Fernando Segtowick); Itinerário Interno (PA, 2006, de Eduardo Souza); Identidade (AM, 2004, de Cristiane Garcia); Leonora Dawn (PA, 1990, de Flávia Alfinito); Identidade Cultural (RO, 2005, de Tânia de Fátima); Árvore Dos Pedidos (PA, 2004, de Laura Calhoun); A Revolta Das Mangueiras (PA, 2004, de Roberto Eliasquevici); Será Que Ela Vem? (AM, 2003, de Alexandro Castro) e A Onda: A Festa Na Pororoca (PA, 2004, de Cássio Tavernard).
*O coordenador da mostra, Eduardo Souza, explica que a idéia surgiu em 2004, quando houve a fundação do Instituto Cultural Amazônia Brasil. “Todas as pessoas que trabalham no projeto já estão envolvidas com cinema há um bom tempo”, comenta. “Tivemos então a idéia de abrir um espaço de exibição e difusão de cinema paraense na Europa, até porque ninguém lá imagina que há produção audiovisual na região Norte. A partir daí, começamos a receber vídeos e documentários de várias partes da região e, por ocasião do Ano do Brasil na França em 2005, conseguimos a I Mostra de Cinema da Amazônia, que aconteceu em Paris. Lá entramos em contato com eventos, associações e coordenadores de festivais, o que nos possibilitou a cogitar a idéia de continuar o trabalho. Acabamos aprovando o projeto dessa Mostra no MinC, por conta da Copa da Cultura na Alemanha, que leva eventos culturais do Brasil para a Europa”.
*Segundo Eduardo, o critério para a seleção dos filmes tentou não se prender aos usuais temas que se relacionam à Amazônia (leia-se lendas, mandingas da região e coisas do tipo), mas também abordar aspectos da vida urbana de metrópoles como Belém e Manaus.
*A intenção, segundo o cineasta, é formar um núcleo de produção audiovisual na Amazônia, promovendo uma troca de experiências entre profissionais europeus e brasileiros. “O que acontece é que, em cada região do país, há um forte movimento de cinema independente. Fizemos uma pesquisa e percebemos que há muita gente fazendo cinema na Amazônia, só que os grupos estão muito espalhados”, explica. *“Para fortalecer um “movimento” na região, a idéia era formar um núcleo de produção audiovisual na Amazônia, até porque descobrimos uma unidade de linguagem nos documentários produzidos por aqui. Quer dizer, há sempre uma escolha por temas e personagens em comum, porque vivemos no mesmo ambiente. A partir daí, a idéia é criar uma cooperação de realização, isto é, ter um pólo para receber produções técnicas da Europa aqui e vice-versa. E, além disso, trazer profissionais de lá para conceder palestras e debates em Belém, aliando teoria à prática. Esse é um dos objetivos do projeto”.
*A mostra, para Eduardo, serve então como uma vitrine internacional e nacional para a produção audiovisual paraense, que acompanha a ascensão do cinema brasileiro nos anos 2000. Ele também acha que há um bom público para esse tipo de exibição em Belém: “Muita gente compareceu à Mostra Curta Brasil-Alemanha e as salas lotaram todos os dias, mesmo porque há esse choque cultural. Na Alemanha, por exemplo, os coordenadores dos festivais ficaram bastante curiosos em ver uma produção da Amazônia. Eles não imaginavam algo do tipo”.
Em 2007, o Instituto continuará a Mostra de Cinema da Amazônia em três cidades: Barcelona (Espanha), no festival Brasil no Ar; Amsterdã (Holanda), durante o Brazil Art Factory, promovido pelo Cine Brasil-Amsterdã; e em Nova York, no New York Brazilian Film Festival, da produtora Big Brazil.