Homicídio ocorreu no campus da universidade, em setembro de 2013.
Foto: Divulgação
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O pai do estudante Denis Casagrande, morto após ser esfaqueado durante uma festa na Unicamp em 2013, defende a condenação e aplicação de pena máxima ao réu Anderson Mamede. Ele vai a júri na manhã desta terça-feira (24), em Campinas (SP), e outros dois também são acusados de participação no crime. A vítima, de 21 anos, sofreu "anemia aguda" após ser atingida no coração.
'A gente espera que, depois de quatro anos, seja feita a Justiça e ele pegue o tempo máximo que a Lei permite', afirma Celso Casagrande.
Mamede cumpre prisão preventiva no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Campinas, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP). Ele é acusado de participação no crime, já que admitiu ter agredido com golpes de skate a vítima, quando ela já tinha sido atingida pela faca.
A sessão está marcada para as 9h no Palácio da Justiça, região central. Celso afirma que ele e a mulher planejam ir ao local acompanhar os trabalhos. 'Cada vez que acontece isso [rever acusados pelo crime], são lembranças, volta tudo à tona. É minha história, temos que seguir', ressalta.
Segundo a assessoria do Tribunal de Justiça do estado de São Paulo (TJ-SP), estão previstas as oitivas de 12 testemunhas e interrogatório do réu. O julgamento deve durar dois dias na 1ª Vara do Júri.
Júri popular
O promotor responsável pelo caso, Ricardo Silvares, avalia que o caso "está claro", mas evita tratar de expectativas. Os três acusados pelo crime foram denunciados à Justiça por homicídio triplamente qualificado - motivo fútil, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.
'O júri vai decidir se ele [Mamede] participou ou não do crime, ele é quem vai definir mérito [...] Na minha opinião sim [houve participação], agora vamos ver as provas, as testemunhas serão ouvidas, é importante aguardar', ponderou.
O intervalo de quatro anos entre o assassinato e a realização do júri popular, explica, é consequência de uma série de recursos da defesa de Mamede ao longo do processo.
'A defesa tem todo direito de fazer isso. Ele [réu] teve direito a recorrer, apresentar as provas pertinentes, melhor fazer tudo isso do que amanhã alegar que a defesa foi cerceada', destacou.
Defesa
Há duas semanas, Mamede voltou à universidade para participar de uma reconstituição do crime, feita após pedido da advogada dele ao juiz da 1ª Vara do Júri, José Henrique Rodrigues Torres.
O G1 tentou contato com a defesa por telefone e email, mas não houve resposta até a publicação.
Réus
Os outros dois acusados pelo homicídio são Maria Tereza Peregrino, presa preventivamente no CDP feminino de Franco da Rocha, segundo a SAP; e André Ricardo de Souza Motta, que responde ao processo em liberdade e será submetido a novo julgamento, de acordo com decisão do TJ-SP.
A defesa de Maria Tereza espera pela análise de um recurso e não há previsão para julgamento.
A reportagem do G1 também tentou contato com o advogado de Motta por telefone e email, mas não houve retorno. Ele pode recorrer da decisão que determina novo julgamento, diz o tribunal. O acusado havia sido absolvido pela 1ª Vara do Júri de Campinas em agosto de 2016.
O caso
Casagrande foi morto por engano durante a festa, de acordo com a Polícia Civil. À época em que o inquérito foi concluído, o delegado Rui Pegolo afirmou que ele foi confundido com outro jovem que teria assediado Maria Tereza, quando ela integrava um grupo autodenominado “anarcopunk”. Ela confessou ter dado a facada, informou a corporação, mas alegou legítima defesa e disse ter sido agarrada pelo estudante. A versão foi rechaçada pelos investigadores após análise de provas.
Maria foi indiciada como autora do crime, e o namorado dela à época, Anderson Mamede, como coautor, já que ele admitiu ter agredido com golpes de skate a vítima, quando ela já tinha sido atingida pela faca. André Motta também foi indiciado pela participação - admitiu ter agredido a vítima, de acordo com decisão do TJ-SP - e nenhum deles estudava na Unicamp.
Após a morte de Casagrande, a Unicamp aceitou a proposta do governador Geraldo Alckmin (PSDB) para que a Polícia Militar circulasse nas áreas internas. Contudo, o anúncio gerou polêmica e um grupo de estudantes ocupou a reitoria por 13 dias em protesto contra a medida. O ato foi encerrado somente após a instituição se comprometer a não firmar convênio com a corporação.
A família de Casagrande é de Piracicaba (SP) e, em setembro de 2013, ele morava com amigos no distrito de Barão Geraldo para fazer o curso de engenharia de controle e automação na Unicamp.
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