A investigação, que durou quase 10 anos, foi provocada por uma denúncia feita por um religioso brasileiro, que acusou o padre de culto ao personalismo, exibicionismo por ir demais às TVs, de desvirtuar as práticas católicas e de transformar a missa em uma
Foto: Divulgação
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O padre Marcelo Rossi teve seus passos, CDs, livros, missas e aparições na TV seguidos de perto pelo Vaticano do final dos anos 90 até cerca de quatro anos atrás.
A investigação, que durou quase 10 anos, foi provocada por uma denúncia feita por um religioso brasileiro, que acusou o padre de culto ao personalismo, exibicionismo por ir demais às TVs, de desvirtuar as práticas católicas e de transformar a missa em uma espécie de "circo".
A investigação foi comandada pela Congregação para a Doutrina da Fé, liderada pelo cardeal Joseph Ratzinger, que mais tarde se tornaria o papa Bento 16. A Congregatio pro Doctrina Fidei é o novo nome que o Vaticano dá para a assassina Inquisição.
O UOL apurou com exclusividade que, entre o final dos anos 90 e a década de 2000, a Congregação recebia regularmente vídeos com as participações do padre Marcelo em programas como o de Gugu Liberato no SBT e de Fausto Silva, na Globo.
O padre esteve próximo de ter suas atividades suspensas, bem como a publicação de livros e CDs --por pressão do denunciante, o qual a identidade o Vaticano mantém oculta sob sete chaves. Ele não poderia mais celebrar missas, ouvir confissões e dar a hóstia.
Curiosamente, o que acabou por livrar padre Marcelo da punição foi a morte do papa João Paulo 2º, em abril de 2005, quando praticamente toda a atividade da Congregação para a Doutrina da Fé foi interrompida com a eleição de Ratzinger para o posto de novo papa. Ele era o "prefeito" da congregação.
BARRADO NO BAILE
Em 2007, padre Marcelo tentou se reunir com papa Bento 16 durante a visita deste ao Brasil.
No entanto, o padre foi impedido de se encontrar com Bento 16. Segundo dados obtidos pelo UOL, quem impediu o papa de aceitar o encontro foram funcionários da Congregação que estavam presentes na comitiva de Bento 16.
Segundo eles, não cairia bem ao papa receber um religioso que estava "sob investigação". Bento 16 concordou e se recusou a receber Marcelo Rossi no mosteiro de São Bento. O padre o aguardara desde as 5h e mal havia dormido, de tão ansioso que estava pelo encontro.
Na ocasião, o UOL publicou reportagem contando o ocorrido, sobre o impedimento do padre, com exclusividade. Padre Marcelo então negou veementemente que isso tivesse acontecido.
Dois anos atrás, porém, em entrevista à revista "Veja", o padre se retratou e confirmou que a reportagem estava correta e que, sim, fora barrado pela comitiva de Bento 16.
O que o padre não sabia era que o veto se devia à investigação a que ele estava sendo submetido pelo Vaticano.
No final de 2009, a Congregação decidiu encerrar as investigações sobre padre Marcelo. Ele foi inocentado de todas as falsas "acusações".
Em janeiro de 2010, o padre finalmente foi recebido por Bento 16, no Vaticano, e este lhe outorgou um prêmio de Evangelizador Moderno, concedido pela Fundação São Mateus.
Foi o final feliz para quase dez anos de suspeitas sobre o trabalho do padre, que chamou a atenção desde que um de seus CDs vendeu quase 3,5 milhões de cópias e se tornou um fenômeno social e midiático.
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