TCU aprova, com ressalvas, contas do governo de 2008 e pede mais transparência nas contas públicas

TCU aprova, com ressalvas, contas do governo de 2008 e pede mais transparência nas contas públicas

TCU aprova, com ressalvas, contas do governo de 2008 e pede mais transparência nas contas públicas

Foto: Divulgação

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O plenário do Tribunal de Contas da União aprovou hoje o relatório e parecer prévios das contas do governo federal, referentes ao exercício financeiro de 2008. O TCU fez recomendações a ministérios e órgãos da administração pública para correção das falhas detectadas. O documento, que teve como relator o ministro Augusto Nardes, será encaminhado ao Congresso Nacional, órgão responsável pelo julgamento das contas.

 O relatório faz considerações sobre o desempenho da economia brasileira em 2008, que registrou variação positiva de 5,08% do PIB em relação ao ano anterior, atingindo o montante de R$ 2,89 trilhões. Aborda, também, os impactos da crise financeira internacional sobre a economia brasileira, notadamente no último trimestre do ano.

Ao longo de 2008 foi registrada, em relação a 2007, redução da taxa de desemprego, passando de 7,4% para 6,8%. Já o rendimento médio do trabalhador evoluiu de R$ 1.245,60 para R$ 1.290,50. Outro aspecto positivo do desempenho do mercado de trabalho foi a elevação do nível de emprego formal (5,01%), sendo o setor da construção civil o maior responsável, com evolução de 12,9%.

 Apesar de concluir que o Poder Executivo observou os princípios fundamentais de contabilidade aplicados à administração pública, o relatório do TCU fez ressalvas sobre 15 temas; como o descumprimento de determinação constitucional para a aplicação de recursos destinados à irrigação, e as graves deficiências nos dados que deveriam subsidiar a análise dos resultados dos programas de governo.  

Entre as recomendações feitas pelo TCU para corrigir as falhas apontadas, está a elaboração de um plano de ação para fortalecer os sistemas de planejamento, avaliação, monitoramento e controle da Administração Pública. A medida busca evitar que deficiências no planejamento e na execução das ações governamentais tragam gastos excessivos para os cofres públicos. Nos Jogos Panamericanos, por exemplo, o gasto da União foi 18 vezes maior que o previsto.

 Competitividade – O relatório avalia que a elevada e crescente carga tributária brasileira – maior do que a de países como EUA, Japão, Coréia do Sul, Chile e México – tende a reduzir a competitividade nacional na medida em que a economia mundial se torna cada vez mais globalizada. A carga tributária brasileira registrou crescimento nominal de 15,56%, em relação a 2007, enquanto no mesmo período o crescimento nominal do PIB foi de 12,93%.  

No tocante à dívida líquida total do setor público, o relatório informa que, em 2008, alcançou R$ 1,070 trilhão, valor inferior em R$ 80,8 bilhões aos números em 2007. Em termos de percentual do PIB, a queda da dívida foi de 6%, tendo passado de 42,03% em 2007 para 36% em 2008. No que se refere ao governo federal, a dívida consolidada líquida caiu para R$ 760,3 bilhões em dezembro de 2008, resultado R$ 47,8 bilhões inferior ao registrado em 2007.

 Relatório recomenda maior transparência na contabilidade pública

Ao efetuar a análise econômico-financeira das demonstrações contábeis da União, o TCU avaliou que, ao longo dos últimos anos, a contabilidade pública em âmbito federal passa por constante processo de aperfeiçoamento. Observou, contudo, que ainda há aspectos que podem ser aprimorados para eliminar discrepâncias e dar maior transparência à contabilidade pública federal.

 As demonstrações financeiras do Balanço Geral da União, por exemplo, apresentam dificuldades de interpretação que se referem tanto a aspectos formais de apresentação e consolidação das informações inadequadamente adotados, assim como a aspectos materiais relacionados à fidedignidade das informações apresentadas.

Entre outras medidas, o TCU recomendou ao governo federal que faça refletir nas demonstrações contábeis consolidadas o patrimônio da União em sua plenitude, assim como apresente em notas explicativas quaisquer mudanças na elaboração dos demonstrativos contábeis, com respectivos reflexos nas contas que forem impactadas pelas modificações.
 
Renúncia de receitas tem impacto no FPE e FPM
 
As renúncias de receitas federais alcançaram, em 2008, cerca de R$ 125,6 bilhões: R$ 87 bilhões de benefícios tributários, R$ 15,8 bilhões de benefícios tributário-previdenciários e R$ 22,8 bilhões de benefícios financeiros e creditícios.

 A região Sudeste teve maior participação, com 39,72% do total das renúncias, enquanto a região Centro-Oeste teve a menor participação, 12,93% do total.

 O relatório registra, também, o impacto da renúncia nas contas dos estados e municípios, pois destaca aumento das renúncias associado a arrecadação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados, cuja variação reflete-se sobre o Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE) e sobre o Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

Em 2004, a renúncia correspondia a 17% da arrecadação de IR e IPI. Essa proporção subiu, em 2008, para 22%.
 
Benefícios tributários privilegiam região Sudeste
 
Para promover a cultura, o governo federal utilizou, em 2008, R$ 546,4 milhões de recursos do orçamento anual e R$ 798,9 milhões de renúncias de receitas, sendo a maior parte referente à captação com base na Lei Rouanet.

 O relatório observa, porém, que a distribuição dos recursos captados por região do proponente ou produtor cultural aponta para uma grande concentração de recursos na região Sudeste, responsável por cerca de 80% da captação total. Os 20% restantes estão diluídos entre as demais regiões, sendo que a região Norte se apropria de menos de 1% do total.

Lei de Informática – Também no tocante à contribuição da renúncia tributária concedida pela Lei de Informática constata-se a concentração nas regiões Sudeste e Sul, detentoras da maior parcela do PIB nacional: dos produtos incentivados, das empresas beneficiadas pela renúncia, das aplicações em pesquisa e desenvolvimento.

 Em relação aos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, o relatório observa que 52% deles foram aplicados em atividades das próprias empresas, enquanto o percentual aplicado em convênios com instituições de ensino e pesquisa foi de 38%.

O relatório do TCU registra, também, que, por carência de pessoal especializado para a tarefa, as ações sobre a efetividade do acompanhamento e controle da renúncia, no tocante a sua conformidade com as condições impostas pela legislação, estão defasadas em pelo menos três exercícios.
 
Deficiências estruturais entravam desenvolvimento
 
O relatório do TCU traz, também, análises específicas sobre as áreas de educação, de assistência social e eficiência na gestão pública, com análises sobre aspectos positivos e falhas ou distorções que podem ser corrigidas para que os recursos públicos sejam empregados com maior eficiência.

 No tocante à gestão pública, por exemplo, o documento informa que o grande desafio do Estado brasileiro para implantar uma agenda de retomada do desenvolvimento diz respeito à qualidade do gasto. O relatório avalia que nos anos recentes a incapacidade do Estado em retomar o investimento em ritmo mais acelerado não decorreu somente da falta de recursos, mas de uma grave atrofia nas estruturas de planejamento, contratação, execução, acompanhamento e controle do governo federal, estadual e municipal.

Por conta dessa atrofia, resultante de décadas de baixíssimos níveis de investimentos públicos, o Estado não consegue responder a comandos políticos para aumentar investimentos. O diagnóstico se baseia em uma série de trabalhos do TCU em diversas áreas de atuação do governo.

 Por isso, o TCU recomenda ao governo federal que elabore plano de ação para fortalecer os sistemas de planejamento, avaliação, monitoramento e controle da administração pública, sem o qual grandes quantidades de recursos públicos serão desperdiçados. O Tribunal entende que o fortalecimento dessas estruturas, além de coibir a proliferação de fraudes e esquemas de corrupção, vai acelerar a implementação das ações do governo, melhorar a qualidade do gasto público, aumentar a eficiência do aparato estatal e maximizar o bem-estar da sociedade brasileira.

 Relatório faz amplo diagnóstico da educação
 
Com base em diversas auditorias realizadas no setor, o relatório traça um amplo panorama da educação brasileira e propõe ações governamentais para melhorar o nível educacional do País e ainda reduzir as enormes desigualdades existentes.

 O relatório revela que o nível de escolaridade da população brasileira é baixo, inferior mesmo ao de vários países da América Latina como, por exemplo, Chile e Argentina. É também, desigual, uma vez que o nível de escolaridade dos 20% mais ricos medido em anos é quase o dobro daquele dos 20% mais pobres.

Mas aponta avanços na área que sinalizam para uma evolução da intervenção do Estado na educação, como o aumento da participação do orçamento da União, com projeções que sinalizam a continuidade desta tendência, a elaboração e início de implementação do Plano de Desenvolvimento da Educação com ações coordenadas e suporte de diagnósticos bem elaborados.

 Como desafios a serem enfrentados, o relatório aponta: 1) a necessidade de aperfeiçoamento do controle nas bolsas do Prouni e financiamentos do Fies; 2) um melhor aproveitamento da renúncia de impostos das universidades em troca de bolsas ao Prouni; 3)os problemas envolvendo a relação entre as fundações de apoio à pesquisa e as universidades públicas, que exigirão para sua solução um conjunto de iniciativas que vai desde medidas de gestão e melhoramentos nos sistemas de controle até a necessidade de alterações na legislação.

 Relatório propõe maior controle para programas sociais

 Em 2008, foram gastos R$ 28,8 bilhões com a assistência social, um crescimento de 17% em relação a 2007, ou mais que o dobro gasto em 2004. O relatório registra que o novo paradigma de atuação do Estado Brasileiro para o setor já apresenta resultados concretos. Destaca, ainda, que o País tem avançado a passos largos nessa área, não apenas em função da contribuição para a redução dos indicadores de pobreza e desigualdade social, mas, também, em razão da mobilização social alcançada.

O relatório aponta igualmente que os mecanismos de transferência de renda para famílias ou indivíduos em situações de vulnerabilidade e pobreza são instrumentos eficientes, apresentando boa focalização.
Ressalva, contudo, que trabalhos recentes do TCU revelam que a efetividades e eficiência dessas ações podem ser melhoradas com medidas que proporcionariam, também, considerável economia de recursos públicos. Para tanto, o Tribunal recomenda o aprimoramento dos controles adotados para a prevenção e detecção de erro e fraude, como implementação, por exemplo, de estratégias prevendo, principalmente, o uso intensivo de cruzamento de bases de dados, análise de riscos e sistemas de inteligência.
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