O fornecimento de água da antiga Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, localizada na região central de Porto Velho, foi interrompido pela Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia (Caerd) como parte de medidas para conter a ocupação irregular do imóvel. Abandonado há anos, o prédio vinha sendo utilizado como abrigo improvisado por pessoas em situação de rua e usuários de drogas.
Além do corte de água, o governo do estado iniciou nesta semana o fechamento de prédios públicos desativados na área central, utilizando alvenaria para impedir novas invasões. A ação tem como objetivo reduzir riscos à segurança pública, preservar o patrimônio e coibir o uso irregular dessas estruturas.
Segundo relatos de comerciantes e moradores da região, o centro de Porto Velho enfrenta aumento de arrombamentos e furtos em estabelecimentos comerciais e instituições públicas, o que tem gerado preocupação. Há a percepção de que a área caminha para a formação de uma “cracolândia”, com concentração de usuários de drogas e degradação urbana.
O presidente da Associação dos Ferroviários – OCIP, George Telles, afirmou que o prédio da antiga delegacia tem papel estratégico na dinâmica da região. “Esse imóvel fica em frente à Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM) e próximo à Prefeitura. Ele vinha servindo como ponto de apoio e logística para usuários de drogas que se instalaram no local”, declarou.
George Telles também criticou a atuação dos órgãos públicos responsáveis pela preservação do patrimônio histórico e pela gestão urbana. Segundo ele, há falta de fiscalização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), já que a área do entorno é protegida por lei, além de omissão do poder público municipal. “É muito descaso com a região central de Porto Velho, que tem grande importância histórica e cultural para a cidade”, afirmou.
As recentes ações do governo estadual sinalizam uma tentativa de reorganização do espaço urbano e de enfrentamento dos problemas sociais e de segurança na região central. Moradores e representantes de entidades locais cobram, no entanto, medidas integradas que envolvam assistência social, saúde pública, segurança e preservação do patrimônio, para evitar que o problema apenas seja deslocado para outras áreas da cidade.