*A votação na Câmara dos Deputados que manteve o salário mínimo em R$ 300 tranqüilizou os aliados e foi muito criticada pelos parlamentares de oposição ao governo federal. "O bom senso prevaleceu", declarou o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE). "O resultado não foi no grito. Basta de falar com demagogia." Os oposicionistas, por sua vez, discordaram do resultado da votação simbólica feita sob a presidência do primeiro-secretário da Câmara, Inocêncio Oliveira (PMDB-PE). Inocêncio proclamou o resultado sem atender aos pedidos da oposição, que queria a recontagem dos votos.
*Pela votação simbólica, os parlamentares favoráveis à manutenção do texto do Senado, que previa um salário mínimo de R$ 384,24, deveriam permanecer parados. Os contrários a esse valor, ou seja, favoráveis aos R$ 300, precisavam levantar o braço.
*Na avaliação do líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ), a maioria dos parlamentares permaneceu parada, em uma demonstração de que eram favoráveis ao texto do Senado."O governo levou a melhor. Foi uma manobra regimental absurda, e, na hora da votação simbólica, nós entendemos que a maioria era a favor dos R$ 384", afirmou Maia.
*O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), defende que o resultado "correspondeu aos fatos". "A Câmara deu demonstração de responsabilidade na medida que o salário mínimo de R$ 384,24 seria inviável para microempresas, estados, municípios e Previdência. Foi a vitória da responsabilidade e de quem buscou o melhor para o país", avalia Chinaglia.
*Líder do PSDB na Câmara, o deputado Alberto Goldman (SP) era favorável à manutenção do salário mínimo em R$ 300, mas afirma que não ficou satisfeito com a forma com que a votação ocorreu em plenário. Para Goldman, diante da dúvida, o deputado Inocêncio Oliveira deveria ter feito a recontagem dos votos de forma simbólica ou até mesmo convocado a votação nominal.
*"Foi uma atitude absolutamente autoritária, foi no grito. O presidente da sessão adotou uma postura autocrática. A votação pode ser questionada porque a atitude do presidente não foi correta. A vitória não foi honesta", critica Goldman.
*O ex-ministro da Coordenação Política, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), qualificou a votação como legítima e de acordo com a expectativa da sociedade, que já teria "assimilado" o aumento de R$ 260 para R$ 300. Ele disse que o resultado era previsível e normal.
*"Todos votamos de forma disciplinada. O presidente dos trabalhos é um experiente dirigente dessa casa e conduziu a votação corretamente, conforme o regimento", comentou Aldo. "O governo teve maioria na primeira votação na Câmara e não tinha porque perder nessa votação."
*Após o anúncio do resultado da votação, o vice-líder do PDT, deputado João Fontes (SE), pediu a palavra para questionar a apuração dos votos e não foi atendido pelo presidente em exercício no plenário. Em seguida, houve bate-boca entre Fontes e Inocêncio Oliveira. O deputado sergipano gritou e se dirigiu com o dedo em riste à mesa. Prometeu também que seu partido recorreria para anular a votação.