O Brasil segue a disputa eleitoral com as corretes politicas polarizadas em direita e esquerda. Rondônia é um dos estados mais bolsonaristas do país, e nas últimas eleições candidatos identificados com a ideologia direitista levaram vantagens nas disputas. São oito deputados federais, dois senadores, ampla maioria na Assembleia Legislativa, além de dois mandatos do governo estadual.
Pesquisa qualitativa realizada pelo Instituto Haverroth de Pesquisas e Consultoria (IHPEC) em parceria inédita com o portal Rondoniaovivo, sobre as intenções de votos para as eleições de 2026, mostra que a direita continuará levando vantagem nas disputas pelo voto do eleitorado rondoniense. Nas simulações sobre ideologia política, cerca de58,2% de eleitores se considerarem de direita.
A ampla vantagem pode favorecer as eleições proporcionais, mantendo a maioria dos parlamentares de direita ocupando mandatos legislativos. Mas na disputa para o governo estadual, a divisão pode favorecer o surgimento de uma terceira via. É que dois grupos bolsonaristas não se alinham no estado, e os votos podem se dividir.
Dois grupos que não se unem
De um lado, o governador Marcos Rocha (União) é considerando o líder de direita que consolidou dois mandatos consecutivos e buscará uma das vagas para o Senado. O outro grupo direitista é liderado pelo senador Marcos Rogério (PL), fiel escudeiro de Jair Bolsonaro no Senado. O ex-presidente já anunciou a pré-candidatura de Rogério para governador de Rondônia, a quem dará apoio nas eleições do próximo ano. Já Marcos Rocha busca espaço para o lançamento de uma candidatura que possa substitui-lo no cargo mais importante do estado.
O surgimento de uma terceira via pode agregar inicialmente os 9,5% dos eleitores declarados de esquerda. A conta pode aumentar com a conquista de uma fatia dos 32,2% dos eleitores sondados na pesquisa, que disseram não se identificar com nenhuma corrente ideológica. Nesse caso, os votos podem migrar tanto para a direita como para a esquerda, dependendo da consolidação de grupos políticos e de propostas eleitorais.
É essa conjuntura que anima a “Frente Caminhada Esperança” que agrupa partidos de esquerda e centro para formar uma coalisão progressista como terceira via para as eleições de 2026, em Rondônia. O grupo formado por oito partidos ainda não apresentou um nome para disputar o governo estadual, apesar que o senador Confúcio Moura (MDB) é visto como a principal referência.
Nem direita e nem esquerda
Os 32,2% independentes vem da soma de 27,2% que declararam não pertencer a nenhuma corrente política, outros 3,9% que se declararam de centro, e mais 1,1% que não soube se identificar nas ideologias políticas. Com esse quantitativo solto durante o pleito, os votos podem dividir e equilibrar a disputa em três grupos.
Complexidade do voto do rondoniense
Para o diretor do Instituto Haverroth de Pesquisas e Consultoria (IHPEC), Dejanir Haverroth, a busca ao voto em Rondônia precisa de definição clara e objetiva, diante da complexidade das representações sociais dos eleitores do estado. A regra nacional nem sempre se aplica por aqui, e o ideal é compreender de forma qualitativa a tendencia do voto numa eleição.
"Rondônia é um estado paradoxal. Pertence à Amazonia, mas não se considera como tal. Apenas um percentual dos moradores da capital, Porto Velho, se considera da “Amazonia”. Os demais habitantes, em sua maioria, se dizem do “Agro”, e são contra qualquer discurso ambientalista. Embora tenha uma população majoritariamente pobre, não acata discurso de combate à discriminação, a desigualdade econômica ou social. Ser um líder político em Rondônia requer muita habilidade para não se colidir com os paradoxos," explicou Dejanir Haverroth.
Metodologia da pesquisa
O Instituto Haverroth de Pesquisas e Consultoria (IHPEC) realizou a sondagem entre 5 e 30 de junho último, e o estudo entrevistou 2.766 eleitores presencialmente em todos os 52 municípios de Rondônia, usando questionário eletrônico supervisionado in loco pelo diretor do IHPEC. A margem de erro é de 2,0 p.p. para mais ou para menos.