Em casos de flagrante, Vinícius explicou que a Sema não espera decisão judicial para agir. “A gente notifica, embarga, interdita e, se for necessário, derruba. Se deixar consolidar, aí entra na Justiça e demora. Estamos tentando impedir a consolidação da irregularidade.”
Ele também apontou resistência institucional dentro da própria administração. Segundo o secretário, há órgãos que se abstêm de participar das ações conjuntas. “A Procuradoria entende que alguns temas são de natureza política e se exime. Mas estamos tentando trazer todos — PGM, CGM, CEMUSB — para atuar de forma integrada, inclusive com o Ministério Público, em casos que se arrastavam há mais de dez anos.”
Vinícius Miguel critica incoerência da autodeclaração ideológica
Questionado sobre a predominância de discursos conservadores no estado e sua atuação como presidente estadual do PSB, partido de centro-esquerda, Vinícius Miguel relativizou os dados que indicam maioria de direita no eleitorado rondoniense. “Esse critério de autodeclaração ideológica é próximo da autodeclaração religiosa”, afirmou, comparando o comportamento político com práticas religiosas desconectadas da doutrina.
“O sujeito se diz católico, mas nunca foi batizado. Se foi, não comunga há 20 anos. Se se diz evangélico, bebe toda semana, tem duas namoradas além da esposa e descumpre os 10 mandamentos. É o mesmo com a política: se diz de direita, defende Estado mínimo, mas está sempre atrás de favores, de isenção tributária, de subsídio. É o primeiro da fila para qualquer benefício”, declarou.
Ele também associou a postura contraditória ao agronegócio. “Setores que se dizem liberais, contrários à interferência estatal, são os mesmos que mais dependem de subsídios e incentivos públicos”, criticou. Para ele, essas contradições são estruturais e dificultam a coerência entre discurso e prática na gestão pública e no debate ideológico.
Crise no União Brasil e influência de Ivo Cassol
Ao comentar o cenário político estadual, Vinícius classificou como inédita a crise institucional envolvendo o governo de Rondônia, citando disputas internas entre o governador Marcos Rocha, o vice Sérgio Gonçalves e o ex-secretário da Casa Civil, Júnior Gonçalves. “É uma crise dupla: dentro do governo e dentro do partido”, afirmou. Segundo ele, a disputa pela direção estadual do União Brasil pode definir candidaturas e o controle de recursos milionários do fundo eleitoral em 2026.
Sobre a figura do ex-governador Ivo Cassol, Vinícius afirmou que, apesar de inelegível, ele continua influente. “Cassol é um fator de desestabilização da burocracia partidária. Ele não está fora do jogo porque interfere nos bastidores e há muitos interessados na estrutura da nova fusão União-PP.”
Plano de prevenção à crise hídrica e COP30
O secretário confirmou que o município trabalha com a previsão de uma nova crise hídrica em 2025, especialmente na região do Baixo Madeira. Segundo ele, um comitê de crise foi criado para antecipar ações de abastecimento. “Já fizemos o mapeamento e estamos trabalhando em logística para atender essas comunidades antes que a situação se agrave.”
Em paralelo, a Sema trabalha para participar da COP30, que será realizada no Pará. Entre as iniciativas em andamento estão a criação de um comitê técnico de mudanças climáticas e a proposta de um fundo municipal para o tema. “É um passo lento, mas necessário. Infelizmente, Rondônia não tem acumulado protagonismo nesse debate”, avaliou.
Reestruturação da secretaria e diálogo com setores diversos
Ao assumir a pasta, Vinícius Miguel encontrou a secretaria sem veículos, sem embarcação para atender distritos ribeirinhos e com carência de tecnologias como drones e sistemas de georreferenciamento. Ele informou que uma embarcação já foi adquirida e que há esforço para modernizar a gestão. “Fazer política ambiental hoje não é só plantar muda. É gestão, é planejamento, é tecnologia.”
Na parte educacional, ele destacou o reforço na agenda de educação ambiental, incluindo ações em distritos como União Bandeirantes, Rio Pardo e Jaci-Paraná. “Também estamos dialogando com igrejas, independentemente da religião, para promover conscientização sobre lixo, plantio e preservação”, relatou.
Por fim, Vinícius descartou ser candidato em 2026 e disse ter recusado convites para atuar em ministérios em Brasília. “Hoje, minha prioridade tem sido a família e a gestão da secretaria”, declarou. Apesar de não pretender disputar cargos, ele segue como presidente estadual do PSB e afirmou que o partido trabalha com a orientação de ter candidatura própria ao Senado em 2026.