Brasília, 20/setembro – Em reunião com representantes do Sindicato dos Soldados da Borracha e Seringueiros do Estado de Rondônia (Sindsbor), nesta terça-feira, em Brasília, o deputado federal Moreira Mendes reiterou seu apoio à votação da Proposta de Emen
Foto: Divulgação
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Moreira explicou que a colocação da matéria na Ordem no Dia depende exclusivamente dos líderes partidários, mas adiantou que trabalha para que o assunto seja resolvido na Câmara ainda este ano. “Esta é uma causa que muito me comove, porque esses homens são verdadeiros heróis. Eles sofreram anos a fio desbravando a Amazônia, trabalhando em defesa dos interesses do nosso país. É, portanto, uma questão de justiça aprovarmos essa PEC”, disse ele.
O vice-presidente do sindicato lembrou que Moreira Mendes vem contribuindo com a luta dos seringueiros há muito tempo. “O deputado Moreira Mendes tem dado um apoio muito grande à nossa causa, e esse requerimento é um grande passo”. Ainda segundo ele, a entidade tem urgência em votar a proposta principalmente porque todos os soldados da borracha estão velhos. “Até quando iremos suportar isso? Este ano já morreram quatro ex-soldados da borracha”, desabafa George Menezes.
Se for aprovada, a PEC vai beneficiar pelo menos 9 mil ex-seringueiros nos estados do Acre, Rondônia, Amazônia e Pará. Pela proposta, um seringueiro que ganha hoje R$ 1.900 vai passar a ganhar R$ 4.500, mesmo vencimento dos pracinhas da Segunda Guerra. Em Rondônia, serão beneficiadas pelo menos 2 mil pessoas.
Como foi?
Os seringueiros foram trabalhar na Amazônia Legal a partir do ano de 1942, quando o Governo Getúlio Vargas baixou o Decreto n. 5.225, recrutando homens de todo o Brasil para atuar nos seringais. Estima-se que o movimento tenha levado pelo menos 55 mil homens para a Amazônia Legal. Um deles foi Antonio Barbosa da Silva, 87 anos, tesoureiro do Sindicato dos Seringueiros de Rondônia. Cansado de tanto percorrer gabinetes de parlamentares em Brasília, ele conta que teve que enganar a própria mãe para poder sair de casa, na Bahia, rumo à temida Amazônia. “Nós fomos contratados pelo governo Getúlio Vargas para o serviço da goma elástica, pensando que íamos ‘enricar’. Confesso que enganei minha mãe para ir ao Amazonas. Eu trabalhei quatro anos inteiramente só cortando seringa, e peguei muita doença, malária... tudo o que é ruim está encima da gente”, revela.
O velho seringueiro afirma que o governo federal prometeu uma coisa e até hoje não fez nada. “O que eu peço é que o Congresso Nacional verifique a vida de um homem de 87 anos, como eu. O nosso presidente (do sindicato) tem 88 anos, tem um no Acre com 110, tem gente na cadeira de rodas, tem gente se acabando”, desabafa.
Longe de se considerar vítima, seu Antonio Barbosa diz ter orgulho do que fez pelo Brasil, e lembra que morreram mais homens na Amazônia do que na guerra. “Eu não estou aqui pedindo riqueza. Estou aqui pedindo o que é nosso direito, pois foi o Brasil que levou a gente para lá (para a Amazônia), e lá se acabou tudo. Nós sofremos, vivemos uma verdadeira guerra. A nossa causa não é para amanhã, é para ontem”, completou.
A PEC
A Proposta de Emenda Constitucional 556, de autoria da ex-deputada Vanessa Grazziotin (AM) foi apresentada em 2002. Ela garante aos seringueiros os mesmos benefícios concedidos aos ex-combatentes da Segunda Guerra por meio do artigo 53 do Ato das Disposições Transitórias da Constituição Federal. A proposta será objeto de uma audiência pública na Comissão da Amazônia da Câmara, no próximo dia 29.
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