O equilíbrio dos poderes – por Valdemir Caldas
Foto: Divulgação
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No livro ‘O Espírito das Leis, Montesquieu defende a autonomia e separação dos poderes com um dos príncipios fundamentais da democracia. E conclui que “só o poder freia o poder”.
É bem verdade que, de tempos a este, alguns agentes do Estado, não enxergam as coisas dessa maneira. Por isso, o surto de autoritarismo que tem levado o Executivo a arvorar-se detentor de todos os poderes constitucionais.
Há momentos em que a manifestação do Executivo chega às raias do paroxismo e ele acaba por anular o papel do Legislativo, numa afronta inominável à Constituição.
Recentemente, o senador Mário Couto (PSDB-PA) foi à tribuna do Senado protestar contra a edição exagerada de medidas provisórias (MP).
Segundo ele, a Constituição prevê a edição de MP, desde que sejam respeitados, cumulativamente, os pressupostos de urgência e relevância. Na prática, porém, não é isso o que vem ocorrendo.
Há pouco, políticos e líderes partidários locais puseram de lado a amabilidade que os irmanava e partiram para a troca de impróprios e lavagem de roupa suja.
Sentindo-se traído, o senador Valdir Raupp (PMDB) pediu aos petistas encastelados na administração Confùcio Moura que entregassem seus postos, depois do vexame à que a bancada do partido teria exposto o governo, durante a eleição para a escolha da mesa diretora da Assembléia Legislativa.
O secretário de comunicação do PT, David Nogueira, não gostou, é claro, e investiu contra o ex-arquiinimigo e, hoje, aliado, chamando Raupp de mentiroso e grosseiro. Nesse caso, melhor seria o senador ter dito que precisava dos cargos ocupados pelos petistas, para acomodar os seus.
As alegações de parte à parte, revelam mais que elevado grau de incompreensão a respeito das prerrogativas de cada um dos poderes. Revelam a dificuldade de certas pessoas para conviverem sob regras democráticas.
O Executivo não tem que se meter em assuntos de estrita competência do Legislativo. O mesmo vale para o Legislativo. Quem garante ao senador Raupp que Jesualdo Pires era o ungido do palácio Getúlio Vargas, para presidir a ALE. No fundo, Jesualdo fez o papel de boi de piranha. E o pior é que nem o prêmio de consolação lhe deram, qual seja, a liderança do governo na ALE.
Condutas dessa natureza, no entanto, só servem para amesquinhar e tornar cada vez mais frágil a nossa democracia, que muitos insistem em transformá-la em balcão de negócios imorais e espúrios.
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!