Olho neles, minha gente! - Por Valdemir Caldas

Depois de muita chicana jurídica, o Tribunal de Justiça de Rondônia decidiu bloquear os bens dos envolvidos no escândalo da folha de pagamento paralelo. Estima-se que mais de doze milhões de reais foram desviados dos cofres da Assembléia Legislativa de Ro

Olho neles, minha gente! - Por Valdemir Caldas

Foto: Divulgação

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Depois de muita chicana jurídica, o Tribunal de Justiça de Rondônia decidiu bloquear os bens dos envolvidos no escândalo da folha de pagamento paralelo. Estima-se que mais de doze milhões de reais foram desviados dos cofres da Assembléia Legislativa de Rondônia, para beneficiar ex-deputados e apaniguados políticos, entre junho de 2004 e junho de 2005.
 
Esse é o resultado de mais uma criteriosa investigação realizada pela Polícia Federal, comprovando aquilo que a grande maioria da população rondoniense já sabia, ou seja, o relacionamento promíscuo entre políticos e empresários. O escândalo consistia na inclusão de servidores fantasmas na folha de pagamento da ALE, mas o dinheiro acabava engordando as já polpudas contas bancárias de parlamentares.
 
Entretanto, ninguém, em sã consciência, acredita que nenhum dos acusados será preso ou compelido a devolver um centavo sequer da dinheirama surrupiada dos cofres públicos. Até porque, além das costas quentes, essa turma tem também muito dinheiro para pagar bons advogados, desses que conseguem empurrar os processos até a prescrição da pena.
 
É triste confessar, mas quem saiu perdendo, mais uma vez, foi a sociedade, o contribuinte, que paga um sem-números de impostos, taxas e contribuições, para ver o fruto de seu labor honesto, ser desviado para os bolsos de políticos inescrupulosos, que multiplicam suas fortunas dia e noite, à custa do sacrifício e da miséria de muitos.
 
Enquanto aguardam uma decisão do Supremo Tribunal Federal, muitos deles continuam, confortavelmente, circulando em seus carrões e morando em mansões, sorrindo da cara do povo e zombando da justiça.
 
O tempo, como se sabe, é capaz de sepultar as mais ardentes aspirações. Se ele é o senhor da razão, é muito mais o ralo por onde tem escorrido boa parte dos anseios da população. É com isso, portanto, que joga bom número dos acusados, que colocam todas as suas ficham na suposta falta de memória dos eleitores. Olho neles, minha gente!
 
Antes de votar, porém, o eleitor precisa ter em mente que o dinheiro desviado poderia ter amenizado o sofrimento de muitas pessoas e evitando que outras tantas morressem à míngua nos leitos dos hospitais da rede pública, por falta de medicamentos e condições dignas de atendimento.
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