O sentimento de renúncia, cada vez mais distante do cenário político, precisa, sempre, sobrepor-se aos interesses pessoais, para que o conjunto da sociedade seja efetivamente beneficiada. É o velho ditado dos dedos que ficam para que se vão os anéis.
Perdem-se alguns anéis hoje, até que outros voltem a adornar os dedos. Sem estes, porém, aqueles, meros acessórios, seriam simplesmente inúteis.
A recente eleição para a escolha da mesa diretora da Câmara Municipal de Porto Velho deixou ensinamentos que precisam compor o mosaico das preocupações políticas, principalmente para alguns membros da cúpula petista.
Há momentos em que a melhor estratégia é o recuo, reconhecer o potencial do oponente e ensarilhar as armas usadas na contenda. No caso em tela, o petismo permitiu que a vaidade delirante e a sede e fome de poder falassem mais alto.
Por isso, o PT não perdeu apenas os anéis, mas deixou que se fossem, também, os dedos. Julgou que bastaria um telefonema do prefeito Roberto Sobrinho e a situação estaria resolvida. Acreditou que as presenças de Miriam Saldanã, Tácito Pereira e Inácio Azevedo seriam suficientes para intimidar os que queriam a mudança regimental.
E o resultado foi o que se viu na noite de terça-feira (13). Onze votos a favor da chapa “União e Respeito”, encabeçada pelo vereador Eduardo Carlos.
Em matéria postada no jornal eletrônico O OBSERVADOR, o presidente da Câmara Municipal de Porto Velho, José Hermínio Coelho, afirmou que pediu ao prefeito Roberto Sobrinho para que não interferisse na eleição.
Mas Sobrinho, mais uma vez, fez ouvido de mercador aos apelos de seu companheiro de partido. O prefeito pode até não ter-se intrometido diretamente no processo, mas não moveu um fio do bigode para impedir que a chefe de gabinete, Miriam Saldanã, metesse o bedelho na disputa.
Quem se diz preocupado com as questões sociais, não pode atuar na vida política com mesquinhez, mas, sim, com exemplar dignidade, procurando assegurar na vida pública o predomínio dos valores éticos perenes, atentos para o fato de que a política é o elemento ordenador da atividade do Estado e que cabe a este atuar como uma força conformadora e estabilizadora.
São por essas e outras, contudo, que o sentimento de descrença se apossa cada vez mais da população, comprometendo as instituições e aprofundando na base da sociedade a dissonância entre o pensamento político e o social.
Sem autênticas e respeitadas lideranças e com a política sendo praticada à base do “Mateus, primeiro os meus”, ou, então, movida interesses menores ou de grupelhos, dificilmente conseguiremos sonhar com melhores dias para o município de Porto Velho. Mas esse é o novo jeito de fazer política do PT, tão antigo quanto o Código de Hamurabi.