Políticos do PV-RO fogem da candidatura de Marina pela legenda como o diabo da cruz - Por Paulo Queiroz

Políticos do PV-RO fogem da candidatura de Marina pela legenda como o diabo da cruz - Por Paulo Queiroz

Políticos do PV-RO fogem da candidatura de Marina pela legenda como o diabo da cruz - Por Paulo Queiroz

Foto: Divulgação

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POLÍTICA EM TRÊS TEMPOS

1 – ALARME VERDE

 
O companheiro presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) e a ministra Dilma Roussef, Chefe da Casa Civil dele, não são os únicos a esquentar a cabeça por conta da iminente filiação da senadora Marina Silva (PT-AC) ao PV e o esperado anúncio da sua pré-candidatura à Presidência pela nova legenda. E olhe que não se está falando aqui dos inumeráveis petistas encastelados no aparelho do Estado e, por extensão, dos demais apaniguados originários dos partidos aliados igualmente contemplados com cargos da máquina pública em função do conluio. Por ululante, desnecessário falar da preocupação destes com qualquer coisa que represente uma ameaça à atual configuração do poder – como se diz ser o caso da eventual candidatura Marina Silva.
 
Por surpreendente que possa parecer, tanto mais angustiados do que o presidente Lula e a ministra Dilma com a possibilidade de uma candidatura Marina Silva pelo PV estão os próceres do próprio PV. Raios! Exclamará o leitor impaciente, para indagar em seguida. “Mas não foi o próprio PV que convidou a ex-ministra do Meio Ambiente a filiar-se na legenda acenando-lhe com a candidatura da agremiação para disputar a Presidência?” De fato. Não obstante coberto de razão, pede-se calma ao leitor. Eis que a aflição de que se fala, ao menos até onde a vista alcança, é exclusiva do PV rondoniense.
 
Isso mesmo, considerado. A eventualidade de uma candidatura de Marina Silva à Presidência está deixando os políticos do pedaço filiados ao PV de cabelos em pé. Principalmente no que diz respeito aos detentores de mandatos que vão tentar renova-los na eleição do ano que vem. Caso dos deputados Lindomar Garçon (federal) e Miguel Sena (estadual). Bem verdade que, não obstante pertencerem ao mesmo partido, pouco ou quase nada se tem ouvido falar de algo que os tenha aproximado numa ação pública conjunta. Mas se alguma coisa é capaz de emparelhá-los numa mesma manifestação, esta diz respeito à opinião de ambos segundo a qual a candidatura de Marina é um pé no saco.
 
2 – CRITÉRIOS ECONÔMICOS
 
Não leu errado, leitor. Na opinião de Garçom e Sena - mas não apenas deles, porquanto a quase totalidade do PV rondoniense também pensa assim - um eventual palanque de Marina em solo caripuna não servirá para outra coisa senão para tirar votos de quem já os tem e é filiado ao PV. E enquanto no resto do país a cogitada candidatura está sendo saudada como um sopro de vitalidade na política nacional, por aqui essa possibilidade está sendo encarada como uma calamidade pelos próprios verdes. Como entender isso? Convém ressalvar que a pergunta vale – faz algum sentido - para o leitor urbano alinhado à média do pensamento nacional no que diz respeito ao politicamente correto. Mas tomando alguma distância, não é preciso torrar os miolos para explicar essa aparente contradição.
 
Como um dia já o disse James Carville, o marqueteiro da campanha de Clinton em 1992, “é a economia, estúpido!” Em outras palavras: está-se numa terra de gente dos mais diversificados matizes econômicos, mas com destaque para lá de acentuado para pecuaristas e madeireiros. Para se ter uma idéia, saiba-se que, grosso modo, apenas essas duas atividades respondem por mais de 60% da economia do Estado. Por mais que certo esgotamento do modelo extrativista vegetal esteja favorecendo o avanço das indústrias de alimentos, o setor madeireiro ainda representa mais de 30% do PIB rondoniense (23% madeira bruta e 8% produção moveleira). E um rebanho de 12 milhões de cabeças produzindo mais de 500 mil toneladas de carne por ano lambe os 40% do mesmo índice.
 
Considerando que o resto da economia da maloca gira basicamente em torno do agronegócio (produção de grãos), não fica assim tão difícil estimar o nível da tensão entre os setores do Planalto encarregados da política ambiental e a permanente pressão por expansão da fronteira agrícola numa região onde a lei limita em 20% a destinação da terra para tais atividades. Não por acaso quando Cassol chamou Marina de “despreparada” seu índice de popularidade disparou.
 
3 – EFEITOS DELETÉRIOS
 
Na época, a então ministra acusou Rondônia de ser um dos Estados que mais derrubam a floresta com base em dados do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) - que terminaram revelando-se discrepantes. Cassol não perdoou. "Ela é despreparada para ocupar o cargo que ocupa", disse, justificando que Marina não "teve a humildade" de ligar para ele e "pedir desculpas ao povo brasileiro e de Rondônia" pela divulgação dos dados, que seriam "mentirosos". A trombada aconteceu em fevereiro de 2008 e foi mais uma gota no pote até aqui de mágoas da petista, que transbordou nos idos de maio. Desnecessário dizer sobre o quanto o Palácio Presidente Vargas comemorou.
 
O certo é que, por essas e por outras, a possibilidade de uma candidatura Marina à Presidência pelo PV tem deixado os verdes locais em polvorosa. Mas como a eleição de 2010 será a primeira dos tempos recentes em que os partidos estarão desobrigados da verticalização, Lindomar Garçon diz estar mais ou menos tranqüilo. Haja o que houver, promete que estará no comboio comandado por Cassol no processo eleitoral do ano que vem. Que, pelo andar da carruagem, leva jeito de ser um dos que servirá à eventual candidatura Dilma Roussef.
 
Em todo caso, em que pese não estar muito seguro, Garçon imagina meio sem convicção que estará relativamente imune aos possíveis efeitos deletérios de uma candidatura Marina porquanto acredita que o grosso do seu eleitorado é urbano, com mais de 30% em Porto Velho, quase 60% em Candeias e mais de 25% em Alto Paraíso, conforme uma sondagem que tem em mãos.
 
Já o deputado Miguel Sena está para lá de desconfiado acerca das conseqüências perniciosas que uma candidatura presidencial dessa natureza pode acarretar para seu projeto de reeleição. Tem eleitores em Porto Velho, mas sabe que não vai muito longe se for refugado pelos de Guajará Mirim, Rolim de Moura e Nova Mamoré - basicamente os seus redutos. Por via das dúvidas, na hipótese de que a reforma eleitoral aprove o dispositivo que abre uma “janela” na lei de infidelidade partidária, está considerando seriamente a possibilidade de trocar de partido. Ou seja, caso o anúncio da pré-candidatura de Marina pelo PV termine por se materializar, Sena não vai pagar para ver.
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