Política & Murupi - Por Leo Ladeia

Frase do dia:

“É forte, muito forte, fortíssimo o cheiro de estrume que exala do Conselho de (a)Ética de um Senado que, por inqualificável, é cada vez mais fácil de qualificar.”  – Jornalista Josias de Souza

01-Engarrafamento

O sempre caótico trânsito de Porto Velho conseguiu ficar ainda mais caótico. As razões são conhecidas e as soluções passam por estudo embasado no Plano Diretor. Aí a porca torce o rabo. O plano diretor está defasado, necessita de atualização, – a cidade cresce acima do previsto – ou seja: nem a Fernanda, Silveira, Itamar ou quem quer que seja tem condições técnicas de resolver o imbróglio. Some-se a isso o fato de que os recursos são finitos e parcos para a empreitada. Para desengarrafar, só com a ajuda do Ministério das Cidades. De novo vem a porca: ajuda só com projetos e força política. De qualquer forma ajudaria muito se a Semob fizesse um mutirão para tapar os buracos. Não é definitivo mas, ajuda e é mais fácil. Aliás, é hora de aproveitar o verão e desenrolar as obras senão...     

02-Falando nisso...

Os serviços públicos de qualquer prefeitura se sustentam como uma mesa de quatros pés: saúde, educação, serviços gerais como coleta de lixo e obras. Em Porto Velho a coisa não é diferente. A saúde que era uma tragédia vem apresentando sensíveis sinais de melhora mas, depende de obras em andamento. A educação vai bem na parte administrativa e só é criticada quando alguma obra deixa uma escola em palpos de aranha. Nos serviços gerais salta ao olhos a necessidade de obras para a implantação da coleta e destinação do lixo, apesar da coleta atual ser satisfatória. Obras: o carro chefe da atual administração está se transformando no grande calo do prefeito.  Sobram obras e atrasos. O pior é que as obras atrapalham o item transversalidade e complica a ação das outras secretarias. Para pensar. 

03-Acordo fajuto I

O senador Expedito Jr., ainda montado na garupa duma moto, subiu o tom discurso contra o governo federal e desancou: “É um desrespeito com a população do meu estado. São pouco mais de cinco mil famílias que acreditaram num documento assinado pelo ministro Carlos Minc e pelo presidente do Instituto Chico Mendes, Rômulo Barreto Mello. O Palácio assumiu o compromisso de enviar para cá, imediatamente, uma medida provisória. Isso até agora não aconteceu. Se isso não ocorrer, as consequências serão dramáticas, vai ser o maior derramamento de sangue em Rondônia”, advertiu. Será que o tal acordo é fajuto ou alguém conseguiu passar – coisa difícil de acontecer – uma rasteira no Cassol?

04-Acordo fajuto II

Como previsto pelo governador Cassol, o canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Jirau acabou mesmo sendo invadido por pessoas que aguardavam uma solução para a retirada da área do Rio Pardo. Convenhamos que o festejado acordo, foi uma obra de engenharia rápida e como tudo feito às pressas – havia a necessidade de se liberar com urgência a Licença de Instalação da obra – traz pontos que podem e estão sendo contestados. E pelo que fui informado, o governador Cassol deve ir ao “campo de batalha”. Ontem lá esteve o chefe do Decom sem conseguir demover a plebe rude de continuar tocando no bailão.          

05-Acordo fajuto III

Era de se esperar. A senadora Fátima Cleide desceu a borduna e acusou “autoridades do Estado” de patrocinar o movimento de invasão da usina, inclusive com “o pagamento de passagens”. “Isso é um absurdo. Querem legalizar um acordo, que por ora não passa de protocolo de intenções, cometendo ilegalidades. Sobre a imposição do governador que quer um documento da Casa Civil, Fátima disse que espera o envio o mais breve possível e que no prazo máximo de 15 dias o goveno envie uma MP para encerrar a pendenga mas aproveitou a oportunidade e desferiu uma nova paulada: “É uma imposição de quem está patrocinando o movimento e que, diga-se de passagem, perdeu o controle sobre ele, está desesperado, por isso pediu este documento”. Ora se até o prefeito bate, por que não ela?

06-Acordo fajuto IV

O deputado Eduardo Valverde e o prefeito Roberto Sobrinho vão se reunir hoje à noite com o ministro Minc para retomar o acordo que vinha sendo costurado em busca de uma solução para os moradores de Rio Pardo, interrompidas quando “o governador Ivo Cassol decidiu conturbar o processo, lançando mão de chantagens e proselitismo político”, disse Valverde. “Estávamos bem encaminhados. As famílias já concordavam que teriam que retirar o gado, havia a possibilidade de deixar até 50 cabeças, teriam que optar por novos modelos de produção sustentável em pequenos módulos rurais, enfim, tudo caminhava para uma solução até que o governador entrou com chantagens, propôs um acordo e o vendeu como solução da lavoura, dizendo que tudo ficaria como estava, o que não era verdade”. Na barafunda instalada, Valverde tem sido a voz do bom senso e do consenso.

07-Acordo fajuto V

Uma informação dá conta de que o governador Cassol levou o tal documento à plebe rude e que isso teria acabado com o movimento. Release da Justiça Federal diz da liminar para reintegração de posse e revela:"não se discute, nestes autos, por certo, a legitimidade, ou não, das razões invocadas pelos manifestantes para levar a cabo o protesto. Do mesmo modo, não se pretende cercear os direitos, constitucionalmente assegurados, de livre manifestação e reunião pacífica, sem armas. Todavia, é indiscutível que o exercício destes direitos, pelos manifestantes, não se pode dar em prejuízo ou em sacrifício dos direitos de outros, inclusive o direito de ir e vir e de livre exercício do trabalho, também constitucionalmente garantidos." Fim do show e a plebe rude está “de volta pra casa”.

08-Quem é Paulo Duque no jogo do bicho?

O presidente do Conselho de Ética do Senado atende pelo nome aí acima e é um senador. Claro que poucos o conhecem mas, é aliado incondicional do Renan Calheiros, um cacife para ser o que quiser, ou melhor para o que Renan quiser no Senado. Duque, um político estadual – teve oito mandatos de deputado, chegou ao Senado em 2007, como segundo suplente do ex-senador e atual governador, Sérgio Cabral do PMDB. Octogenário mas com uma aparência bem forte, já deu mostras do seu estilo na seção que instalou a CPI da Petrobrás. Mais grosso que papel de enrolar pregos, rasgou o regimento por tantas vezes que a seção se transformou num circo tal o volume de gargalhadas.É o tanque do Renan. . 

09-Pizza indigesta

Lula encerrava uma entrevista quando o repórter lhe perguntou sobre os argumentos da oposição de que a CPI poderia acabar em pizza, temperada com o pré-sal, Lula não se fez de rogado e despachou na lata: "Depende. Todos eles são bons pizzaiolos". Claro que a ira foi grande até entre senadores da base governista. Da oposição saiu a resposta irônica, do senador Demóstenes: "O presidente da República está certo. Tem muito pizzaiolo aqui dentro. O PT está cheio deles. Primeiro o PT pediu que Sarney se licenciasse do cargo. Enquadrado por Lula, recuou. Depois voltou a pedir a licença. Em seguida disse que não forçaria Sarney a se licenciar". E o Zé de Nana falou: “a língua é o chicote do corpo”.

10-Festa no interior

Vem aí a marcha dos prefeitos a Brasília. Pode ser chamada de qualquer coisa, inclusive de marcha mas, na verdade, nada mais é que um momento festivo de tirar uma foto com o presidente – ano que vem tem eleição, o presidente tem mais de 80% de aprovação e uma fotinha dessas vale ouro – e passar o pires pedindo uns caraminguás. Traduzindo: Brasília se transformará numa grande romaria nordestina, tipo aquelas do Padin Ciço. Fila, beija-mão e “esmola pelamordeDeus”. Os prefeitos vão sair com “algum” que dá para acertar as contas em atraso, pagar o 13º e se economizarem direitinho, ainda sobra “uns trocos” para a campanha eleitoral. Junto com o santinho do condenado abraçado ao presidente Lula.