POLÍTICA & MURUPI – Por Léo Ladeia

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Foto: Divulgação

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Frase do dia:
 
"Cabe ao juiz e somente ele pode fazer isso. Isso provocou um debate público. Daí, atribuir à PF que ela atuou tendenciosamente, com motivação partidária, é uma injustiça."– Luiz Fernando Correia, diretor-geral da Polícia Federal sobre o vazamento de nomes de políticos na Operação Castelo de Areia
 
01-O aumento caô e Ataúlfo Alves
 
“Pois é, falaram tanto...” Cassol “deu uma ré de fasto”, pôs a boca no trombone e disse que seu aumento não é aumento, apesar de ter sido aprovado pela ALE. E mais: vai oficiar à secretaria de Administração para que, tanto o salário do governador quanto o do vice sejam mantidos nos valores atuais. E tem mais ainda: vai enviar mensagem à Assembléia mantendo os valores atuais dos salários dos secretários. Se entendi direito, o tal aumento serve apenas como referência para servidores que ganham por produtividade – os auditores – e que estariam limitados pelo teto salarial máximo. Acho que é isso. Mas, roda o LP e o Ataúlfo canta: “A maldade dessa gente é uma arte, tanto fizeram...”. Viu como a vida imita a arte e a arte desembaraça os rolos? Pois é.
 
02-Mototáxis I
 
O senador Expedito Jr, pressiona pela regulamentação, taxistas e motoristas de ônibus saem em passeata e mototaxistas lotam o plenário da Câmara. Os argumentos pró e contra são variados, a questão cai para o maniqueísmo e duas questões importantes são postas de lado. A primeira diz respeito à vontade soberana da população que deve decidir se quer ou não o serviço. A segunda é eminentemente técnica. Porto Velho tem condições de absorver o serviço? Para a primeira, a solução é a consulta via audiências públicas. Para a segunda, a análise técnica sobre a segurança veicular para passageiros e condutores. E antes da decisão final, que prevaleça a lei. Começa mal o serviço de mototaxi: de forma clandestina e, portanto, ilegal. E isso é só o começo. Aí tem coisa
 
03-Mototáxis II
 
O serviço de mototáxis funciona a contento em pequenas cidades mal servidas por transporte coletivo. Em termos de táxis, Porto Velho tem uma frota acima da média. O problema é o serviço de ônibus. Escafedo-me da questão do preço da passagem – ninguém se entende nesse item – e passo ao número de ônibus que é insuficiente para atender à demanda, à pontualidade que não é respeitada, aos percursos mal feitos, à falta de estrutura da cidade com relação aos pontos de embarque, vias e à falta de fiscalização pela prefeitura e empresas. Ambiente para o surgimento de alternativas discutíveis, como os mototáxis ou vans. Pior é que o caso se transformou em porta aberta para a irracionalidade politiqueira. A solução não é boa, já está na rua e agora?
 
04-Mototáxis III
 
Não se pode fazer de conta que a atividade de mototaxista não exista. Existe. Como a do camelô, do sacoleiro, do ambulante, etc. Quando a técnica não é levada em conta, soluções políticas se encarregam do problema. Foi assim com sacoleiros, na verdade uma atividade precária situada no limite da legalidade, com o contrabando e/ou descaminho de mercadorias, regulamentada mais pela inépcia de quem deveria inibi-la, que pela real necessidade de existir. Convivemos com outra, o jogo do bicho – instituição nacional e ilegal – e o bingo clandestino segue pelo mesmo caminho. Bancas de produtos piratas se espalham no país com o apoio permissivo pago em propina pelos miseráveis e/ou seus patrões. Por esse lado, capitulo: o mototaxi é um mal menor.
 
05-Quem avisa amigo é
 
Vem se desenhando há algum tempo um acidente envolvendo carretas e veículos de auto-escola na Avenida Lauro Sodré, no trecho entre o Incra e entrada do Bairro Nacional. Por determinação do MP, a pista que era fechada diariamente para aulas de volante, foi reaberta e a atividade foi para a área de estacionamento do Parque Circuito. Na verdade um “jeitinho”, já que os veículos continuam transitando em grande volume no mesmo local, formando filas no lado esquerdo da pista ao lado do canteiro central e fazendo o retorno irregular. É só uma questão de tempo. QRX.    
 
06-Penúria
 
Toque de recolher nos quartéis. Vivendo em situação de penúria de há muito, as nossas Forças Armadas acabam de receber um comando de “ensarilhar armas” do ministro da Defesa, Nelson Jobim: “O orçamento da Defesa, que seria de R$ 9,6 bilhões, deverá baixar para R$ 6,8 bilhões”. E “...Por conta disso, estamos reduzindo a incorporação dos nossos recrutas de 80 mil para 40 mil este ano”. Na verdade o corto no orçamento não atinge 30%, O problema é que cortar é sobre o que já pouco. Traduzindo: o Brasil está sem dinheiro para alimentar, uniformizar e pagar os novos recrutas. A notícia não poderia chegar em pior hora. Os planos para reequipamento e ampliação nas áreas de atuação estão na gaveta e por lá devem ficar por um bom tempo.
 
07-Não to entendendo...
 
A ALE que vinha sendo a “menina dos olhos” da mídia em Porto Velho virou saco de pancadas. E – pode ser impressão apenas – mas foi logo depois que um deputado questionou a relação custo x benefício, algo que lembra uma figura do Zorra Total que depois de aprontar se justifica com um “eu tô pagando...”. Pelos lados da Prefeitura a coisa segue o mesmo caminho, já que a tal da publicidade oficial ainda será licitada. Isso lembra a figura da antiga “verba de zelo” que foi para o lixo. Só esqueceram de jogar o lixo fora. Continua embaixo do tapete. É só levantar a ponta e...
 
08-Déjà vu
 
Operação Satiagraha: Prisão, estardalhaço, habeas corpus, pedido de prisão, habeas corpus, bate boca, investigadores passam a investigados, a briga foi parar na justiça e o juiz Fausto De Sanctis viajou para o exterior. A partir daí Daniel Dantas – nunca mais se ouviu falar dele – saiu de cena e entrou o Delegado Protógenes, mas desgastado que dente de capivara. O objetivo foi alcançado e a operação, torpedeada, foi para o fundo. Como diz a máxima do jogo do bicho, “o que é bom dá duas vezes” e estamos novamente com uma operação semelhante e até com o mesmo juiz De Sanctis, que, aliás, já viajou, como de praxe. O nome da operação é mais que apropriado: Castelo de Areia que tem tudo a ver com praia, mar torpedo e fundo. Cópia imperfeita da Satiagraha.
 
09-É melhor descriminalizar o caixa 2
 
Do jeito que a coisa vai e com eleições batendo à porta, a tendência vai ser tratar o caixa 2 como um apêndice necessário à democracia e, através de MP, PLS, PEC, ou qualquer uma dessas siglas, dar-lhe o “status quo” de desvio suportável. Tarso Genro, ministro da Justiça, ao comentar o imbróglio da Operação Castelo de Areia, disse que a suspeita de crime eleitoral contra partidos e políticos de oposição, levantada nas investigações "é uma questão secundária" e só se tornará objeto de investigação se o Ministério Público e a Justiça Eleitoral determinarem. "É preciso checar se realmente ocorreram financiamentos ilegais. Reitero: o inquérito da Castelo de Areia não está acusando nenhum partido de ter recebido financiamento ilegal". Fiquei boquiaberto.
 
10-CPI da refinaria
 
Irritados com o vazamento de nomes de parlamentares da oposição que receberam doações da Camargo Corrêa, tucanos do Senado brandiram a CPI para investigar obras refinaria Abreu Lima, em Pernambuco. Apurações da própria Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal, e auditoria do TCU detectaram superfaturamento nas obras da refinaria. Para os líderes de oposição, a ação da PF teve "viés político" ao deixar de lado as irregularidades na obra, e permitir o vazamento de nomes de políticos oposicionistas que receberam recursos da empreiteira na campanha municipal de 2008. Como Tarso Genro refrescou o caixa 2, os tucanos devolvem a gentileza e o jogo que é de pura catimba, vai acabar empatado. A CPI é só p’ra fazer medinho.
 

leoladeia@hotmail.com 

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