POLÍTICA & MURUPI - Por Leo Ladeia

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Frase do dia:
“O que gerou mais perplexidade na nossa bancada foi o ministro da articulação política sair comemorando." – Senador Mercadante sobre a eleição de Fernando Collor para presidir a Comissão de Infraestrutura.
 
01 – Reabilitação
Foi só dizer ontem que o brasileiro não cultua seus heróis e dei com os burros n’água. Não é que o Clube Social Recreativo e Beneficente Senado Federal resolveu homenagear nomes que estavam no limbo político, levando-os aos píncaros da glória? Pois é preclaro cidadão... De uma lapada só, Sarney que estava em estado periclitante no seu Maranhão e Amapá, é o presidente do Senado, com uma renca que ia para o ostracismo à sua volta. Renan, um herói assim, meio que Macunaíma, é líder do PMDB, braço direito, esquerdo e tantos outros que até parece um polvo do clubinho. Collor é o presidente da Comissão de Infraestrutura e tem mais gente. Acho que o “clubinho” abriu uma clínica de reabilitação pros “limpeza pura”.
 
02 – Reabilitação II
O atraso é injustificável mas, enfim aconteceu. João Goulart ou apenas Jango foi anistiado “post mortem”. Jango era o presidente da República Federativa do Brasil e foi deposto pelo golpe militar de 1964 e refugiou-se no Uruguai. Na década de 70 viveu na Argentina até sua morte na cidade de Mercedes vítima de ataque cardíaco. Como versão da história é contada pelos vencedores, Jango passou da condição de mandatário maior do país ao limbo político e as poucas referências era a de que vivia no exílio. A lei da anistia promulgada em 1979 não o encontrou com vida. Jango havia morrido 3 anos antes. Mortos não falam e Jango foi esquecido. Ontem, depois de quase meio século, Jango foi anistiado. Mais que justo.
 
03 – Reabilitação III
Depois de ser atropelado pela dupla Sarney/Renan no seu próprio PMDB – exercia o cargo de líder no Senado – o Senador Raupp volta à cena política como líder da maioria na Casa. Raupp é um caso raro de homem que apeado do poder no seu estado, onde foi governador, usou o tempo para aumentar seus conhecimentos. Cursou uma faculdade e voltou à disputa sendo eleito Senador. No Senado, além da liderança, teve papel destacado como relator do orçamento e foi apontado pelo DIAP como um dos mais importantes nomes do Congresso. O retorno a um cargo relevante turbina seu nome em Rondônia, justo no momento em que o tema eleição estadual e seus desdobramentos, conversas, acordos, etc., ganha as ruas. 
 
04 – Desmatamento
Mais complicado que entender palestra de economista e/ou voto de ministro do Supremo é analisar os dados e estatísticas sobre o desmatamento nas amazônias – de cara temos pelo menos três – a legal e que engloba o cerrado, a brasileira limitada por nossas fronteiras e a equatorial que envolve outros países limítrofes. Para complicar, os dados do desmatamento têm origem e funções diversas e assim, um mesmo dado – dependendo das interpretações – tanto aponta para a redução como para o aumento. Mas se Imazon e INPE vão na mesma direção, pode até haver diferenças de números mas não de tendências. E foi o que se viu nos últimos dias. Independente números e dúvidas – até as nuvens interferem na leitura do satélite – o desmatamento arrefeceu, pela correção de rumos na política pública, repressão do IBAMA, multas, lacre de madeireiras, etc. Creio que esse é o caminho: mão no bolso dos espertinhos. Tá-se falando, tá-se teimando e dá nisso aí ó. Vamos apertar mais o garrote.
 
05 – Sem supresas. Lá e cá.
Lula deixou barato a eleição de Collor para a Comissão de Infraestrutura do Senado e disse que não viu com surpresa a eleição porque havia um acordo que previa sua vitória. Lembrou porém, que faltou respeito à proporcionalidade partidária para os cargos no Congresso. Para Lula, o acordo que permitiu a eleição do presidente do Senado, José Sarney, foi o mesmo que levou Collor à vitória na disputa com a senadora Ideli Salvatti ocorrida ontem. "O acordo que elegeu o Sarney, elegeu o Collor", disse ele. Ora se Lula não ficou surpreso, por que eu ficaria? O que me surpreende – e de há muito – são os rapapés e importância que Lula e o PT dispensam a Sarney. Aliás, nem isso deveria me surpreender. Se bem me lembro, Collor e Lula chamavam Sarney de ladrão. O tempo passa, o tempo voa e o Sarney? Numa boa.
 
06 – Tapando a boca com trabalho
“Ele não foi eleito em Rondônia para qualquer cargo. Nunca teve voto de ninguém para nada. Sequer foi eleito para dirigir o partido! Na verdade, foi imposto pela senadora Fátima Cleide como dirigente partidário”, bradou o deputado Tiziu da tribuna da ALE contra Tácito Pereira, dirigente do PT. Pelo tom do discurso proferido, parece que o deputado se sentiu ofendido. Ora, tanto a defesa do líder do governo, quanto as críticas do dirigente são parte do processo democrático. Cobrar e dar explicações fazem parte dessa coisa chata chamada democracia. Melhor que desclassificar a questão e quem a fez, seria mostrar o trabalho feito. A transparência calaria a boca dos Tácitos, Zés, Chicos, Carlinhos, Léos, todo mundo.  
 
07 – Caridade e bom senso
Nada contra as religiões, qualquer que seja a denominação visto que cada qual tem a sua mas, com pesar tomei ciência do posicionamento público de bispo católico sobre o aborto autorizado pela justiça e com apoio médico para interromper a gravidez numa criança de 11 anos. Molestada pelo padrasto a menina engravidou de gêmeos e corria risco de não levar a termo a gravidez indesejada. O ato médico consentido pela justiça foi uma demonstração de caridade – uma virtude religiosa – e bom senso. Posicionar-se a favor da vida é uma coisa e a favor da morte das três crianças envolvidas é outra. A igreja católica rechaça a prática do aborto e sou favorável ao dogma. Mas, no caso em pauta, o silêncio misericordioso seria de mais valia. A gravidez pelo estupro, traz em si o pecado ou o crime na origem. Para pensar.
 
08 – Vida marvada
O sonho da casa própria pode virar realidade. O governo vai subsidiar quase integralmente a compra a faixa de baixa renda. O programa a ser lançado este mês prevê prestações mensais simbólicas, de R$ 15 a R$ 20, para famílias que ganham até três mínimos por mês. E haja refresco: o comprador só começará a pagar quando já estiver morando no imóvel. O  plano tem perfil de "Bolsa-Habitação" mas, os subsídios de quase 100% atingirão apenas os mais carentes, que ganham até R$ 1.395 por mês. Cálculos do governo indicam que 85% do déficit habitacional, de 7 milhões de moradias, está concentrado nessa faixa, a maioria em grandes cidades. Juntando-se três programas de governo, o Prouni, o Bolsa Família e agora o Bolsa Habitação, o candidato governista ao Planalto poderá fazer um strike logo de saída.
 
09 – FeBeACon
Com tanta coisa grande por fazer e o Congresso se apequena. Na primeira sessão em que foram realizadas votações no plenário do Senado neste ano – dois meses após as festas de fim de ano – os ínclitos parlamentares do “clubinho” só conseguiram aprovar indicações de autoridades. A pauta está trancada por duas MPs, impedindo a votação de qualquer outra que não seja a ratificação das indicações de autoridades. Pior, o líder do governo, senador Romero Jucá, ainda não fez o relatório da primeira MP que tranca a pauta. Ou seja, a crise rola no planeta e na ilha da fantasia a “tchurma” do clubinho mergulha no fascinante mundo das indicações de cargos. Tá-se falando, tá-se teimando... e o povão votando e renovando.
 
10 – Gilmar Mendes, o MST e o nó de forca
Da palavra à ação. O ministro Gilmar Mendes, presidente do STF, deixou a toga e o rito e foi à luta. Telefonou para a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa para lembrar que as ordens jjudiciais são ordens mesmo e precisam ser cumpridas, mesmo quando está no rolo de cobra o MST. Na gaveta da governadora há 111 ordens judiciais de reintegração de posse tirando uma soneca e quem deu a dica foi a senadora Kátia Abreu que berrou: “Há dois anos que governo do Estado do Pará não convoca a Polícia Militar para fazer a reintegração de posse pacífica”. O rolo ficou pior: CNA e Federação de Agricultura do Pará vão protocolar o pedido de intervenção federal no Pará. Se Ana Júlia não correr, o pedido vai parar no STF e aí é tirar o banco e deixar o nó apertar o pescoço. Tá-se falando, tá-se teimando, dá nisso...
Porto Velho, 030409.
 
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