DESENCONTROS: Jornalista chega há 4 meses preso com história bizarra

João Paulo Prudêncio já trabalhou no Rondoniaovivo e é acusado de ser cúmplice de feminicídio, mas investigações ainda não esclareceram crime

DESENCONTROS: Jornalista chega há 4 meses preso com história bizarra

Foto: Divulgação

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Um crime bárbaro que chocou a capital de Rondônia. A calculista criação de um teatro de suicídio com intuito de esconder a verdade. O assassinato frio de uma jovem com a vida inteira pela frente. A dúvida sobre a real participação de dois suspeitos e a infeliz certeza de uma menina morta.
 
A trama envolvendo o jornalista João Paulo Prudêncio, de 36 anos, o ‘amigo’ Thiago da Cunha Alves e a vítima Monalisa Gomes da Mata, de 24 anos, começou no dia 06 de dezembro do ano passado.
 
O assassinato de Monalisa ocorreu em um apartamento, localizado no bairro Embratel, em Porto Velho. A jovem, vítima de feminicídio, era companheira de Thiago. 
 
João Paulo é retirado de viatura para participar de reconstituição do crime - Foto: Reprodução de vídeo
 
Teatro
 
O laudo do IML apontou que Monalisa foi estrangulada e tinha uma série de escoriações pelo corpo. Mas de acordo com a ocorrência 189509/2021, a PM foi acionada pelo SAMU para averiguar possível suicídio de Monalisa que teria se matado com um fio elétrico enrolado no pescoço, na versão dos suspeitos.
 
Thiago disse aos PMs que os três estavam bebendo em um bar nas proximidades, quando decidiram ir embora. Os amigos foram para o apartamento da vítima para fazer uso de drogas ilícitas.
 
No apartamento, houve uma intensa discussão entre Thiago e sua companheira. Ele teria surtado e quebrado uma guitarra no chão, ao sair do banheiro e encontrar João e Monalisa usando droga sentados na beira da cama do casal. Para se defender, Monalisa quebrou uma garrafa e ficou segurando o gargalo. João fez o ‘deixa disso’.
 
Com ânimos supostamente mais calmos, João foi para sala para continuar o uso de drogas. Thiago ficou com Monalisa no local.
 
Thiago também é retirado de viatura para participar de resconstituição - Foto: Reprodução de vídeo
 
De acordo com a defesa de João Paulo, o advogado Samuel Costa, passado um tempo, Thiago aparece na sala, dizendo para João que em função da discussão, iria dormir na casa de seu pai e pediu uma carona.
 
Ao chegarem no portão da casa de seu pai, Thiago teria dito para João ir buscar mais drogas. Tinha mudado de ideia, voltariam para o apartamento, onde tinha deixado sua esposa. Passaram no conhecido ‘campo do Treze’, local de venda de entorpecentes e posteriormente ao local.
 
Na chegada, segundo relato de João Paulo, ao chegar novamente ficou na sala fazendo uso. Passado um tempo, Thiago vai ao quarto e começa a gritar em suposto desespero de encontrar Monalisa desfalecida, sentada numa cadeira e com um fio enrolado no pescoço.
 
Thiago que se dizia amigo de João Paulo, armou cena do crime para que jornalista acreditasse que Monalisa tinha se suicidado - Foto: Reprodução de vídeo
 
Em desespero, João teria tentado cortar o fio no pescoço de Monalisa, quando acabou se ferindo. Colocada na cama, João teria feito massagem cardíaca e tentativa de respiração. 
 
Com esperança de estar viva, já que Thiago afirmava sentir seu pulso, Monalisa foi colocada no carro de João e levada até o SAMU, mas a mulher já estava morta, conforme relatos do médico que prestou atendimento. Segundo informações da Polícia Civil, as brigas do casal eram constantes.
 
A defesa de João Paulo diz que houve um homicídio. A defesa de Thiago garante ter sido um suicídio
 
Reviravolta
 
No dia 16 de dezembro, 10 dias depois do crime, João Paulo e Thiago da Cunha Alves fizeram a reconstituição do crime. Ao retornarem para o presídio Urso Branco, Thiago voltou para a cela sem João Paulo. 
 
Segundo o advogado de João Paulo, Samuel Costa, Thiago teria confessado para os apenados M.G.S.O e J.F.O, que matou Monalisa e deu detalhes do crime.
 
Samuel Costa é quem tenta mostrar inocência de João Paulo Prudêncio à justiça - Foto: Arquivo Pessoal
 
De acordo a carta feita pelos apenados, Thiago estava muito chateado com Monalisa, que dias antes o fez dormir no chão, após uma intensa discussão entre o casal. 
 
Segundo versão que teria sido confessada por Thiago no presídio, ele teria ficado no quarto com Monalisa e com a porta trancada, momento que aplicou um golpe (mata leão) provocando a morte de sua esposa.
 
Uma das cartas escritas pelos presos que ouviram a confissão de Thiago, onde João Paulo foi enganado
 
Com medo e para tentar despistar João Paulo que não havia percebido nada, Thiago colocou a companheira já morta em uma cadeira, amarrou uma corda em seu pescoço e forjou o suicídio. 
 
Após o crime, Thiago pediu para João Paulo e levá-lo até a casa de seu pai, os dois saíram, mas Thiago se arrependeu e os dois voltaram para o apartamento momento em que encontraram Monalisa amarrada como se realmente houvesse tirado a própria vida.
 
Ainda segundo relatos dos presidiários, João Paulo tentou soltá-la e acabou cortando sua própria mão com uma faca. Mesmo assim, ele a colocou no carro para levá-la a uma unidade de saúde à procura de socorro. Neste momento, o jornalista realmente acreditava que Monalisa havia se suicidado.
 
À época da divulgação da carta, Samuel Costa, advogado de João Paulo, comentou que teria enviado os relatos à delegacia e à justiça. 
 
 
Segunda carta de outro preso que ouviu a confissão de que João Paulo é inocente
 
“Comunicamos imediatamente a Delegacia de Homicídios e o Poder Judiciário para que façam a devida análise. Pedimos que as testemunhas escrevessem a versão narrada anteriormente para João Paulo, a respeito da confissão do crime por Thiago. É nítido e notório que o jornalista João Paulo foi induzido ao erro pelo autor do crime”.
 
A defesa de João Paulo diz que houve um homicídio. A defesa de Thiago garante ter sido um suicídio. 
 
Ameaças
 
No dia 01 de abril, o jornalista completou quatro meses preso. Em carta encaminhada ao seu advogado, João Paulo alegou ter sido ameaçado de morte por Thiago dentro do presídio Urso Branco.
 
Thiago apresenta uma extensa ficha de violência na Polícia Militar. Inclusive a própria Monalisa o denunciou por tentativa de estrangulamento meses antes de sua morte. Já o jornalista não tinha nenhum registro policial na vida.
 
“Perdi meus bens, minha dignidade, meu emprego. Estou sendo humilhado, mas acredito na justiça”, afirmou o jornalista através de carta repassada ao advogado.
 
Mais revelações
 
Recentemente, João Paulo divulgou nova carta com seis páginas, dando mais detalhes de como está a sua rotina na cadeia, além do crime ocorrido em dezembro do ano passado.
 
João Paulo completou quatro meses preso imaginando que estava ajudando a salvar Monalista, quando na verdade, ela tinha sido morta pelo próprio marido - Foto: Arquivo Pessoal
 
“Confesso que nunca imaginei estar na condição atual ao qual me encontro, hoje, domingo, 27 de março de 2022, escrevo de dentro de uma cela do presidio Urso Branco, meu endereço atual é a cela J3, quadrado onde são “guardados” todos os presos custodiados por crimes contra a vida”.
 
E segue: “Minha prisão, injusta, indevida e caluniosa está sob análise dos olhos do Poder Judiciário onde deposito minha confiança na plena luz da justiça. Porém, o que vou falar nessas linhas não é sobre a justiça que ansiosamente espero que caia sobre mim, mas sobre como funciona o sistema judiciário em Rondônia”.
 
O trecho mais forte está no final do texto: “Deixo meu pedido de apoio a quem sabe da minha inocência. O João Paulo que todos conheciam morreu junto com Monalisa no dia 06 de dezembro. O sistema carcerário é capaz disso, ele muda a pessoa, altera sentimentos, mas minha humildade, paz, amor e respeito pela vida seguem inabalados”.
 
Caminhos
 
No meio dessas idas e vindas, houve a primeira audiência de João Paulo na Justiça também na sexta-feira (01). De acordo com o advogado dele, o cenário é animador.
 
“Devido o caso ter muitas testemunhas ficou designada para continuar em outro dia. Ainda não há nova data, pois estamos aguardando o juiz despachar. As evidências, provas períciais e testemunhais não o incriminam”, afirmou Samuel Costa.
 
Apoio
 
A mãe de João Paulo Prudêncio, por meio de seu perfil no Facebook, postou uma matéria onde ela cobra um desfecho favorável para o filho. 
 
“Meu filho é inocente! Está esperando justiça”, escreveu ela.
 
Na publicação, com 94 curtidas, 40 comentários e 10 compartilhamentos dão apoio ao profissional. Veja:
 

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