PF investiga participação de políticos em esquema de fraude
Foto: Divulgação
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Greenfield é o mais novo item na coleção de operações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) contra a corrupção. Ela foi conhecida ontem com a prisão preventiva de cinco ex-dirigentes da Funcef, o fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal. A lista de investigados inclui mais 35 pessoas. Estão envolvidos também os dois maiores fundos do país: Previ, do Banco do Brasil e Petros, da Petrobras. O Postalis, dos Correios, é outro sob devassa. De acordo com os indícios relatados na ação, que corre em segredo de Justiça, os fundos compraram, por valores superfaturados, cotas de fundos de investimentos em participação (FIP).
Os recursos financiaram, por meio da compra de ações e debêntures — títulos da dívida das empresas — projetos ainda no papel, o que, no jargão empresarial, é chamado de greenfield, ou campo verde em inglês. Entre as empresas beneficiadas estão a Sete Brasil, criada para fornecer navios-sonda à Petrobras, e a Eldorado Celulose, do grupo J&F. Os investigadores não descartam desdobrar a operação para mapear o destino final dos recursos: a suspeita é de pagamento de propinas a políticos.
Foram bloqueados R$ 8 bilhões, por determinação do juiz substituto da 10ª Vara Federal de Brasília, Vallisney de Souza Oliveira. A lista de bens interditados inclui 90 imóveis, 139 automóveis e uma aeronave. Também foram apreendidos R$ 350 mil, US$ 100 mil e 50 mil euros em espécie, além de obras de arte e joias.
Os quatro fundos de pensão têm patrimônio de R$ 312,9 bilhões. O maior é a Previ, com R$ 163 bilhões. Em seguida vem a Petros, com R$ 82,8 bilhões; a Funcef, com R$ 57,9 bilhões; e o Postalis, com R$ 8,9 bilhões. Com exceção da entidade de previdência complementar dos empregados do Banco do Brasil, os participantes das demais terão de fazer contribuições extraordinárias para cobrir o rombo de quase R$ 50 bilhões acumulado pelas entidades em consequência de investimentos mal sucedidos.
Foram presos temporariamente os ex-dirigentes da Funcef Carlos Augusto Borges, Demósthenes Marques, Maurício Marcellini Pereira, Guilherme Lacerda e Humberto Pires Grault Vianna de Lima. Carlos Alberto Caser e Fábio Maimoni, ex-empregados do fundo de pensão dos funcionários da Caixa, não foram localizados pelos agentes. Wagner Pinheiro, ex-presidente da Petros, foi conduzido coercivamente para prestar depoimento. Ele e Sérgio Rosa, ex-presidente da Previ, que será ouvido hoje no Rio de Janeiro (RJ), mantêm fortes ligações com o PT. Apadrinhado pelo PMDB e já investigado pelo MPF, Alexej Predtechensky também vai depor hoje, na capital fluminense.
A lista dos outros 35 nomes (leia quadro) inclui os irmãos Wesley e Joesley Mendonça Batista, donos do grupo J&F, holding que controla a JBS e a marca Friboi. Wesley prestou depoimento na sede da PF em São Paulo. Joesley estava no exterior. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que presidiu o conselho da J&F, não é citado.
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