Problema seria a falta de gasolina para usar voadeiras que levam alunos para escolas
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O Rondoniaovivo recebeu diversos vídeos de apelo de mães e cenas de crianças fazendo um grande esforço para ter acesso a um serviço básico e que deveria ser garantido, segundo a Constituição Federal: o acesso à educação.
Mas, muitas sequer conseguem ir para a escola, pois segundo elas, algumas já estão há quatro meses sem estudar. O motivo seria a falta de gasolina para colocar em funcionamento as voadeiras que fazem o transporte dos alunos.
“Eu vim pedir encarecidamente ao poder Judiciário agilidade para cobrar do município e do Governo do Estado. Agilidade e providências sobre o que está acontecendo aqui. Não é só minha filha, mas tem mais alunos sem aulas, devido a esse transporte que não tem”, disse Maria, mãe de uma aluna da linha PV-8.
Adolescentes enfrentam barranco alto para pegar uma carona e ir à escola - Reprodução de vídeo
Quem tem um pouco mais de sorte e disposição, pode utilizar cavalos, com a companhia do pai, que utiliza um celular para gravar a saga para chegar até o colégio. Ou caminhar por um quase um quilômetro, embaixo de um sol escaldante para aprender e tentar ter um futuro melhor, enfrentando ainda o risco de cair em um barranco alto.
“Senhor juiz, esse é o transporte usado pelos meus parentes. Aqueles que vem na canoa são meu irmão, um colega dele e os que ‘vai’ descendo, meu filho e minhas duas sobrinhas. Eles estão com vergonha e não querem falar. Eles vão desse jeito e sem colete. Eles vão duas vezes por semana só para a escola e sem colete. Eu quero que o senhor tenha misericórdia deles”, falou uma outra mãe.
“Esse é o nosso trajeto de casa para a beira. Nós precisamos dessas voadeiras o mais rápido possível. A criança precisa estar estudando com mais carinho, já que são crianças dedicadas. Querem estar dentro da sala de aula, mas não estavam tendo condições. Agora, graças a Deus, surgiu essa oportunidade de levar elas duas para o colégio”, afirmou uma terceira mãe que gravou as duas filhas caminhando embaixo do sol, acompanhadas por um cachorrinho de cor caramelo.
Meninas enfrentam sol quente para chegar até a beira do rio; sorte delas é a companhia do cachorrinho - Foto: Reprodução de vídeo
A mãe que utilizou vídeos divulgados em grupos de WhatsApp para pedir ajuda ao Poder Judiciário e à Prefeitura de Porto Velho, em um barranco na beira do rio, fez um novo apelo.
“Hoje de manhã fiz um vídeo do meu filho, das minhas duas sobrinhas e o amigo deles. Ainda tem uma outra filha minha de 14 anos que estuda em outra escola, na Deigmar Moraes de Souza. Por isso que venho lhe pedir [ao juiz do caso], está muito difícil. Não temos condições de comprar gasolina para eles irem. A gasolina está muito cara”.
Mãe que gravou filho e sobrinho descendo barranco, ainda disse ao juiz que "gasolina está muito cara" - Foto: Reprodução de vídeo
Alerta
Uma professora da escola Deigmar Moraes de Souza, que está localizada na comunidade de Cujubim Grande, que fica a cerca de 25 quilômetros do Centro de Porto Velho, ainda demonstrou preocupação com o futuro dos alunos da região.
“Sabemos que o Poder Público pode nos ajudar. Temos alunos querendo voltar para a escola e a Constituição Brasileira garante isso para eles. Direito de aluno é na escola. Além de ser uma comunidade ribeirinha, ainda temos o perigo da prostituição, das drogas, porquê é uma área de garimpo. Se o Poder Público não olhar com olhar de bondade, de justiça, de misericórdia para essa comunidade, eu não sei o futuro desses jovens”.
Menina tem um pouco mais de sorte e vai de cavalo para a escola, seguida de perto pelo pai - Foto: Reprodução de vídeo
Problema antigo
Há quase 10 anos, desde a cheia do Rio Madeira, o transporte escolar na zona rural de Porto Velho vem sendo noticiado pela imprensa local e nacional de forma negativa.
Os problemas são os mais diversos: falta de ônibus, operações policiais envolvendo o desvio de recursos do setor, greve de motoristas e monitores e até mais recentemente, falta de combustível nos veículos, que fez os estudantes serem levados em carrocerias de caminhonetas sem nenhum tipo de proteção ou segurança.
O problema é tão grave e antigo, que o Rondoniaovivo também divulgou que o promotor de Justiça, Alexandre Jésus de Queiroz Santiago, transformou o tema em tese de mestrado na Universidade Federal de Rondônia (UNIR).
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