Ser penalmente imputável, saber ler e escrever, possuir carteira de identidade e CPF, são os critérios fundamentais para dar entrada na Carteira Nacional de Habilitação (CNH), em todo o território nacional. Mas ainda existe um ponto principal que todo cidadão dever cumprir para se tornar habilitado, é o investimento.
As provas práticas das categorias A e B realizadas pelo Departamento Estadual de Trânsito de Rondônia (Detran/RO), custam ao bolso do candidato R$ 379,41, fora o valor da CNH cobrado pelo Centro de Formação de Condutores (preço em torno de R$ 1.500), além de taxas de prova teórica (R$ 138,81), exame psicotécnico (R$ 158,24) e exame de vista (R$ 158,24). O preço total chega a quase R$ 2.500 (dois mil e quinhentos reais).
Em Porto Velho, o Detran utiliza dois espaços para a realização das provas. O primeiro é reservado para exames das categorias A e B. Neste local, a categoria B realiza a primeira parte da prova que é a manobra de baliza. O ambiente tem banheiro e serviço vigilância e fica localizado na Rua da Beira, BR-364, zona Sul da capital.
Local onde é realizada prova prática de categoria A e fase 1 da categoria B | Foto: João Vitor Muniz
Após a realização da fase 1, os candidatos devem se deslocar para outro local. Dessa vez, os testes são na rua Preciosa, no bairro Jardim Eldorado. Lá os examinadores à serviço do Detran dão início ao percurso de rua (fase 2 da prova).
Alunos se espalham pela rua, aguardando a vez para realizar o exame prático de carro | Foto João Vitor Muniz/Rondoniaovivo
“Sem banheiro, água, teto e segurança”
Relatos enviados ao
Rondoniaovivo, revelam que o segundo local de prova é impróprio e insalubre aos alunos. De acordo com Vivian Felizardo, ex-candidata, faltam investimentos por parte do governo no local.
“Recentemente eu fiz minha prova de carro lá, a gente não tem cadeira para sentar, não temos água, e eu que sou mulher, não tem como fazer xixi. O local é simplesmente desproporcional do absurdo que a gente paga”, declara a ex-candidata.
Ainda segundo Vivian, ela temia aguardar no local por medo de ser alvo de ações de criminosos. “Depois que vamos para o percurso, ficamos no sol na beira da rua esperando para fazer a prova. É muito perigoso por que não tem nenhuma segurança lá e a gente fica em pé, à mercê dos bandidos”, afirma.
Uma outra aluna, que preferiu não se identificar, também conversou com o
Rondoniaovivo e reclamou das más condições no aguardo do exame.
“Eu cheguei lá às 9h40 e já tinham outras pessoas fazendo prova. Nós ficamos aguardando. Lá não tem bebedouros, banheiros e nem onde sentar. Como ficamos bastante tempo esperando, tivemos quer sentar no meio fio. Só para vocês terem uma ideia, eu saí de lá 12h naquele sol quente”, conta a mulher.
A aluna também fez questão reforçar que o local não tem segurança. “No primeiro espaço, pelo menos onde fazemos baliza, tem o guardinha que só deixa entrar quem vai fazer a prova. Mas no local onde vamos fazer o percurso, fica todo mundo no meio da rua e não tem segurança nenhuma”, revela.
Sindicato cobra
De acordo com o presidente do Sindicato das Autoescola de Rondônia (Sindar), a luta com o Detran já dura há anos.
O presidente do Sindar revelou que desde que assumiu a diretoria do sindicato, conversa com o Departamento de Trânsito, pedindo um local mais apropriado aos alunos, mas não obtém retorno.
O presidente afirmou ainda, que para conseguir algo no Detran tem que haver interferência política.
Entrada do local onde é feita a prova prática de categoria A e fase da categoria B | Foto: João Vitor Muniz/Rondoniaovivo