O ex-deputado Tiziu Jidalias, candidato a vice-governador em 2010 na chapa encabeçada por João Cahúlla, acusado de ter recebido R$ 1 milhão de um grupo chinês para “aliviar” o relatório final da CPI das Usinas triplicou seu patrimônio em quatro anos. De acordo com informações repassadas ao Tribunal Regional Eleitoral, em 2006, quando foi candidato a deputado estadual, Tiziu declarou um patrimônio de pouco mais de R$ 2,3 milhões. Em 2010, esse valor pulou para R$ 6.317,985, ou praticamente três vezes mais que a eleição anterior.
Um site paraense divulgou reportagem informando que o ex-parlamentar havia recebido em julho de 2010, R$ 1 milhão da empresa Universal Timber Resource (UTR) em quatro cheques de R$ 250 mil que o então deputado sacou em uma agência do Bradesco em Porto Velho. Curiosamente, Tiziu foi o maior doador para a campanha de João Cahúlla nas eleições daquele ano e ele declarou ter depositado R$ 1 milhão, em espécie na conta da campanha no dia 29 de novembro daquele ano, além de outros depósitos e transferências. Tiziu doou no total para a campanha de João Cahúlla, R$ R$ 2.491.242,00. Praticamente um terço de todos os seus bens.
Relações perigosas
Tiziu era sócio de José Caleide Marinho, também conhecido como “Sidney da Signos”, empresário com passado sombrio revelado após a Operação Dominó, da Polícia Federal que desbaratou um esquema de corrupção na Assembleia Legislativa de Rondônia em 2006. Na época, a PF descobriu que Sidney se chamada José e que era foragido da Justiça, por crime de homicídio ocorrido no Amazonas. Ele comprou documentos falsos e adotou nova identidade.
Quando o caso veio à tona, a Honda do Brasil ameaçou “tomar a bandeira” da concessionária RONDOMOTOS que pertencia a Tiziu e Caleide. Na época, o senador Ivo Cassol, então governador, comprou a parte de Caleide e repassou para seu filho, Ivo Cassol Júnior, que segundo informações extra-oficiais, detém a maior parte das ações da empresa.
Dossiê Conexão China
Um dossiê contendo gravações de vídeo e áudio, além de uma série de documentos que supostamente comprovariam esquemas de corrupção envolvendo a subsidiária brasileira do grupo chinês SUSFOR em Rondônia, a UTR, e políticos do Estado, foi entregue nesta quarta-feira ao Ministério Público Federal e a Polícia Federal em São Paulo. Entre os documentos constam cópias dos cheques que supostamente foram entregues a Tiziu em 2010. O mesmo dossiê revelaria ainda relações próximas do ex-chefão da Santo Antônio Energia, José Bonifácio Pinto Júnior, o “Boni” com o senador Ivo Cassol, então governador na época. Cassol, eleito senador em 2010, gastou pouco mais de R$ 7 milhões em sua campanha e todos os recursos declarados foram decorrentes do comitê de campanha.
CPI das Usinas
A Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou supostas irregularidades nos consórcios que constroem as usinas do Madeira apresentou um relatório pífio. O deputado Valter Araújo, atual presidente da Assembleia, que chegou a fazer parte da comissão, se recusou a assinar o relatório por não concordar com seu teor. Em novembro de 2009, Tiziu chegou a declarar na tribuna da
Assembleia que “vinha recebendo ameaças e sofrendo constrangimentos”. Ele afirmou que havia sido impedido de conceder entrevista a uma rádio de Ariquemes que mantinha contrato com o consórcio de Jirau e disse que “a Força Nacional e a Polícia Federal estavam fazendo uma devassa em sua vida”.
Em março de 2010 o deputado Tiziu desapareceu por cerca de duas semanas, em plena reta final da CPI. Ele alegou que estava em Brasília e São Paulo onde participou de alguns eventos que nada tinham a ver com a situação que passava em Rondônia. Nessa época, a imprensa e a população já questionava a falta de interesse da Assembleia em finalizar o relatório. Tiziu declarou, “Nós decidimos que ficaria acertado que logo ao retornarmos do recesso convocaríamos novamente os representantes dos dois consórcios. E já estamos enviando os ofícios para que os mesmos compareçam à comissão na próxima terça-feira (16 de março). Quanto ao relatório final, Tiziu disse que a população teria um resultado satisfatório. “Estou muito feliz com o resultado que estamos alcançando, até porque a nossa intenção ao criar esta CPI foi única e exclusivamente de buscar uma compensação justa para o povo de Rondônia”.
CONFIRA ABAIXO RELATÓRIO FINAL DA CPI DAS USINAS