Porto Velho tem Padroeira? - Por Professor Nazareno

Vinte e quatro de maio é destinado à nossa maior benfeitora. Só que não há um único dia de homenagens festivas à santa. Não existe nada de festa neste nem em outro dia. O nome da catedral da capital de Rondônia também não combina, a exemplo de tantas out

Porto Velho tem Padroeira? - Por Professor Nazareno

Foto: Divulgação

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O Brasil, por ser um país com maioria de cristãos católicos em sua população, sempre pautou a vida diária de suas localidades baseada no calendário oriundo da própria Santa Sé. Praticamente todo e qualquer pequeno lugarejo deste país e até mesmo as grandes metrópoles têm um santo padroeiro e as suas igrejas principais ou catedrais homenageiam esse santo e o adotam geralmente como o patrono do lugar. Em Calama, por exemplo, São João Batista é homenageado com oito ou dez dias de festas anualmente todo mês de junho. A principal igreja daquela comunidade ribeirinha recebe o nome de São João Batista. No Rio de Janeiro temos a Catedral de São Sebastião e todo vinte de janeiro sem nenhuma exceção é dia santo na cidade. Há muitas comemorações e festejos na “cidade das Olimpíadas”.
 
Em Porto Velho, para não fugir à tradição, já que grande parte da população se diz católica, temos também o dia do nosso padroeiro. Na verdade, padroeira: Nossa Senhora Auxiliadora. Vinte e quatro de maio é destinado à nossa maior benfeitora. Só que não há um único dia de homenagens festivas à santa. Não existe nada de festa neste nem em outro dia.  O nome da catedral da capital de Rondônia também não combina, a exemplo de tantas outras localidades do Brasil afora, com o nome de sua padroeira. Catedral do Sagrado Coração de Jesus é o nome do nosso maior templo católico. Provavelmente o bispo amazonense Dom João Irineu Joffily deve ter determinado esta esquisitice aos rondonienses quando em 1917 lançou a pedra fundamental para a construção, dez anos depois, da nossa principal casa de orações.
 
Ainda assim, os habitantes locais adoram festas. Como tem santo padroeiro sem arraial ou festejos, eles inventaram um arraial sem santo para compensar a bizarrice. É o Flor do Maracujá, evento tão importante para as autoridades que “entra ano e sai ano” e ainda está sem local definido para a sua realização. Muitos nativos eufóricos chegam até a dizer que se trata da “maior expressão da cultura local” ou “o maior arraial do Norte do Brasil”. Tolices. É um amontoado de gente mal vestida comendo “gororoba” a preço de ouro em meio a esgotos catinguentos e a céu aberto. É um espetáculo deprimente e horrendo ver aquelas pessoas espremidas num ambiente poeirento que sufoca qualquer cristão com coragem suficiente para participar daquilo. Este ano ainda teremos por lá os políticos à cata de votos.
 
Temos também várias outras atrações vindas principalmente da Bahia para animar os porto-velhenses. Ivete Sangalo, por exemplo, esteve por aqui recentemente, levou muitos mil reais da economia local e ensandeceu uma multidão entusiasmada e calculada em mais de vinte mil foliões. Alegria contagiante que contrasta absurdamente com as dez ou quinze almas que estavam em frente ao João Paulo Segundo na Avenida Campos Sales, zona sul da cidade, implorando uma assinatura para a construção de um novo hospital de pronto socorro para a capital. Para os próximos dias está prevista a apresentação da Banda Calipso com Joelma, Chimbinha e companhia nos palcos locais. Mais dinheiro saindo do nosso Estado em vez de ajudar a aquecer a economia daqui. O Brasil está começando a gostar de Rondônia.
 
Uma bonita, organizada e divulgada festa do santo padroeiro não só colocaria a capital de Rondônia na rota do turismo católico do mundo como faria com que grande parte desse dinheiro que abastece e enriquece as celebridades “do Axé” e de tantos outros lugares ficasse por aqui mesmo. Agindo assim, só aumenta o festival de coisas estranhas que parecem existir apenas em terras de Rondon: futebol com spray de pimenta, estádio ultra-moderno para 42 mil torcedores numa cidade onde praticamente não há times de futebol, ponte suntuosa sem estradas, ginásio de esportes que só serve para exposições e alojamento, políticos sanguessugas fazendo campanha eleitoral, compra de votos a cem reais, falta de água e saneamento básico numa cidade amazônica e produção de energia elétrica para beneficiar os habitantes que ainda confundem isto aqui com Roraima, além disso, ainda temos “santo sem arraial” e “arraial sem santo”.
 
 
 
*Leciona na escola João Bento em Porto Velho (profnazareno@hotmail.com)
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