O adjetivo novo tem servido para muita coisa. Nos últimos anos, porém, ele tem sido usado para justificar mentiras e acobertar eventuais condutas delituosas.
Poucas vezes, o vocábulo novo tem sido colocado a serviço da melhoria das condições de vida da população, principalmente, dos segmentos mais carentes.
Quando se trata da prestação de serviços, essenciais à vida da sociedade, aí, então, os absurdos e as barbaridades aparecem com mais freqüência.
O dicionarista Francisco da Silveira Bueno define o termo novo como jovem, moço, de pouco tempo, dentre outros conceitos.
Durante a primeira campanha para a prefeitura de Porto Velho, o candidato e, hoje, prefeito Roberto Sobrinho (PT), prometeu mudar o jeito de fazer política, no município. E anunciou a chegada de um “novo tempo de mudanças”.
Até hoje, porém, passados quatro anos, dois meses e doze dias à frente da prefeitura, ninguém entendeu direito esse novo tempo sobre o qual Sobrinho tanto falou, especialmente, em suas aparições televisivas e nos programas eleitorais.
Que sintonia há entre o “novo jeito de fazer política” do prefeito e os escândalos da compra de grama, a preço possivelmente superfaturado, da contratação de prestador de serviço, sem licitação, do sumiço inexplicável de um veículo da prefeitura, sob a responsabilidade da SEMED, e das obras inacabadas? E o pior é que o prefeito não respondeu a nenhuma dessas acusações.
Há, contudo, quem acredite que estamos passando por um período de modernidade, de transformações intensas, sobretudo no campo político.
Para esses, pouco importa que os métodos rotineiramente usados na condução dos negócios públicos estejam exatamente iguais há vinte anos.
De igual modo, também não importa que a postura nada recomendada de certas autoridades públicas continue sendo marcada pelo renitente autoritarismo que se julgava haver sido superado.
O problema é que, num país movido por crendices e arroubos demagógicos, o farisaísmo político encontra campo fértil para proliferar-se.
Não é de agora, que servidores do município brigam para receber o pagamento de qüinqüênio sobre a remuneração do cargo, como manda a lei. Há, inclusive, decisão judicial nesse sentido, mas o prefeito simplesmente finge desconhecê-la. Esse é “o nove jeito de fazer política do PT”?
Incontáveis foram às vezes em que o então candidato Roberto Sobrinho recorreu ao termo novo para diferenciar o que seria seu governo dos antecessores, mas, hoje, quase nada são as manifestações concretas nessa direção.
Das idéias à prática, do esboço à concretização das intenções, pouco se tem a contabilizar, exceto pela certeza de que dizer a verdade é sempre arriscado. E, quem o faz, acaba sendo perseguido, discriminado e processado, ainda que muitas das acusações recaiam sobre os ombros de conhecidos da Justiça, por procedimentos nada convencionais.