A Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados recebeu nesta quarta-feira (17) farta munição para subsidiar a auditoria nos financiamentos feitos pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e que tem beneficiado apenas “meia dúzia” de conglomerados frigoríficos assentados na região sudeste.
A auditoria foi solicitada na semana passada pelo deputado federal Ernandes Amorim (PTB), alegando favorecimento a cartelização de frigoríficos em detrimento a função social do banco de fomentar o desenvolvimento.
O parlamentar também fez relato, na tribuna da Câmara, desse favorecimento que, segundo ele, vem desde os anos 70, e elencou um total de 66 conglomerados – maioria multinacional - beneficiados. “Enquanto isso falta financiamento para os pequenos produtores rurais, principalmente em Rondônia, que são submetidos a todos os rigores de uma legislação bancária que lhes exigem todos os tipos de garantias, e que na maioria das vezes torna inviáveis as suas operações de financiamento para plantio e colheita”, comparou.
Apesar dessa contradição, afirma o deputado, o BNDES anunciou na semana passada que vai injetar R$ 450 milhões no grupo Independência, uma holding familiar que detêm 100% de um dos maiores frigoríficos do País. Esse aporte será feito em duas etapas, com o repasse de R$ 250 milhões de imediato (nesse mês) e R$ 200 milhões em janeiro próximo.
Segundo Amorim, esse aporte de capital será usado para pagar dividas, aumento de capital de giro e se sobrar algum, para aumento da produtividade, e não prevê nada sobre aumento e geração de empregos, que é umas das metas principais do BNDES.
“É exatamente essa caixa preta que o meu requerimento de fiscalização visa, pois a Operação Santa Teresa da Policia Federal em seu relatório numero 10, afirma que os presos pela operação tinham um contato estreito com a cúpula do BNDES, que pleiteavam um financiamento no valor de um bilhão de reais para construção de rodovias no Peru e Argentina. Esses mesmos lobistas presos pela operação Santa Teresa, agenciavam um empréstimo de 300 milhões para o Frigorífico Friboi e 126 milhões de reais para a Prefeitura de Praia Grande (SP). Esses fatos, em se tratando de dinheiro do trabalhador, já são suficientes, até mesmo para uma CPI”, atesta Amorim.