Pesquisa mostra consumidor mais cauteloso diante da crise econômica

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Foto: Divulgação

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As compras de fim de ano das classes C e D não deverão sofrer grandes mudanças por causa da crise financeira internacional, exceto pela opção por presentes mais baratos e que serão dados a um menor número de pessoas. A classe C tem renda entre R$ 1.213 e R$ 3.033 e a D, entre R$ 697 e R$ 1.213.

No primeiro bimestre do ano que vem, entretanto, o comportamento dos consumidores “já deverá seguir estratégias contra o impacto da redução econômica, como a diminuição do uso de cartões de crédito e de celulares e do consumo de energia elétrica, entre outros serviços públicos, como forma de pagar menos tarifas”.

As informações constam da pesquisa Retrato da Crise, que ouviu 1.720 pessoas em sete países latino-americanos: Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Honduras, México e Panamá. O resultado foi divulgado, em São Paulo, pelo vice-presidente de Planejamento da McCann Erickson Brasil, Aloísio Pinto. No Brasil, foram entrevistadas 618 pessoas.

De acordo com Aloísio Pinto, o objetivo do levantamento foi antecipar como será o comportamento do consumidor nos próximos meses. Ele disse que algumas mudanças já são percebidas, como o adiamento da compra de veículos, eletrodomésticos e imóveis e de reformas na casa.

“Observamos que, nas intenções de compra, não se pretende alterar o consumo de alimentos e de produtos de higiene e limpeza, nem de educação.” No que se refere a alimentação, ressaltou o executivo, isso não deve ser visto apenas como uma questão de sobrevivência, mas sim de que a pessoa bem alimentada é mais capaz de trabalhar e gerar mais renda.

A pesquisa, realizada de 25 a 31 de outubro, ouviu homens (49%) e mulheres (51%) com idades entre 25 e 60 anos, sendo 50% de pessoas das classes C e 50% da D. Do total de entrevistados, 85% declararam que, atualmente, a vida varia entre regular e boa. Ao comparar o momento atual com a vida que tinham três meses antes, a maioria (58%) dos entrevistados respondeu que a situação piorou, 25% disseram que nada mudou e 17%, que houve um melhora.

Segundo o levantamento, 42,7% das pessoas acham que as condições do país pioraram, 37% disseram que tudo está igual e 20,3% falaram em melhorias. Além disso, os brasileiros “se vêem menos vulneráveis à crise” que os demais latino-americanos ouvidos na pesquisa. Os consumidores que pretendem adiar planos de investimentos e consumo de bens duráveis são 61%.

A pesquisa identificou que os efeitos da crise já afetam mais moradores das regiões do interior do que das grandes metrópoles, na proporção de 47% nas áreas mais ligadas ao meio rural para 36% nas regiões mais urbanas.

Isso se justifica, conforme Aloísio Pinto, pela redução da demanda por commodities (produtos com cotação no mercado internacional) e também pelas projeções de menos consumo com quedas de preços. Para ele, isso acaba refletindo em todo um ciclo: “Não só na produção, por exemplo, de uma determinada atividade agrícola, mas em toda a dinâmica do interior, que depende desse ramo afetado como o comércio”.

Sobre a situação dentro de um ano, porém, tanto os entrevistados do interior quanto das grandes cidades manifestaram boas expectativas. Um total de 45,9% do interior acredita em melhorias, 27,1% estão pessimistas e 25,9% esperam que tudo continue igual. Nas metrópoles, 57,1%, esperam melhorias, 21,8% projetam piora da situação e 21,2%, a manutenção do quadro atual.

De acordo com a pesquisa, as mulheres (63%) estão mais pessimistas quanto aos efeitos da crise do que os homens (49%).
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