O Ministério Público de Rondônia resolveu declarar guerra contra o nepotismo. Dirigentes dos poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e Tribunal de Contas, foram aconselhados a promover uma varredura nos cargos ocupados por parentes até terceiro grau em linha reta ou colateral, consangüíneos ou afins.
Informações dão conta, no entanto, de que alguns dirigentes estariam fazendo ouvido de mercador às recomendações emanadas daquela instituição, insistindo na manutenção da parentalha no serviço público.
Insensíveis ao que ocorre ao seu redor, certos administradores parecem não se aperceber das graves conseqüências dessa conduta nefasta para os cofres públicos, ignorando, consciente ou inconscientemente, os princípios que norteiam a administração pública, assentados na Constituição Federal.
É difícil compreender o que se passa nas cabeças ocas dessas autoridades, dadas as complexidades de um pensamento assim, que não enxerga o que acontece de imoral em torno de suas doutas pessoas.
É por causa do inchaço, quase teratológico das folhas de pagamentos de cargos comissionados e funções de confiança, dentre outros abusos inconfessáveis, que muitas prefeituras, inclusive a de Porto Velho, vivem a mingua de recursos, com os prefeitos de pires nas mãos.
Numa próspera cidade, encravada no chamado Cone Sul do estado, onde são rotineiras, além de denúncias de nomeações indevidas, marmeladas envolvendo o erário, quase cem por cento dos cargos teriam sido ocupados por parentes e cabos eleitorais do prefeito.
No entanto, nem mesmo a ameaça de punições rigorosas, que raramente ocorrem, consegue intimidar os infratores. O Ministério Público pede, recomenda, mas poucos o obedecem.
Pode até não parecer muito, mas a ação desencadeada pelo Ministério Público, no combate ao nepotismo, é um sinal positivo de que nem tudo está perdido e que ainda resta a esperança de que esse cancro purulento não se tornou de tudo um mar capaz de submergir a cidadania, até mesmo no que ela tem de mais nobre, que é o respeito pelo patrimônio e pelos recursos públicos.
Graças ao trabalho do Ministério Público, a sociedade vem tomando conhecimento de um cipoal de mutretas, patrocinadas por dirigentes cúpidos, que só encontram explicações na avidez e na desonestidade de espertalhões, que entendem ser o erário uma parte expressiva dos seus bens.
Ainda bem que podemos contar com a vigilância do Ministério Público. Ao contrário de outros organismos, que preferem, por negligência ou conformismo, permitir que o erário continue sendo dilapidado por aves de rapina e catitas gulosas, ele tem sabido vencer a apatia e o imobilismo, não somente na guerra contra o nepotismo, mas também em outras frentes de batalhas.