O SILÊNCIO DOS INOCENTES: Revi um dos mais assustadores filmes do cinema - Por Marcos Souza

Revi esse clássico de 1991 e só para constatar que é uma obra-prima do gênero terror e policial, com um suspense em nível muito alto

O SILÊNCIO DOS INOCENTES: Revi um dos mais assustadores filmes do cinema - Por Marcos Souza

Foto: Divulgação/MGM

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Revi esse clássico de 1991 e só para constatar que é uma obra-prima do gênero terror e policial, com um suspense em nível muito alto. Uma experiência cinematográfica emocionante e visceral.
 
Dos poucos e raros filmes que assisti no cinema e fiquei dias lembrando dele após a sessão, articulan-do como foram capazes de fazer um filme tão bom, mas tão bom que parece real, assustadoramente real.
 
A análise crítica abaixo tem spoilers do filme. Se você não assistiu ainda, recomendo que assista e depois volte para ler. Filmaço.
 
 
Baseado no livro de Thomas Harris, de 1988, que havia utilizado o personagem Hannibal Lecter em um romance policial anterior, adaptado pela primeira vez no filme "Manhunter" (1986) que depois foi refilmado como "Dragão Vermelho" (2002) 'O silêncio dos inocentes” se tornou um clássico instantâneo quando lançado nos cinemas.
 
 
A repercussão da crítica foi tão positiva e surpreendente que o filme, que custou na época 18 milhões de dólares, fez uma bilheteria de 130 milhões só nos EUA e, mundialmente, quase 300 milhões de dólares.
 
Dirigido por Jonathan Demme, um diretor diversificado, apaixonado por comédias policiais e realiza-dor de um dos melhores filmes-concerto da história com a banda Talking Heads (se não assistiu ainda, procure e assista; impossível ficar parado), “Stop Making Sense” (1984).
 
O filme foi adaptado para o cinema pelo roteirista Ted Tally, apaixonado pelo livro de Harris, e escrito sob encomenda da produtora Orion Pictures (que depois foi comprada pela Metro-Goldwyn-Mayer, que atualmente pertence à Amazon Prime).
 
O suspense é um duelo e entrega de interpretações da atriz Jodie Foster e do ator britânico Anthony Hopkins  brilhante como Hannibal. É impossível assistir à principal linha narrativa com os dois personagens  a agente novata do FBI Clarice Starling e o psicólogo brilhante e serial killer, o cani-bal Lecter  sem sentir o impacto arrepiante de cada encontro entre os dois em cena.
 
A história é simples e direta. Clarice é convocada pelo seu chefe, o diretor do departamento de ciência comportamental do FBI, agente Jack Crawford (Scott Glenn), para entrevistar o perigoso e brilhante assassino Hannibal Lecter, que se encontra em uma prisão de segurança máxima cumprindo prisão perpétua. Ela deve conseguir que ele faça um perfil de um serial killer que vem matando jovens mu-lheres, arrancando parte de suas peles, o que o torna conhecido pela mídia como “Buffalo Bill”.
 
Com esse perfil, os federais esperam ter pistas para encontrar o assassino. Porém, quando Clarice en-contra Lecter, descobre que ele tem um poder de controle emocional sedutor, de manipulação, que ela tenta evitar, mas deixando a percepção de que ele está sempre um passo adiante, sempre como um homem refinado.
 
Logo se percebe que Lecter encontra em Clarice a personalidade de uma mulher de segredos e trau-mas íntimos que ele pode utilizar a seu favor num jogo de interesse obscuro, mas sagaz.
 
É notório o trabalho brilhante do roteirista Tally, casado à direção de Demme nas tomadas de cena com os dois personagens. No primeiro encontro, a figura de Lecter está sempre num plano superior, com closes próximos de seus olhos e sua capacidade de conter reações emocionais sem ao menos pis-car.
 
 
Mesmo separados por uma parede de vidro temperado e pela iluminação  dependendo do ângulo em que cada um se enxerga , tanto Clarice quanto Lecter estão conectados por um duelo entre a criatura e a aprendiz, e isso está impregnado nos gestos e expressões dos dois.
 
Enquanto Clarice não esconde o desconforto e o receio por estar diante daquela figura estranha e ex-tremamente educada, Lecter parece dominar a agente com o inicial desprezo por ser arguido por uma novata. Porém, manipulável.
 
Esse primeiro encontro é uma obra-prima de condução narrativa na apresentação dos dois persona-gens centrais.
 
A partir daí, seguimos duas linhas narrativas  os encontros de Lecter com Clarice (todos geniais) e as ações e sugestões das motivações que levam aos crimes do serial killer “Buffalo Bill”, até três linhas se considerarmos, em menor proporção, claro, o relacionamento respeitoso, porém dúbio, entre Clarice e seu superior, agente Crawford.
 
“Buffalo Bill” é James Gumb (Ted Levine, maravilhoso em seu papel), um homem trans com desvio de personalidade que enlouquece depois de não conseguir sua cirurgia de transição para o sexo femi-nino em três clínicas, por causa de sua incapacidade psicológica.
 
 
Porém, é preciso assistir às minúcias dos gestos e motivações do personagem seja nas palavras de Lecter, que o conhece como ex-paciente, ou nos momentos de intimidade de Gumb com uma refém presa num poço no porão de sua casa para entender a complexidade de sua persona no extremo da busca pela sexualidade através do crime, o que é explicado em poucas palavras e de forma clara por Lecter ao desenhar seu perfil para Clarice.
 
Nessas linhas narrativas, o diretor conduz com maestria a investigação de Clarice junto ao FBI, onde não existe violência explícita em nenhum momento, mas sequências de sugestões e consequências, sejam das ações de James “Buffalo Bill” Gumb quando uma de suas vítimas é encontrada e autopsia-da  ocasião em que a agente faz uma descoberta importante que terá consequência no terceiro ato do filme , ou nas narrativas de Lecter ao contar de maneira fria o que fazia com suas vítimas.
 
O sugestivo é o fator do horror do que a nossa imaginação pode criar com duas linhas de diálogos que assombram, como as unhas das vítimas de Bill incrustadas nas paredes do poço no porão, ou o casulo da mariposa asiática que tem a figura sugestiva de uma caveira.
 
E tudo que se desenrola na sequência da história vai costurando uma virada após outra, com prepara-ção para o que não podemos esperar do que pode vir pela frente. E é uma frente de suspense absurdo, a partir de achados no roteiro que tornam tudo orgânico, natural e literal, como na linha narrativa de Lecter, que permite a ele ser transferido para uma cela aberta no quinto andar de um prédio de segu-rança máxima cercado de policiais após um acordo com a senadora que teve sua filha seques-trada por “Bill”.
 
Nesse espaço, vamos assistir ao último duelo de Clarice com Hannibal, quando ela conta um segredo do passado em troca de uma revelação da identidade verdadeira de “Bill”. E é outro momento único, com a tensão e a perspicácia que a cena exige, numa interpretação magnífica de Hopkins, que analisa o segredo íntimo de Clarice ao mesmo tempo que elabora em sua mente todo o caminho dos passos que devem vir a seguir, seja manipulando a agente, até descobrirmos de forma apavorante que Lecter sempre teve o controle de tudo e de todos ao seu redor. Sempre.
 
 
Depois de se despedir de Clarice, vem então o que é considerado uma das melhores e mais assustado-ras sequências da história do cinema.
 
A fuga de Lecter.
 
É brilhante e letárgica a forma como a direção constrói a tensão, de gelar a espinha a cada frame reve-lador, até a mais espetacular virada que dá uma guinada inesperada na trama.
 
Eu escrevo, mas acho impossível alguém ainda não ter assistido essa obra-prima.
 
No terceiro ato, o clímax final, a forma como Clarice, com a pista deixada por Lecter, chega até “Bill” é outra linha narrativa de tirar o fôlego, quando é criada uma situação envolvendo dois momentos com o mesmo propósito a prisão do serial killer. Uma delas é para despistar. Adivinha quem acerta o propósito?
 
É o confronto da verdade, quando a novata fica de frente com o assassino no mano a mano, presa num ambiente desconhecido e cada respiração sua é o medo comandando sua adrenalina, que nos envolve de forma absurda.
 
Não há mais o que contar. Cada desfecho tem um trabalho lapidado numa narrativa inteira carregada pelos personagens, suas motivações pessoais e como isso flui de maneira catártica por um filme tão bem interpretado e concluído de forma aberta, porém com um humor negro cativante antes de subir os créditos finais, mostrando uma rua aberta e movimentada de populares próxima à praia de Bimini, nas Bahamas.
 
CURIOSIDADES
 
“O silêncio dos inocentes” foi o terceiro filme na história do Oscar a ganhar os cinco principais prê-mios da noite: melhor filme, melhor direção, melhor ator (Hopkins), melhor atriz (Jodie Foster, que dois anos antes havia ganho seu primeiro Oscar por “Acusados”) e melhor roteiro adaptado. Os outros dois foram “Aconteceu naquela noite” (1934) e “Um estranho no ninho” (1975).
 
O filme está na lista dos cem maiores filmes da história do cinema pelo American Film Institute (AFI) e foi considerado “culturalmente, historicamente e esteticamente” importante pela Biblioteca do Con-gresso, sendo escolhido para ser preservado no National Film Registry em 2011. Na mesma lista da AFI, Hannibal Lecter foi considerado o maior vilão da história do cinema.
 
O filme está disponível no Telecine Play e também no catálogo do serviço de streaming Prime Video.
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