Alexandre já tem dois livros escritos – “Elos do Horizonte” e “Margens e Constelações”
Foto: Robin de Blanche
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Queria deitar os olhos, pousá-los nestas texturas brandas que irrompem pelos cantos da minha alma, pois o peito vibra em frequência a esta onda que me atravessa, rasgando em plenitude o pouco de paz que prepondera no meu íntimo. Sinto-me incinerado por uma presença que me amarra, que devasta e me desconstrói, afugentando as tormentas que acorrentaram meu coração a um vazio angustiante.
Foi por uma fresta que eu desconhecia, um vão despercebido pelos meus agudos e sonoros desejos, que o frescor subitamente me incendiou, deixando-me vulnerável e refém de um colo macio, embevecido em uma ternura aprisionada e rara. Foi uma seca dedução que regimentou com pura poesia os cristais dos meus olhos inchados e tão aclimatados, adormecidos por este sonífero em que o mundo tem se tornado.
A cada segundo um tremor, uma palpitação coercitiva que me encadeia nas vibrações de um sorriso singular. É um calor visceral, que desabotoa as emoções mais rubras, consumando o coração em uma fugaz despedida, um despertar que aquiesce e me edifica, eleva-me em furor; engole-me em rompantes de pura sedução. O medo tripudia sua orquestra em tons afiados, violando as vestes com um toque pueril, mas anestésico.
A poesia saliva sua essência, e delibera rimas perdidas, desfalecidas, em meio às nuanças que outrora desvendavam meus olhares tão pincelados com romantismo. É o segredo que oblitera as escolhas, e arrefece os gestos em um súbito subterfúgio, rescindindo minha pobre alma em ermos e doloridos estilhaços. Eu me reinvento, pois há muito não sentia o ar nestas paragens. Foi uma lágrima que tornou novamente fértil o solo da esperança.
São os olhos que ladeiam minhas margens tão insípidas, reluzindo um toque revigorante, deliberando novas faces para este ruído inebriante que rompe as cortinas de um amor envolvente, uma nova e torpe tempestade que rotaciona o universo que se esconde dentro de mim. Eu me perco nestes segundos nos quais meu corpo estaciona e visualiza a engenharia das estrelas, deste céu tão alinhado ao meu.
São fagulhas que transpassam frestas, raios castanhos que colorizam as ruelas cinzentas por onde meu corpo, durante longo tempo, vagueava. Foi um encontro em meio ao desencontro que ressonava por todos os centímetros da minha fatigada alma. Ainda que me embriague, reato meus desejos à realidade, almejando absorver esta vibração que convulsiona, por inteiro, meu coração. Em meio a este silêncio que repercute e me enlaça, eu adormeço. Pego-me às vezes desejando acordar, pois já não sei mais se estou vivendo.
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