Espetáculo contemplado pelo Prêmio Funarte de Dança Klaus Vianna Resgata cotidiano ribeirinho através da dança contemporânea.
Na segunda-feira (15) estreou “D´Água e Lama” espetáculo de dança contemporânea contemplado pelo Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2013. Apresenta temática sobre a vida ribeirinha, seus costumes, e foco nos movimentos que surgem desde a sua infância a fase adulta. A concepção do espetáculo surgiu a partir da pesquisa imagética da fotógrafa Michele Saraiva.
Aliando a fotografia e a dança buscou – se no espetáculo criar um aprofundamento da relação “Ribeirinho e suas raízes” afirmou o Diretor e idealizador do projeto “Fabiano Barros”. Com a coreografia trabalhada por Gilca Lobo juntamente com as interpretes Ana Paula Venâncio e Cecí, o espetáculo trouxe ao público a relação entre a água e a lama, forte e surpreendente com elementos que instigam o corpo a movimentos que os ribeirinhos têm com o rio “água e a lama” tão presente em seu dia a dia.
A coreógrafa Gilca Lobo, cita a oportunidade que o espetáculo proporcionou em intensificar seu trabalho com elementos que ela já utiliza em sua pesquisa, incutindo nas bailarinas a percepção corporal de si, do outro e do espaço, no qual elas trabalham. Gilca aponta ainda, a diferenciação do trabalho. Um mergulho em outra dimensão, num tempo próprio, único, mais longo “O tempo ribeirinho” algo singular, uma câmera lenta, o qual apelidou – se de “Relógio grande”, onde as horas são ampliadas.
O trabalho desde sua pesquisa vem sendo desenvolvido há cerca de um ano, para o resultado do espetáculo foi necessário ensaios diários em uma construção coletiva (direção, fotografia, coreografia e interpretação) o qual focou se nos movimentos, a relação com a argila e a água que traz um ritual próprio do “D água e Lama”.
As interpretes Cecí e Ana Paula Venâncio fala da importância do trabalho, e como foi a construção dos movimentos e a necessidade de trazer a tona a realidade tão própria das comunidades, hoje, ainda ausente nos trabalhos apresentados. “Porto Velho é uma cidade de frente para o rio, este, que nos conecta as comunidades, então! somos ou não ribeirinhos? um questionamento que procuramos instigar no público” Enfatizam as bailarinas.
Cia de Artes Fiasco
Idealizada e dirigida pelo dramaturgo Fabiano Barros, a Cia de Artes Fiasco vem se dedicando desde 2001 às pesquisas nas áreas de Teatro, Dança e Performances. Apoiando-se nas mais diversificadas experimentações, foca os trabalhos na realidade do cotidiano amazônico, desenvolvendo uma investigação sustentada nos vários cenários étnicos, respeitando a realidade e o imaginário dos povos, concentrados na presença do ARTISTA considerado a essencial ferramenta para o fazer artístico da Cia.
A Cia intensificou sua pesquisa do cotidiano ribeirinho durante a construção do espetáculo teatral “As nove luas”. Da busca de informações para esse projeto surgiram vários outros elementos que resgatam a história desses ribeirinhos, o qual iniciou no “Nove Luas”, perpassa pelo “D´Água e Lama” e 2015 com a construção do espetáculo a “Ópera do Beradeiro”, que abordará uma das fases históricas de Rondônia “O ciclo do ouro” que traz a figura do garimpeiro, relacionando com a lenda da Yara”. “O Brasil precisa conhecer a realidade do homem Amazônico, o qual é ausente no cenário cultural nacional e não poderia deixar de citar a importância dos prêmios de incentivo a cultura pela Funarte, que possibilita a cia de Artes Fiasco e tantos outros grupos do norte e do Brasil a realização de montagem e circulação de espetáculos”. Enfatiza Fabiano Barros.