A secretária municipal Euma Tourinho fez um apelo emocionado ao comentar a participação inédita da Prefeitura de Porto Velho na tradicional campanha Papai Noel dos Correios. Segundo ela, o que deveria ser um gesto de fantasia e esperança infantil acabou revelando uma realidade dura: “Muitas crianças não pedem brinquedos. Pedem cesta básica. Elas passam fome, e os pais pedem que escrevam isso. Que criança trocaria um brinquedo por comida?”, lamenta.
Neste ano, cerca de 500 cartinhas foram atendidas graças ao engajamento de servidores, voluntários e parceiros. Mas, para Euma Tourinho, a demanda ultrapassa o alcance atual da campanha. Ela lembra que, no passado, os Correios também arrecadavam e distribuíam cestas básicas — prática que precisou ser interrompida por falta de logística e mão de obra. “Os servidores começaram a ter problemas de coluna, desgaste físico… simplesmente não havia estrutura para continuar.”
A secretária defende que a campanha seja fortalecida no próximo ano, com um esforço coordenado em âmbito estadual. “Se houver planejamento, tenho certeza de que poderíamos contar com apoio de reeducandos, do Exército, das polícias e de outras instituições. Mas precisamos de liderança para organizar tudo isso.”
Para Euma, a urgência é humanitária. “A fome dói durante todo o ano, mas é ainda mais dolorida no Natal”, destacou. A participação da Prefeitura reforça a intenção de transformar a campanha em uma ação mais ampla de solidariedade e combate à insegurança alimentar em Porto Velho.
A expectativa é que o sucesso da iniciativa deste ano sirva de base para um movimento ainda maior em 2026, garantindo que mais crianças possam ter, no mínimo, um Natal sem fome — e quem sabe, também, o brinquedo que sonham.