Livres das atividades que impulsionam aceleradamente a comunidade que nasceu há cerca de dez anos apenas, os moradores da acolhedora vila viveram uma noite repleta de muita reflexão, arte e sonho.
Ao assistirem filmes que abordam a intolerância de grandes empresários contra quem luta pela preservação do homem e da natureza, parte dos moradores se apressam em dizer que União Bandeirantes está bem diferente do que era há alguns anos, quando se registravam mortes violentas na região. “Nós precisamos da ajuda da mídia para mudar essa pecha injusta. É verdade que já houve tempo mais tenso por conflito de terras, mas isso é coisa do passado. O que nós precisamos mesmo é de ações das autoridades para melhorar a saúde e a educação, por exemplo. Faltam também projetos como esse de vocês para nos ensinar a lidar melhor com o ambiente, com o próximo, sem parar de sonhar e brincar”, aponta Antonio Trajano, que vive desde 2001 na região.
“União Bandeirantes é o melhor lugar do mundo. O último incidente aconteceu há seis meses, por conflito de terra como na maioria dos casos. Mas isso é coisa isolada, hoje moram aqui famílias devidamente assentadas que trabalham e produzem muito, principalmente na agricultura e na pecuária. Em dez anos de criação, União Bandeirantes registra 32 homicídios, número bem menor de certos bairros de Porto Velho no mesmo período”, desabafa o comerciante Luiz Carlos de Oliveira.
Uma coisa ficou patente, os moradores do lugar estão receptivos à arte e a outros eventos culturais, “basta que alguém traga até nós oportunidades como essa de reflexão. Eu agradeço ao Jurandir, à Fernanda e à toda equipe do FestCineamazônia por nos proporcionarem esse momento”, diz José Aparecido de Oliveira, administrador de União Bandeirantes.
A interação das crianças foi um show à parte. Mantiveram-se atentas aos filmes exibidos, mas a entrada do Palhaço Bicudo pôs a meninada em polvorosa. Ninguém mais ficou quieto com a atuação mirabolante de Bicudo. E os adultos também deixaram fluir seu lado criança e se divertiram pra valer.
Mas a noite foi mesmo de um dos membros da trupe – o Buda. Ele foi transformado em macaco pelo Bicudo. Quebrado o encanto, Buda virou um exímio manipulador da pirofagia chegando mesmo a cuspir fogo. Mas não houve magia nenhuma nisso. Buda, ou Charlúcio da Silva Brasil, 25, nasceu num circo, mas quer fugir do circo. Só que não tem conseguido. “Quando a gente está diante de uma plateia boa como esta, a gente esquece tudo que está lá fora. Dá uma baita vontade de voltar. A maioria da minha família nasceu no circo, mas eu quero dar um tempo. Mas confesso que o circo ainda mexe muito comigo. Quando eu vejo na TV alguma coisa do gênero eu fico meio balançado. A emoção é grande demais. Quando aplaudem, então, a coisa que fica gostosa de fazer. Eu não quero voltar, mas ainda sou muito influenciado”, confessa.
Nesta segunda-feira, 13/12, o FestCineamazônia chega à oitava comunidade: Jaciy-Paraná.
O FestCineamazônia itinerante 2010 é apresentado pela Oi, tem o patrocínio da Petrobras e BNDES, Governo Federal, Ministério da Cultura através da Lei Rouanet, apoio cultural Oi Futuro, Governo de Rondônia através da Secel, Prefeitura de Porto Velho, Secretaria Municipal de Educação (Semed) e Fundação Iaripuna.