O Banco Central (BC) anunciou nesta segunda-feira (3) uma medida que promete atingir o coração financeiro do crime organizado: o fim das chamadas “contas-bolsão”, utilizadas por facções criminosas e redes de lavagem de dinheiro para movimentar bilhões de reais fora do alcance das autoridades.
Essas contas eram mantidas por fintechs para realizar pagamentos e recebimentos em nome de terceiros, sem a devida identificação dos verdadeiros titulares. Na prática, funcionavam como bolsões de recursos ocultos, facilitando a circulação de dinheiro ilícito sem rastreamento direto uma brecha que vinha sendo explorada por grupos como o Primeiro Comando da Capital (PCC).
A nova regra, que entra em vigor em 1º de dezembro, obriga instituições financeiras e fintechs a encerrar imediatamente contas suspeitas de operar fora da lei. Segundo o BC, o objetivo é reforçar a transparência do sistema financeiro e impedir o uso de estruturas paralelas que alimentam a economia do crime.
A decisão foi tomada após a Operação Carbono Oculto, deflagrada pela Receita Federal em agosto, revelar um esquema bilionário de lavagem de dinheiro envolvendo postos de combustíveis, corretoras, fundos de investimento e bancos ligados ao PCC. As investigações mostraram como as contas-bolsão eram usadas para camuflar a origem de recursos ilícitos e movimentar valores sem controle regulatório.
Com a nova norma, o Banco Central determina que todas as instituições deverão identificar e encerrar contas usadas para serviços financeiros não autorizados, mantendo registro das operações por 10 anos para apoiar futuras investigações.
Especialistas avaliam que a medida pode dificultar significativamente o financiamento das facções, uma vez que atinge o fluxo financeiro que sustenta suas atividades criminosas, desde o tráfico de drogas até a corrupção.
“Ao cortar o acesso dessas organizações ao sistema bancário, o Banco Central ajuda a enfraquecer o braço econômico do crime organizado”, afirma um analista do setor financeiro.
A expectativa é que a nova regra reduza as brechas para lavagem de dinheiro, fortaleça o controle sobre fintechs e aumente a rastreabilidade das transações, transformando o sistema bancário em uma ferramenta mais eficaz no combate à criminalidade.