A expansão da soja no Brasil avança para áreas cada vez mais próximas da Amazônia, impulsionada por investimentos bilionários em infraestrutura e pela crescente demanda internacional, especialmente da China. Esse movimento expõe o dilema entre fortalecer o agronegócio responsável por mais de um quarto do PIB e cumprir compromissos ambientais diante do risco de aumento do desmatamento.
O pacto conhecido como Moratória da Soja, que impede a compra de grãos cultivados em áreas recentemente desmatadas, está sob pressão. A iniciativa, considerada referência global, enfrenta questionamentos de políticos e produtores que alegam restrições além da legislação nacional. O governo investiga até possível formação de cartel entre as grandes tradings que aderiram ao acordo.
Enquanto isso, estados amazônicos como Acre, Amazonas e Rondônia registram avanço acelerado do cultivo. Áreas antes intocadas agora abrigam plantações que se multiplicaram em poucos anos, elevando o valor da terra e estimulando práticas ilegais de grilagem e desmatamento.
Apesar da retomada de políticas ambientais e da queda recente nas taxas de devastação, o poder político do agronegócio pressiona para flexibilizar regras. A disputa coloca em risco a imagem internacional do Brasil, já que mercados como a União Europeia exigem soja livre de desmatamento.
Com novos portos, rodovias e hidrovias ampliando a logística de exportação, o risco é que a soja avance ainda mais sobre a floresta. O desafio é conciliar a força econômica do setor agrícola com a proteção de um dos ecossistemas mais vitais do planeta.