A ação, protocolada na última sexta-feira (18), pede medida cautelar para impedir a implementação da nova tarifa, argumentando que a decisão viola tanto a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA) quanto a Constituição dos EUA.
Segundo o documento judicial, a imposição do tarifaço “causará danos financeiros significativos e diretos” ao negócio da empresa e aos consumidores norte-americanos, que devem arcar com preços até 25% mais altos no produto final.
Brasil é essencial para o abastecimento do suco de laranja dos EUA
A Johanna Foods destaca na ação que mais da metade do suco de laranja consumido nos EUA é importado do Brasil, o que torna o país sul-americano um parceiro estratégico e praticamente insubstituível no fornecimento do produto.
“A produção de suco de laranja dos EUA, particularmente na Flórida, caiu mais de 95% nos últimos 25 anos, devido à disseminação do greening cítrico, furacões e o avanço urbano”, afirma a empresa no processo.
A dependência é tamanha que, segundo o documento, não há capacidade de produção interna suficiente para suprir a demanda nacional, o que torna a tarifa uma ameaça não apenas ao negócio da Johanna, mas ao mercado de sucos norte-americano como um todo.
Impactos econômicos e risco de demissões
Os impactos previstos são expressivos. A empresa estima que o aumento de 50% nas tarifas resulte em um custo adicional de pelo menos US$ 68 milhões ao ano, valor impossível de ser absorvido pelas atuais margens de lucro. Como consequência, a Johanna Foods poderá ser forçada a repassar os custos ao consumidor, com aumentos estimados de até 25% no preço do suco.
Além disso, o impacto interno na empresa também pode ser devastador. A Johanna alerta que, diante desse novo cenário, até 700 empregos estariam em risco, e a capacidade de produção poderá ser reduzida, afetando não só trabalhadores, mas toda a cadeia logística e de distribuição do produto.
A disputa legal e o cenário político
A empresa também critica a carta enviada por Donald Trump ao governo brasileiro em 9 de julho, que notificou a imposição da tarifa. De acordo com a ação, o ex-presidente excedeu seus poderes legais, reforçando a necessidade de intervenção do Judiciário para evitar que os efeitos da medida comprometam o setor alimentício e os direitos comerciais estabelecidos.
O caso reacende os debates sobre o uso de tarifas como ferramenta de pressão política e econômica, especialmente em um momento de tensão entre os dois países. Para o Brasil, a taxação afeta diretamente um dos principais produtos de exportação agrícola, em um setor já fragilizado por desafios climáticos e logísticos.